
Até o ano passado, eu corria frequentemente pelo calçadão da Urca e sempre me chamava a atenção a Julius Brasserie, não por sua fachada - muito discreta - mas pelo nome que, na minha fantasia, prometia deliciosas e honestas experiências gastronômicas. Mas o tempo passava e eu nunca encontrava a oportunidade de visitar a casa.
E a ocasião chegou esta semana e deixou aquela sensação de tempo perdido. O restaurante é mais uma das pérolas que o Rio de Janeiro nos brinda e é - praticamente - desconhecido dos cariocas. A localização é invejável, situando-se justo em frente à Praia da Urca e oferece, de dia, uma vista privilegiada da Enseada de Botafogo e, de noite, a magnífica iluminação do recém-reformado Cassino. Como o restaurante funciona para almoço e jantar, você pode escolher a paisagem de sua preferência. E o janelão e a porta de vidro não fazem obstáculo ao visual.
A casa é comandada pelo holandês Julius Bijlsma e sua mulher, a brasileira Márcia Helena, que lá se instalaram há cerca de 2 anos. O local é pequeno, com poucas mesas, sem luxo, mas charmoso e aconchegante. O serviço é simpático e eficiente. O cardápio reflete o cosmopolitismo holandês, com influências de todos os cantos do mundo. Você pode encontrar rolinhos chineses, bruschettas italianas, magret francês, torta americana, bife de chorizo uruguaio, couscous marroquino, além de pratos de caça. Tudo isso em um cardápio que não é muito extenso.
Surpreendentemente, ao contrário do que se poderia esperar de um restaurante em frente ao mar, não há camarões, lulas, polvos e outros que-tais e o solitário representante marinho na carta é um prato de salmão chileno. Confesso que fiquei um pouco frustrado, mas a tristeza foi logo embora, tal a quantidade de delícias a escolher.
Pedimos e socializamos duas entradas: os Queijos empanados (R$26) (de cabra com lascas de jamón e de queijo de coalho), acompanhadas de um fantástico molho doce de pimenta; e um Mix de bruschettas (R$27), de tomates italianos e de cogumelos com gorgonzola. Ótimas, bem apresentadas e quase do tamanho de uma refeição completa!
Como prato principal, escolhi um Filé Mignon assado com manjericão (R$49), acompanhado de batatas gratinadas com shiitake e ratatouille de legumes. Maravilhoso e gigantesco. E provei também o Pato à Peking (R$55), um magret com molho de pimenta caramelizada acompanhado de massa bifum: o pato estava macio, a doçura da pimenta era discreta e a massa na textura correta, compondo um prato altamente recomendável.
Embora os preços não sejam exatamente baratos, os pratos são prá lá de bem servidos e nosso pedido terminou sendo um exagero. Para duas pessoas, uma entrada bem escolhida e um prato principal é mais do que suficiente! E para aqueles que gostam de sobremesas, as opções são de alto nível e de tamanho avantajado. Lá, nada é pequeno...
Foi uma noite espetacular, que deixou belas lembranças e a vontade de voltar o mais rápido possível para experimentar as outras opções. Mas um conselho: vá de taxi, de ônibus, de carona ou de bicicleta e não ouse nunca ir da carro, pois por ali não tem onde estacionar.
A taxa de rolha do restaurante não é de deixar ninguém feliz: 49 reais! Ainda assim, optamos por levar nosso próprio vinho, já que não sabíamos nada sobre os preços e as opções que encontraríamos por lá.
Mas há uma pequena carta de vinhos (3 espumantes, 7 brancos e 14 tintos) de 3 importadoras: Mistral, Casa Flora e Ana Import. De vinhos brasileiros, nem ao menos os espumantes! Apesar da importância dos fornecedores, os rótulos escolhidos são pouco criativos. Não é nada para se desesperar, mas que o restaurante poderia fazer melhores escolhas, ah! isso poderia. Cheguei à conclusão de que foi melhor mesmo ter levado a minha garrafa, apesar do preço da rolha.
Como uma boa brasserie, há vinhos em taça e a opção de branco era o Alamos Chardonnay, a 15 reais.
Oscar Daudt
28/03/2013
Serviço:
Julius Brasserie
Av. Portugal, 986 - Urca
Fone: (21)3518-7117 |