
Deve-se tirar o chapéu para a Nespresso, pela incessante busca de novidades para seus consumidores. Não se passam dois meses sem que tenhamos o lançamento de uma "edição especial", uma "edição limitada" ou novas xícaras colecionáveis, que despertam a cobiça de seus associados. Eu incluído...
Desta vez, a gigante suíça foi buscar nas ilhas havaianas um café bastante exclusivo e de origem controlada, o Hawaii Kona Reserva Especial 2012, cultivado no chamado Kona Coffee Belt, localizado na margem ocidental na Big Island nas encostas de vulcões que atingem até 4.000 metros de altitude.
É um café de baixíssima produção - apenas 40.000 sacas - e a quantidade obtida pela Nespresso foi, consequentemente, também pequena. Christiane Nunes, gerente de relações públicas, explica: "Um lançamento assim, com números tão baixos, não nos traz lucro direto, mas serve para conquistar e fidelizar nossa clientela." Tanto que cada associado poderá comprar apenas 2 caixinhas de 10 cápsulas do exclusivo café. Mas preparem o bolso: enquanto os cafés usuais da empresa custam R$1,90, o Hawaii Kona impressiona com seus R$5,00 por cápsula!
Apuro no gosto e na apresentação |
Conforme apresentado pelo coffee sommelier Vitor Gabira, o raro café apresenta "aromas complexos, textura aveludada, sabores duradouros de frutas suaves, mineralidade e leve acidez". Aos que estão chegando agora, aviso que não estou falando de um vinho... Para quem está acostumado com a tabela da Nespresso, de 2 a 10, este é um café de intensidade 5.
A apresentação produto é esmerada. Tanto as caixinhas quanto as cápsulas são inteiramente prateadas, transmitindo uma imagem de luxo e sofisticação. E para os mais entusiasmados, a Nespresso oferece a opção de comprar esse café em uma caprichada caixa de madeira - também prateada - que além das 20 doses, oferece ainda duas belas xícaras (em forma de cápsulas) e dois mexedores de metal. Infelizmente, não sei informar o preço.
Para combinar com tanto luxo, a Nespresso não deixou barato e reuniu restaurantes, imprensa e figuras de destaque em um dos melhores restaurantes do mundo: o D.O.M., de Alex Atala. Para mim, que ainda não conhecia a casa, foi uma festa! E pude conhecer a aclamada e surpreendente cozinha do chef.
A Ostra empanada, acompanhada de ovas de salmão e "ovas" de tapioca, era delicadamente condimentada e foi um dos momentos altos do jantar e permitiu à sommelière da casa, Gabriela Monteleone dar seu show particular ao harmonizá-la com um Domaine Tissot Arbois Savagnin Jura 2007, sequíssimo, com toques oxidados e de grande estrutura. Para ficar na memória.
Alex Atala quase se derreteu em elogios à baunilha do Cerrado ao apresentar aquele que foi, para mim, o melhor prato da noite: Arroz com garoupa, escamas fritas e azeite de baunilha do Cerrado. Com aromas sedutores, inesperados e uma deliciosa combinação de texturas, chegou acompanhado de um Viña Aquitania Sol de Sol Chardonnay 2008, excedendo em pronunciada acidez.
A hora da sobremesa era o grande momento da noite, com a delicada criação de Atala harmonizada exatamente com o novo café. Eu, que tenho como cláusula pétrea não comer sobremesas, não poderia deixar passar em branco esse momento - afinal, era para isso que eu estava por lá. E não me arrependi, pois o Doce de abóbora com pó de café e sorvete de tapioca tinha apenas uma açúcar natural que casou perfeitamente com a suavidade e a doçura - também natural - do Hawaii Kona.
Oscar Daudt
13/11/2012 |