
No início deste ano, em viagem pela Serra Gaúcha, tive a oportunidade de conhecer a Luiz Argenta e nem pensei duas vezes para declará-la como a mais bela vinícola do Brasil. Com uma arquitetura arrojada (assinada por Vanja Hertcert), requintes de bom gosto e um desenho cuidadoso nos menores detalhes, as instalações surpreendem e encantam os visitantes.
O projeto da vinícola nasceu em 1999, quando os empresários Deunir e Itacir Argenta compraram os vinhedos da histórica Vinícola Riograndense, proprietária da marca Granja União, localizados em Flores da Cunha. Depois de um meticuloso trabalho nas vinhas e da construção da moderna sede, em 2009 a Luiz Argenta elaborou a sua primeira safra na casa nova, sob o comando de Edegar Scortegagna, jovem enólogo com formação na Itália.
Atualmente, a carteira da empresa é composta por 5 vinhos na linha Jovem, 4 da linha Reserva, 4 da linha Gran Reserva e uma completa linha de 7 espumantes.
Enquanto seria de se esperar que os vinhos da linha superior fossem aqueles com as melhores embalagens, são exatamente os vinhos da linha de entrada, a linha Jovem, que utilizam as belas, sofisticadas e caras garrafas importadas da Itália. Se isso não configura um erro de posicionamento mercadológico, que um raio caia sobre mim.
O LA Jovem Rosé vem em uma bela garrafa de 500ml, que mais parece de perfume francês e rivaliza com aquela famosa embalagem do rosé da Villa Francioni.
No início do ano, foi lançado o LA Jovem Shiraz 2012, em uma garrafa italiana, estranhíssima, de dois fundos, que pode parar tanto em pé, quanto inclinada. Para que isso serve, não sei, mas é tão insólita e tão bonita que não há quem visite a vinícola sem comprar pelo menos um exemplar.
E, ainda na mesma linha, acabam de chegar ao mercado dois vinhos brancos com garrafas gêmeas: o LA Jovem Sauvignon Blanc 2012 e o LA Jovem Gewurztraminer 2012. Também importadas da Itália, trazem um desenho muito elegante que me faz lembrar a estrutura daquele famoso hotel 6 estrelas de Dubai, o Burj Al Arab. As duas garrafas foram projetadas com rotulagens espelhadas, de forma a que, quando colocadas lado-a-lado, se complementem em uma composição bastante atraente.
Outra das estranhas e herméticas características da embalagens da Luiz Argenta é que cada rótulo traz um símbolo gráfico associado: e dá-lhe reticências, asteriscos e ponto-e-vírgulas que só o Prince poderia entender. No caso dos dois novos lançamentos, o Gewurztraminer traz o sinal de menor (<) e o Sauvignon, o sinal de maior (>). Para os não-iniciados, as embalagens explicam o que isso quer dizer: para o Gewurz, é menor acidez; para o Sauvignon, maior acidez, muito embora isso não tenha muita relação com o que encontramos dentro das garrafas.
Boa pedida para o Natal e o verão |
Eu não resisti em conhecer, rapidamente, as duas novidades, muito embora - confesso - não estivesse levando muita fé no conteúdo. E foi para mim uma grata surpresa o que apareceu na taça.
Do LA Jovem Sauvignon Blanc 2012 eu estava esperando aqueles exageros herbáceos tão comuns no Novo Mundo, mas encontrei um vinho elegante e agradável. Com aromas basicamente frutados - bananas, nespera, cítricos - eu nunca diria, às cegas, tratar-se de um Sauvignon. Com ótima estrutura, cremoso e entregando boa acidez, é um vinho descontraído, ideal para aperitivar e ver o sol se pôr. Eu o acompanhei com um Carpaccio de Haddock e fiquei dando "gracias a la vida".
O LA Jovem Gewurztraminer 2012, por sua vez, vem embalado com aromas florais, de rosas brancas, acompanhadas de lichia. Na boca, apesar de ostentar o sinal gráfico <, indicando menor acidez, tem agradável frescor que se prolonga em uma permanência maior do que se poderia esperar. Novamente um vinho fácil, delicioso e que pode fazer o papel de escorte para uma comida tailandesa.
Não é necessário, é claro, que os dois vinhos sejam comprados em dupla, muito embora o conjunto cause uma excelente impressão em qualquer degustação.
Na loja virtual da vinícola (clique aqui), os vinhos podem ser comprados por 53 reais cada (mais o frete). Há também uma embalagem para presente, com os dois vinhos, cujo preço é de 114 reais.
Considerando-se que são vinhos jovens, o preço está acima do que se poderia esperar pelo conteúdo. Não podemos esquecer, no entanto, que as garrafas são italianas, muito bonitas, e que isso representa um custo adicional para o produtor. Não é barato, mas é, digamos, compreensível...
E para quem mora no Rio de Janeiro, os vinhos podem ser comprados diretamente na loja Serrado Vinhos (serradovinhos.com.br), na Tijuca, ao preço de 55 reais, sem ter de pagar o frete.
Oscar Daudt
21/11/2012 |