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Hungria

Alquimia divina
A região de Tokaj, na Hungria, é sinônimo do grande vinho Aszú, que tem tradição secular e conquista a todos os amigos do bom vinho e é bastante apreciado em todo o mundo. Ultimamente, sua fama, que perdura por muitos séculos, está ganhando ainda maior força, voltando a receber vários reconhecimentos e prêmios internacionais por suas qualidades e características particulares.

Na famosa lista anual dos 100 Melhores Vinhos do Mundo, que foi publicada recentemente pela prestigiada revista Wine Spectator e que já tem uma tradição de 25 anos, o Chateau Dereszla Tokaji Aszú 5 Puttonyos 2007 figura em 20º lugar, com 95 pontos. A esse respeito, cabe destacar que dentre os primeiros 20 colocados, afora este, aparecem apenas outros dois vinhos brancos, um da Califórnia e outro da África do Sul.

Este ano, as bodegas Royal Tokaji e Szepsy foram as escolhidas pela Wine & Spirits, a outra revista internacional especializada de grande importância, para serem incluídas entre as melhores, quando da comemoração do 10º aniversáirio de sua lista dos 100 melhores vinhos, elaborada durante todo um ano de degustações das casas produtoras mais conhecidas do mundo (nesta edição, 37 vinícolas são norte-americanas e 63 do resto do mundo; no caso das bodegas de Tokaj, a Royal Tokaji obteve 95 pontos com o seu Essencia 2003, enquanto que o Furmint Szent Tamás 2008, da Szepsy, recebeu 96 pontos).

A essas conquistas, que servem de referência para os consumidores, soma-se o prêmio de grande prestígio profissional conferido a István Szepsy, proprietário da vinícola que tem o seu nome, pelo Simpósio Mundial do Vinho, que acontece anualmente no luxuoso Hotel Villa d'Este, situado às margens do Lago de Como, na Itália. Este evento, que foi realizado pela primeira vez em 2009, foi idealizado pelo presidente e fundador do Grande Juri Europeu do Vinho, com o intuiro de ser um foro global de referência para os principais agentes do setor, que tenham alcançado alto prestígio e renome internacionais.

A medalha Lalique-Villa d'Este, uma espécie de "Nobel do Vinho", é concedida anualmente a um profissional que seja reconhecido ao redor do mundo pela qualidade excepcional de seus vinhos e, sobretudo, que seja carismático e tenha dado uma contribuição relevante ao mundo do vinho.

O escolhido, um húngaro de 62 anos, é justamente aquele que tem essa estatura internacional e é conhecido como O rei do Aszú, por ter sido o pioneiro em sua emblemática região a renovar sua produção. Seus vinho secos e doces representam uma categoria particular devido principalmente ao fato de elaborá-los com o firme propósito de aproveitar ao máximo as particularidades das melhores parcelas de seus vinhedos, estando convencido de que elas são privilegiadas e proporcionam vinhos de grande caráter, que podem concorrer com qualquer outro da mais alta qualidade do mundo.

Em relação às notícias de Tokaj, o relatório preliminar do Conselho Regulador Regional sobre a safra deste ano destaca a excelente qualidade das uvas e, em particular, daquelas utilizadas para a elaboração do Aszú. As previsões indicam que a colheita de 2013 terá um total entre 30 e 33 mil toneladas e que 15% desse total é de uvas botrytizadas.

A outra notícia que despertou grandes expectativas foi publicada recentemente e trata da proposta da entidade oficial de Tokaj, dirigida ao fortalecimento do sistema que se utiliza para o reconhecimento da qualidade diferenciada do Aszú. Para alcançar esse fim específico, prevê-se uma reformulação substancial do regulamento que controla a elaboração desse singular vinho doce natural, como por exemplo elevar o conteúdo mínimo de açúcar de 60 para 120g/l.

József Kosárka é diplomata, gourmet e escritor húngaro; membro da Academia Húngara do Vinho, é colunista de publicações de enologia em seu país; foi embaixador da Hungria no Peru e no Chile; associado à FIJEV

Tradução: Oscar Daudt
Comentários
Rafael Mauaccad
Enófilo
São Paulo
SP
11/12/2013 Oscar,

A pesquisa do EnoEventos, encerrada em 17/11 último, revelou que 23,38% dos votos foram apontados para o Tokaji como melhor vinho de sobremesa do mundo, classificado em 3º lugar pelos leitores e somente suplantado pelos vinhos do Porto e Sauternes. Sob minha análise, considero empate técnico dentro das 3 preferências.

Excelente matéria elaborada pelo diplomata e escritor József Kosárka, que muito promove a divulgação e incentiva o conhecimento destes néctares, denominados por Luiz XIV como "vinhos dos reis e rei dos vinhos", e que foram os preferidos dos czares russos da dinastia Romanov e são honrosamente citados no hino nacional da Hungria.

Jamie Goode, editor do site Wineanorak, em sua recente visita a Tokaj, captou o vídeo "Visiting Tokaj, home of Tokaji, a great sweet wine", que posto para ilustração (acesse aqui).

EGÉSZSÉGEDRE!!
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]