
Todos sabem que os vinhos, classificados por cores, podem ser tintos, brancos ou rosés. Mas eu acho que deveria ser criada uma nova categoria: os rosés de Provence, que nada têm a ver com aquela tonalidade meio Xuxa ou com aquele vermelho acerejado dos vinhos rosados das outras regiões. Os belos vinhos do sul da França têm uma cor um pouco alaranjada, lembrando salmão, chá ou casca de cebola. São muito bonitos e bem que mereceriam ganhar uma categoria só para eles!
No almoço oferecido pela importadora Premium Drinks (não confundir com a Premium Wines, de Belo Horizonte), no restaurante Vieira Souto, fomos brindados com nada menos do que 8 rosés provençais - e um branco, para quebrar a sequência. De frente para o mar de Ipanema, na varanda do segundo andar do restaurante, não existe lugar mais apropriado para se deliciar com esses vinhos. A não ser, é claro, na própria Côte d'Azur.
O jornalista Bruno Agostini bem lembrou que, a cada véspera de verão, aparecem aquelas matérias que profetizam o sucesso desses vinhos na próxima estação. Foi o suficiente para se instalar uma acalorada discussão: os rosés são vinhos para se beber na beira da praia ou da piscina, ou são vinhos mais sérios, que merecem acompanhar uma refeição? E eu, para marcar território, decidi fotografar as garrafas, tendo o mar de Ipanema como fundo, para que todos possam ver como elas combinam com as areias cariocas.
Mas a ideia dos importadores é mostrar que, além de serem bebidas agradáveis para um dia de calor, os novos rosés são vinhos de qualidade que podem ser bebidos o ano inteiro, escortando refeições do início ao fim, como coringas de harmonização. Tanto que solicitou a consultoria de Paulo Nicolay e Alexandre Lalas para definir os melhores acompanhamentos. E foi muito interessante, pois as etapas do almoço eram acompanhadas de 2 ou 3 vinhos para que os convidados pudessem experimentar a melhor combinação.
7 dos rosés - à exceção de um, apenas - tinham um estilo semelhante, com cortes balanceados das castas usuais (Cinsault, Grenache, Mourvèdre...) e cor clarinha que lembrava mais a casca de cebola. Uns com mais açúcar, outros com mais corpo, mas todos refrescantes, perfumados e elegantes, enfeitando a mesa. Eu, como um acidófilo, me encantei mais com o Domaine Tropez White Rosé 2011, com saborosa acidez que equilibrava a estrutura do vinho. Embalado em uma belíssima garrafa branca opaca, pode-se estranhar, no entanto, que a cor do vinho fique escondida dos olhos do consumidor na prateleira das lojas. É um lance ousado...
Outro exemplar que me agradou muito foi o M de Minuty Rosé 2011 que, para minha alegria, era o mais barato de todos os vinhos apresentados (60 reais). A linda cor de sempre embalada em uma elegante garrafa em formato de pino de boliche. Aroma intenso, onde se destacam os pêssegos, boa acidez e excelente corpo.
O vinho que fugia ao estilo dos demais era o Château Barbeyrolles Rosé Cuvée Edition Limitée 2011, elaborado com 94% de Syrah, e com uma cor bem mais profunda, um laranja puxando para o morango, e com aromas de frutas vermelhas, como se quisesse ser um tinto. Aposto que, em um teste em taças negras, levaria muita gente a pensar que estava provando um tinto mesmo. Foi o preferido dos donos de restaurantes que, unanimemente, o elogiaram à exaustão. Mas isso antes de conhecerem os preços. Quando souberam quanto custava, alguns perderam o entusiasmo.
Oscar Daudt
05/10/2012 |