
A maior festa da gastronomia carioca |
O Zahil Saber Viver, em sua terceira edição, já se firmou como o mais importante evento de gastronomia do Rio de Janeiro. É um acontecimento requintado, concorrido, criativo e sempre com uma constelação de cozinheiros.
Começou em 2011, quando contou com o estrelado chefe nova-iorquino Daniel Boulud no comando dos fogões, com o auxílio luxuoso de Roberta Sudbrack e Claude Troisgros, realizado no exclusivo Gávea Golf Club. Em 2012, foi a vez de uma reverência a Carlos Perico, o lendário dono do Antiquarius, quando jovens chefes cariocas fizeram releituras de seus mais conhecidos pratos, nos salões da Casa Cor.
Agora, em 2013, batizado de Encontro de Gerações, a homenagem foi dirigida ao "inventor" da alta gastronomia no Rio de Janeiro, José Hugo Celidônio, ambientado no mais imponente salão carioca: o Golden Room do Copacabana Palace. Desta feita, no entanto, o homenageado não se limitou a receber os salamaleques e foi, ele mesmo, para a boca do forno preparar uma das etapas do sofisticado jantar. Esbarrando com ele na cozinha, estavam alguns dos mais festejados chefes cariocas: Roberta Sudbrack, Claude Troisgros, seu filho Thomas Troisgros e Pedro de Artagão. O quinto auxiliar de feiticeiro era Francesco Carli que estava mais tranquilo, pois havia preparado os petisco do coquetel de abertura e podia relaxar enquanto os demais estavam em plena ralação.
Assim com tantos requintes, não se poderia esperar nenhuma barganha. Mas, apesar do preço de 380 reais por cabeça, os 250 convites esgotaram-se num vapt-vupt e uma fila de espera de desesperançados pretendentes logo se formou. Dá para ver que, quando a coisa é boa mesmo, o preço fica em segundo plano.
O esquema criado por Antonio Campos, o representante da Zahil no Rio de Janeiro e idealizador dessa grande festa, previa que cada etapa do jantar deveria harmonizar com dois vinhos bem diferentes entre si. A primeira entrada, uma trilogia assinada por Celidônio e que atendia pelo curioso nome de Salmão & Salmão & Salmão Jr tinha a difícil tarefa de escortar tanto um Champagne quanto um Jerez Fino. Vinhos mais díspares, impossível. E o Champagne deu de dez!
Tanto a segunda entrada quanto o primeiro prato tiveram a companhia de dois vinhos brancos: um Chardonnay sul-americano e um Riesling da Alsácia. A obra de Roberta - uma delicada e deliciosa salada de palmito, camarão e ovo caipira - preferiu ser bebida acompanhando o Riesling. Quanto ao primeiro prato, um Pirarucu acompanhado de doçuras, eu não me sinto em condições de julgar, vista a minha ojeriza a tudo o que é adocicado.
O especial Caneloni de cordeiro com consomé de trufas negras, assinado pelo Troisgros filho, veio com dois tintos na carona. O Brunello Altesino, no entanto, estava tantos furos acima de um "bordeaux" sul-africano que não dava nem para pensar em harmonizações. Só deu Altesino na cabeça!
Para mim, havia terminado. Para os demais convidados, Claude Troisgros assinou a sobremesa acompanhada por um Madeira. Nem sei como era...
Apesar dos 250 convidados, o serviço funcionou como um relógio digital. À chegada, cada convidado recebia um cartãozinho com seu número de mesa e uma gentil recepcionista indicava no mapa do salão onde era a localização exata. Ninguém perdeu tempo procurando onde sentar e, já à mesa, os lugares eram marcadinhos. Parecia que estávamos na Suiça.
Um salão como o Golden Room, de tão lindo, nem precisa de decoração. Mas as mesas estavam impecavelmente montadas, cada uma com um belo arranjo de flores. Perfilando-as, coqueiros tropicais davam um toque de brasilidade ao evento. Tudo muito bonito!
Os pratos chegavam praticamente ao mesmo tempo para todos e as taças eram servidas com insistência pelo batalhão de sommeliers que obedeciam ao comando da única mulher: a bela Elaine de Oliveira. Irrepreensível!
Foi uma noite para se guardar na memória.
Oscar Daudt
26/09/2013 |