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Giuseppe Grill

A Baía das Ostras
Na Oceania, onde a vinicultura é dominada por grandes conglomerados multinacionais, a neo-zelandesa Oyster Bay é uma honrosa exceção, sendo uma vinícola estritamente familiar. Não que isso queira dizer que ela seja uma vinícola-boutique, de pequena produção. Nada disso! Impressiona saber que de suas caves saem 18 milhões de litros (como termo de comparação, a Miolo, nossa maior produtora de vinhos finos, elabora menos de 5 milhões de litros).

E mais surpreendente ainda é tomar conhecimento de que essa gigantesca produção está toda concentrada em uma só marca - Oyster Bay - que possui unicamente 6 rótulos: 2 espumantes e 4 vinhos tranquilos, todos eles elaborados com apenas 4 castas: Sauvignon Blanc, Chardonnay, Pinot Noir e Merlot. Isso sim é que é foco!

"Nossa estratégia é a de produzir grandes quantidades de vinhos de alta qualidade, ao invés de pequenos volumes que visam prêmios em feiras de vinhos."

Jim Delegat
Proprietário da Oyster Bay
Seus proprietários são dois irmãos, Jim e Rose Delegat, imigrantes croatas, humildes e trabalhadores, que começaram do nada para se tornar a segunda marca de vinhos daquele pequeno país insular.

Como era de se esperar de uma vinícola da Nova Zelândia - um país verdinho e cheio de ovelhas - a preocupação com o meio-ambiente reflete a cultura local, com o cuidado primordial pela sustentabilidade, que se traduz na conservação da água, da vida selvagem, de energia e a preservação do solo, com a utilização de métodos biológicos para o controle das pragas.

Nitroglicerina
A Importadora Vinci convidou sommeliers e proprietários de lojas e restaurantes para um ajantarado no Giuseppe Grill com direito à apresentação dos vinhos da Oyster Bay, comandada seu jovem gerente comercial, Jeff Cairney, que surpreendentemente fez a palestra em bom português. Foram servidos os 4 vinhos de mesa produzidos pela vinícola, todos eles utilizando tampas de rosca. Explicou Jeff: "Nossos vinhos são para serem consumidos jovens, enquanto oferecem a explosão de frutas que os caracteriza".

Iniciamos com um excepcional Oyster Bay Sauvignon Blanc 2011, o melhor vinho da prova. Essa variedade é o orgulho e o emblema da vinicultura daquele país, responsável por introduzir seus vinhos no mercado internacional. E este vinho é a quintessência da casta naquelas terras longínquas: vibrante, cristalino, com uma complexidade de aromas herbáceos, toques de frutas tropicais, intensidade e, sobretudo, deliciosos. É dinamite pura! Veio acompanhado com uma salada morna de frutos do mar, com a qual fez um par perfeito. Viver essa experiência é, com certeza, uma das 1.000 coisas a se fazer antes de morrer!

Acompanhando um salmão, veio o Oyster Bay Chardonnay 2010, vinho em que apenas 50% passa em madeira, enquanto a outra metade fica em tanques de aço preservando a fruta e o foco. Elegante e delicioso, ficou no entanto em segundo plano face à explosão do Sauvignon.

Voltando aos emblemas, a Pinot Noir é a outra grande marca registrada da Nova Zelândia e seu representante Oyster Bay Pinot Noir 2010 explica bem o porquê: um vinho sedutor, com delicada cor vermelha bem transparente (vide foto abaixo), aromas com o DNA da casta e uma elegância de deixar a Borgonha ruborizada por seus vinhos de preços similares. Outro grande momento do fim de tarde.

Para encerrar com chave de - digamos - bronze, ainda tivemos o Oyster Bay Merlot 2010, um vinho fácil, macio, frutado, mas que não passa disso...

Oscar Daudt
23/02/2013
Os vinhos
Oyster Bay Sauvignon Blanc 2011
Casta: 100% Sauvignon Blanc
Maturação: sem madeira
Álcool: 13%
Preço PF: 49,90 dólares
Oyster Bay Chardonnay 2010
Casta: 100% Chardonnay
Maturação: 50% do vinho por 6 meses em carvalho francês
Álcool: 13,5%
Preço PF: 49,90 dólares
Oyster Bay Pinot Noir 2010
Casta: 100% Pinot Noir
Maturação: 6 meses em carvalho francês (40% novos)
Álcool: 13,5%
Preço PF: 59,90 dólares
Oyster Bay Merlot 2010
Casta: 100% Merlot
Maturação: 6 meses em carvalho francês
Álcool: 13,5%
Preço PF: 49,90 dólares
As comidinhas
Salada morna de frutos do mar Salmão marinado
Costela de boi com batatas Sobremesa
Os participantes
Jeff Cairney, gerente comercial Lilian Seldin, representante da Vinci no Rio de Janeiro
José Carlos Ferreira e Marcelo Guimarães, da Dom de Vinho Roberto Rodrigues, da ABS-Rio
Anna Bosso César Chiappetta Lilian Boden
Comentários
Roberto Rodrigues
ABS-Rio
Rio de Janeiro
RJ
22/02/2013 Oscar,

Este Sauvignon Blanc é efetivamente um dos melhores vinhos desta casta produzidos no novo mundo. Equilíbrio e elegância, sem os exagerados toques de maracujá e vegetais a que estamos acostumados nos SB do novo mundo e que chegam a incomodar.

Surpreendente como uma produção em tal volume consegue chegar a tão bom resultado.

Abs,
RR
Abílio Cardoso
Dentista e Enófilo
Brasília
DF
22/02/2013 Concordo com o Roberto, a grande maioria dos SB da Nova Zelândia tem maracujá e ou aspargos em demasia mascarando os demais aromas , isto acaba tornando os vinhos enjoativos e repetitivos.

Agora os PN, principalmente de Central Otago, são especialíssimos!!!!!

Abs
Rafael Mauaccad
Enófilo
São Paulo
SP
23/02/2013 Oscar, É oportuno promover ao conhecimento dos leitores o comportamento desta casta, no exemplar território sustentavel da Nova Zelândia, hoje considerado onde ela melhor apresenta sua tipicidade. Nada mais convincente do que o relato de Rodrigo Assunção Fonseca, precursor da importação ao Brasil dos vinhos desse país. Abracos.

Sauvignon Blanc na Nova Zelândia
por Rodrigo Assuncao Fonseca

Na Nova Zelândia a Sauvignon Blanc encontrou hábitat especialmente propício e se adaptou excepcionalmente bem, sendo cultivada com sucesso em diversas regiões daquele país, principalmente em Marlborough, Martinborough, Nelson e Central Otago. Entre estas destaca-se Marlborough, onde os primeiros vinhedos foram plantados apenas em 1973, mas que já produz um dos grandes clássicos da vinicultura mundial. Clássico porque tem estilo inconfundível, com opulência de aromas, variedade de sabores, grande frescor e álcool relativamente elevado – um conjunto sedutor que serve hoje como parâmetro de comparação e inspiração para os produtores de outros países. Os produtores da Nova Zelândia perceberam, a partir de meados da década de 1980, que o vinho ali produzido tinha características únicas, o que dava a eles um diferencial superlativo em um mercado mundial bastante competitivo. Estas características se devem, basicamente, à conjugação de dois fatores.

O privilegiado terroir da Nova Zelândia

O primeiro, um terroir privilegiado para a variedade. As duas principais ilhas que formam a Nova Zelândia são pequenas, estando portanto as regiões produtoras sempre próximas ao mar, cuja massa de água regula a temperatura evitando extremos de calor e frio. A Sauvignon Blanc não suporta as altas temperaturas e as geadas. Além do clima ameno, as principais regiões mostram elevado número de horas de insolação e baixas precipitações – a irrigação é usada -, favorecendo uma maturação lenta da uva, que se adentra pelo outono, mantendo a acidez alta e favorecendo o bom nível natural de álcool. Finalmente, os solos pobres necessários para o controle do vigor vegetativo são também abundantes. Estes fatores propiciam um amadurecimento perfeito, que traz à tona aromas e sabores plenos de nuances, que não chegam a se desenvolver em regiões mais frias.

Os detalhes da viticultura e vinificação

O outro fator seria o domínio técnico das fases de cultivo e vinificação. Densidades de 2.500 a 3.300 plantas por hectare são amplamente utilizadas, com sistemas de condução Scott-Henry, em que cada planta dá origem a dois galhos de cada lado, um superior e outro inferior, dos quais brotam os ramos que são guiados para baixo e para cima. Esta técnica possibilita parreirais aerados, com boa exposição dos cachos e rendimentos econômicos. As operações de poda lateral, poda superior e colheita podem ser feitas mecanicamente. A boa exposição do fruto evita os sabores excessivamente verdes. As baixas precipitações evitam doenças. A produção pode ser colhida em várias fases de maturação, para se obter maior variedade de sabores. Uma vez na cantina, a fruta é prensada pneumaticamente, em alguns casos após ligeira maceração com as cascas apenas na prensa. O mosto é tratado para quase límpido e em seguida se dá a fermentação em tanques inertes a temperaturas entre 12 e 15ºC, que dura até 28 dias e preserva o frutado intenso dos vinhos. Alguns produtores usam sua criatividade e agregam alguma complexidade através da fermentação de parte do mosto, 5 a 10%, em barricas usadas, onde permanecem por cerca de três meses, sendo neste período realizada a bâtonnage. Nos tanques inertes também pode se promover o contato com as borras finas durante alguns meses. Outra possibilidade é acrescentar pequenas porcentagens (2 a 8%) de Sémillon. As vinícolas são bem modernas. As uvas são depositadas em receptores basculantes que não rompem os bagos. O mosto e o vinho são permanentemente protegidos por gases inertes, e movimentados por gravidade ou por bombas não agressivas de velocidade variável. É importante destacar que vinícolas modernas e equipadas são antes a regra que a exceção.

AS CARACTERÍSTICAS DO SAUVIGNON BLANC DA NOVA ZELÂNDIA

Os vinhos elaborados com Sauvignon Blanc podem apresentar boas características das regiões de origem. Os aromas são bastante intensos, lembrando frutas brancas (pêra, maçã), nectarina, maracujá, outras frutas tropicais, como manga e mamão, e apresentam uma típica nota de flores brancas (elderflower). Têm notas herbáceas (ervas secas aromáticas como tomilho, alecrim e outras), que não devem ser exageradas. No paladar mostram elegância, com um frutado amplo que vai de fruta branca pouco madura a uma mistura de frutas tropicais (manga, maracujá, mamão), passando por pêssegos e nectarinas, notas de ervas secas, ótima acidez e álcool médio a alto. Os vinhos são delicados e refrescantes, mas o álcool e a concentração de fruta dão corpo e contrabalançam a acidez. Quanto ao estilo, os vinhos são na maioria engarrafados rapidamente, com frutado e frescor intensos, para consumo ainda jovens. Geralmente o vinho não passa por fermentação malolática. A presença de carvalho é restrita a alguns vinhos com maior concentração, intensidade e algum potencial de guarda. Vinhos ligeiramente suaves e de sobremesa são também produzidos, e podem ser excelentes. As vedações com tampas metálicas de rosca são praticamente a regra, e possibilitam o armazenamento da garrafa em qualquer posição, além de estenderem em alguns anos o tempo de guarda sem perda do intenso frutado."
José Carlos Ferreira Loja
Dom de Vinho
Rio de Janeiro
RJ
25/02/2013 Nota 3x10 para a degustação da Vinci!

10 para Jeff Cairney. Uma apresentação interessante não só dos produtos da Oyster Bay como o que eles representam nas vendas em todo o mundo.

10 para a Vinci, que com a elegância de sempre recebeu a todos com alegria, delicadeza e ótimos vinhos e comida.

10 para o Giuseppe Grill pela pela área de degustação, copos, serviço perfeito e comidas deliciosas em perfeita combinação.

Oscar, assim 2013 promete ser excelente.
Mario Trano
Mondovinho
Rio de Janeiro
RJ
25/02/2013 Oscar, recentemente provei o SB e também fiquei impressionado.

Até escrevi uma matéria. Clique aqui para ler.

Grande abraço!

Que legal! Já li... O vinho é bom mesmo! Abraços, Oscar
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]