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Castas e mais castas
Até ontem, meu livro de referência para consultar as variedades de uvas era o Grapes & Wines, de Oz Clarke e Margaret Rand, que compila mais de 300 castas em um livro bem ilustrado, colorido e fácil de ler.

Mas a partir de agora, tudo mudou: chegou o meu mais novo livro sobre o assunto! Trata-se de Wine Grapes, assinado por Jancis Robinson, Julia Harding e José Vouillamoz. É obra massiva, com 1.242 páginas, de capa dura, encadernada em tecido, pesando quase 3kg. Não é um livro para a cabeceira da cama, constituindo-se muito mais como obra de referência, para ser consultada quando se necessita informações sobre uma determinada casta.

A diagramação do livro é organizada, eficiente, mas bastante franciscana. É quase um dicionário! Não há fotos ou desenhos e contam-se nos dedos os poucos gráficos que apresentam a árvore genealógica de diversas famílias de uvas. No mais, é texto e texto e texto... No entanto, para compensar tamanha rigidez editorial, existem encartados no livro 5 conjuntos de 16 ilustrações cada, reproduzindo belos desenhos coloridos de variedades de uvas, originalmente editadas no livro Ampélographie, de 1901.

Mas o que interessa mesmo, é o conteúdo, e nisso o livro é completíssimo e imbatível. Casta é o que não falta em suas páginas, onde são listadas nada menos do que 1.368 diferentes variedades, sem contar os muitos sinônimos que elevam a quantidade de entradas para estonteantes 7.500 nomes de uvas.

As uvas menos conhecidas são descritas, normalmente, de 1/2 a 1 página. Mas à medida em que a fama das castas vai aumentando, aumentam também as páginas a elas dedicadas. A Cabernet Sauvignon, por exemplo, é contemplada com 9 páginas que esgotam todas as suas características.

Cada uma das entradas, no entanto, sejam elas de celebridades mundiais ou de obscuras castas em extinção no Azerbaijão, é contemplada com as seguintes informações principais:

  • Descrição resumida, de 1 ou 2 linhas; por exemplo, a rara Romorantin é assim descrita: "Minor and difficult to ripen Burgundian variety now exclusive to Cour-Cheverny in the Loire";
  • Cor, apresentada em um tosco esquema de bolinhas mal coloridas;
  • Origem e parentesco;
  • Características da planta e do cultivo;
  • Regiões de cultivo e o que esperar de seu vinho.

    Campeonato das uvas autóctones
    Na introdução, os autores apresentam uma interessantíssima relação das 1.368 castas divididas por país de origem, o que serve para desmontar a crença generalizada da liderança portuguesa nesse quesito. Confiram só quantas castas existem para cada um dos países:

    O Brasil, é claro, não aparece nessa classificação, mas a Argentina consta como origem de 7 variedades e até o Peru é incluído como origem de uma casta. A surpresa, neste caso, foi a ausência do Chile.

    Onde comprar?
    O livro está a venda, aqui no Brasil, na Livraria Saraiva, ao estratosférico preço de R$462,30. Não vale a pena comprar!

    É muito mais negócio recorrer às livrarias americanas. O preço de lista do livro, na amazon.com é de US$175 dólares. Mas eu comprei na pré-venda ao preço promocional de US$110,25 (mais US$9,98 de frete). No entanto, não é preciso se desesperar, pois o mesmo desconto da pré-venda continua vigente e o livro pode ser comprado, pelo mesmo preço que eu paguei, clicando aqui.

    É interessante fazer a comparação direta: na Amazon, o livro custa o equivalente a R$247,70 com o frete incluído. Na Saraiva, custa, sem o frete, 87% a mais. E isso que livro, aqui no Brasil, não paga imposto de importação!

  • Exemplos de páginas
    Comentários
    Roberto Rodrigues
    ABS-Rio
    Rio de Janeiro
    RJ
    15/11/2012 Oscar,

    Sempre consultei o Guia de Castas da Jancis Robinson como meu livro de cabeceira (edição de Portugal). Vou comprar esta nova versão ampliada.

    Obrigado pela dica, mas para quem não le inglês a edição anterior em português (de Portugal!!) ainda vale.

    Abs, RR
    Rafael Mauaccad
    Enófilo
    São Paulo
    SP
    15/11/2012 Bom dia Oscar,

    Tornou-se um hábito para mim ser a primeira leitura das 5as-feiras a coluna do Luiz Horta publicada no Caderno Paladar do Estadão.

    Hoje está imperdível a entrevista com Jancis Robinson, sobre seu livro, objeto de desejo para qualquer enófilo.

    Compartilho com você esta saborosa entrevista: clique aqui.

    Bom feriado.
    Rodrigo Castello Branco
    Enófilo
    Rio de Janeiro
    RJ
    16/11/2012 Oscar,

    Muito obrigado por mais está grande dica.

    Tão importante quanto o livro, é o seu comparativo de preços desmascarando os absurdos praticados aqui no Brasil. Como você mesmo diz, e nós sabemos, livro não paga imposto. Depois saem com a velha e esfarrapada desculpa de que brasileiro não lê.

    Continue firme denunciando as mazelas, não esquecendo, é claro, de continuar nos dando suas preciosas informações.

    Um grande abraço.
    Romeu Valadares
    Jornal Ofluminense
    Rio de Janeiro
    RJ
    17/11/2012 Valeu Oscar, já encomendei o meu. A Amazon te deve uma comissão.
    Paul Medder
    Sommelier Aprazível
    Rio de Janeiro
    RJ
    17/11/2012 Caro Oscar,

    Meu livro chegou via Amazon hoje! Só li um pouquíssímo, mas o valor é obvio. A qualidade de informação e apresentação supera o preço.

    Já aprendi uma novidade que eu posso usar no Aprazível: Peverella = Verdicchio = Trebbiano di Soave!

    Muito vale a pena.

    Um abraço
    Paul Medder
    Rogério Goulart
    Empresário
    Rio de Janeiro
    RJ
    18/11/2012 Duas hipóteses levantadas na matéria sobre a Vinum Brasilis 2012, aqui no EnoEventos, diziam que a Peverella era a mesma uva Malvasia de Vicenza e outra que afirmava ser a Peverella do Tirol. Cairam por terra diante do WG?

    Rogério, é bem interessante consultar o livro e acabar com essa confusão em que cada um dizia uma coisa. Segundo o livro, com confirmação de exames de DNA, a Peverella é a mesma Verdicchio Bianco, Trebbiano di Lugano e Trebbiano di Soave. Há muitos outros sinônimos, mas ainda não confirmados por DNA.

    Curioso também ver que o livro cita a produção desta casta no Rio Grande do Sul, pela Salvati & Sirena.

    Ainda segundo o livro, a alta acidez da casta faz com que ela seja apropriada para a elaboração de espumantes, o que ainda não vimos lá no Sul. Aí está uma boa sugestão para os produtores.
    Luiz Marcio Malzone
    Enófilo
    Rio de Janeiro
    RJ
    21/11/2012 Caro Oscar,

    Acabo de encomendar na Amazon.com por US$ 110 mais frete (o mais barato) de US$ 19.

    Abraços
    Eugênio Oliveira
    Enófilo
    Brasília
    DF
    06/12/2012 Oscar,

    Lendo sua resposta ao Rogério Goulart, você sugere a produção de espumante com a Peverella lá no sul. Esse espumante já vem sendo feito mesmo antes do lançamento do livro da Jancis. Os responsáveis por essa nova versão da Peverella são novamente Álvaro Escher, Luís Zanini e Pedro Hermeto, da Era dos Ventos. O vinho encontra-se em processo de amadurecimento, ainda sem previsão de lançamento.

    Boa notícia! Abraços, Oscar
    Flávio Messias de Oliveira Júnior
    Enófilo
    Cornélio Procópio
    PR
    17/02/2013 O livro é um bom começo, só que ainda falta uma boa caminhada, porque só na Grécia são aproximadamente 300 castas, e no livro consta apenas 77.

    Na minha opinião cada casta tem o seu valor, só tem que estar nas mãos certas.
    EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]