
Há cerca de 20 ou 30 anos, aqui no Brasil, espumante era uma bebida para ocasiões bem definidas: ou servia para comemorar, com estouros, a chegada do Ano Novo, ou era o momento mais especial de uma festa de casamento, para o brinde dos noivos. No resto dos dias, não passava pela cabeça de ninguém abrir essas borbulhantes garrafas.
Como mudaram os hábitos de lá prá cá! Atualmente não há uma festa, um jantar, uma comemoração qualquer em que não se abra, condignamente, um espumante. O consumo e a produção desses vinhos vem apresentando, nas últimas décadas, crescimento exponencial, tornando-o o vinho mais respeitado, conhecido e consumido no Brasil.
E grande parte desse sucesso pode ser creditada à Chandon, que chegou à Serra Gaúcha em 1973, provocando um salto da qualidade na modorrenta produção local daquela época. Hoje em dia - corrijam-me se eu estiver errado - essa empresa é o único investimento estrangeiro no setor vinícola nacional.
No rastro desse sucesso, as vinícolas brasileiras se apressaram a incluir os espumantes em sua carteira produtiva. Ninguém quer ficar de fora dessa onda e coloca o Brasil em uma situação peculiar em que todos os produtores querem jogar nas 11 posições. Isso contrasta com o que se verifica nos demais países do mundo, onde a regra é encontrar a especialização: ou as vinícolas produzem vinhos tranquilos apenas, ou se dedicam a produzir unicamente espumantes; produzir os dois é uma exceção.
E outra vez, a Chandon se destaca, junto com a Cave Geisse, como sendo uma das únicas duas vinícolas brasileiras que se dedicam exclusivamente às borbulhas - de novo, corrijam-me se eu estiver errado. Eu bem que pesquisei outras empresas que imaginava fossem também exclusivas - Adolfo Lona, Domno, Estrelas do Brasil, Peterlongo, Vinícola Garibaldi - mas que nada! Todas essas incluem vinhos tranquilos em sua linha comercial.
Sem surpresas, portanto, fica-se sabendo que a Chandon é a líder absoluta no mercado nacional deste segmento. Por outro lado, a surpresa para mim ficou por conta de saber que toda a produção da companhia é elaborada pelo método Charmat, enquanto eu poderia jurar que a exclusiva linha Excellence era feita pelo método tradicional. Explicou-me François Hautekeur, wine communicator da Chandon: "Não é necessário o método Champenoise para se elaborar um espumante de qualidade." Que a turma de Champagne não o ouça!
E mais uma vez disposta a aumentar o consumo de espumantes em nosso país, a Chandon iniciou um programa que tem como objetivo mostrar aos consumidores que essa bebida é mais versátil do que a maioria pensa e pode sim ser harmonizada com uma refeição, de cabo a rabo: é o Descubra Chandon.
Percorrendo o Brasil, com etapas em São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Belo Horizonte, Salvador e Recife, a caravana está organizando almoços, degustações e treinamentos para demonstrar, na prática, as diversas opções para o consumo dessa bebida. Confidenciou-me Karina Guarita, gerente de comunicação da empresa: "Estamos fazendo um trabalho de formiguinha que mais adiante resultará em maior conhecimento das possibilidades que os espumantes oferecem."
Aqui nas praias cariocas, o exemplo não poderia ter sido mais feliz, com o chef Roland Villard, do Pré Catelan, abrindo excepcionalmente sua casa para um almoço harmonizado - e como! - com os 6 espumantes que compõem a linha da Chandon: os 2 Brut, os 2 Excellence e os 2 Demi-sec - todos eles nas versões branco e rosé.
Embora eu seja um apreciador do Excellence Branco, nem sabia da existência do Excellence Rosé, o que não surpreendeu o "communicator", que explicou que essa linha (branco mais rosé) representa apenas 1% da produção total da vinícola. O Rosé é elaborado apenas com Pinot Noir e o chef Roland aproveitou seus aromas de frutas vermelhas e torrefação para harmonizar com um galinha-d'Angola acompanhada de molho de cogumelos morriles. Que belo momento!
Oscar Daudt
19/09/2013 |