
Em 2011, participei pela primeira vez do evento Wine Spectator's Wine Experience, realizado em Nova Iorque. Naquela ocasião escolhi participar apenas de uma das noites de degustação - 250 dólares por 2 horas e meia de evento. Embora os vinhos fossem excepcionais, achei que não valeu muito a pena pois o tempo era bastante exíguo.
Este ano, decidi abrir o bolso e adquirir o pacote integral - ao preço assustador de US$1.750, já com desconto por compra antecipada - e fiquei bastante satisfeito. O pacote completo dá direito a:
duas noites de degustação dos melhores vinhos do mundo, com 3 horas e meia de duração cada uma, e acompanhados de espetaculares buffets, fartos e variados;
15 degustações dirigidas, com a presença de ícones da vinicultura global;
uma harmonização de 4 pratos, elaborados por chefes estrelados, com 2 vinhos cada;
dois almoços com vinhos;
um coquetel com Champagnes safrados;
um jantar de gala, com espetáculo do cantor John Legend.
É caro, mas achei que valeu a pena! E se alguém quiser participar da festa no próximo ano, a revista anunciou que, diferente do que ocorria no passado, quando o evento acontecia um ano em Nova Iorque e outro ano em Los Angeles, agora serão 3 anos na "Big Apple" e apenas 1 ano na Califórnia. Portanto, em 2014, a festa terá lugar em Nova Iorque, outra vez, facilitando nosso acesso.
Os melhores vinhos do mundo |
Como falou o pachorrento editor-chefe da Wine Spectator, Marvin Schanken, durante 3 dias o mundo do vinho se reuniu em Nova Iorque, para a maior celebração de vinhos do planeta.
Um aspecto bastante positivo das grandes provas é que cada produtor exibia apenas um de seus rótulos - sempre o melhor avaliado - e não era necessário passar por aquela cansativa prova horizontal dos demais eventos do gênero. Partia-se direto para o que interessava mesmo.
Mas a festa não é para qualquer um e os pequenos produtores estão, definitivamente, de fora. Apenas as grandes empresas têm cacife para participar, visto que o investimento necessário é pesado, tanto financeiramente quanto em vinhos disponibilizados. Por exemplo, em uma degustação dirigida de produtores alemães, o mestre de cerimônias informou que estavam sendo servidos vinhos cujo valor de mercado totalizava US$175.000.
Eu não cheguei a provar, mas havia na degustação um Tokay de produção tão mínima que as provas eram servidas em colherinhas! Mas é claro que isso era uma exceção e os demais vinhos eram oferecidos em doses normais de degustação, independente da reputação dos vinhos.
E assim, podia-se provar livremente os franceses Mouton-Rothschild, Haut-Brion, Palmer e Cheval Blanc e os italianos Gaja e Pio Cesare, como se não houvesse amanhã. No total eram mais de 260 expositores, dos quais eu experimentei um pouco mais de 40 rótulos, nas duas noites de degustação.
Mas para mim, o melhor de todo o programa foram as grandes degustações dirigidas que aconteceram em 4 turnos, contando com convidados icônicos e estupendos vinhos. Todos os principais editores da revista estavam presentes, apresentadando os produtores e as sessões, realizadas para uma plateia de 1.000 pessoas sentadas, tiveram os seguintes destaques na programação:
Champagne Cristal: apresentada pelo presidente da Roederer, Frédéric Rouzaud, trouxe 3 safras da Brut - 1990, 1996 e 2002 - e a safra 2002 da Rosé;
Michel Chapoutier: o divertido produtor ofereceu a safra 2010 de seu branco M. Chapoutier Ermitage De L'Orée 2010, 100% Marsanne;
Château La Mission Haut-Brion: degustação da safra 2009, conduzida por seu presidente, o príncipe Robert de Luxemburgo;
Rieslings alemães: 4 produtores apresentaram suas versões dos raros - e caros - TBA (Trockenbeerenauslese);
Château de Beaucastel: o simpático Marc Perrin trouxe 4 vinhos, incluindo o fantástico Châteauneuf-du-Pape Hommage à Jacques Perrin Grande Cuvée 2001;
The Wines of Gaja: Angelo Gaja e sua bela filha Gaia apresentaram um painel com vinhos de Bolgheri, Montalcino e Piemonte, culminando com o espetacular Gaja Sperss 1998;
Maison Joseph Drouhin: o herdeiro Frédéric Drouhin trouxe o etéreo Joseph Drouhin Bonnes Mares 1990;
The World's Most Challenging Vineyards: com apresentação do idolatrado - e polêmico - editor Matt Kramer, duas pérolas desconhecidas de Ribera Sacra e um Douro elaborado pela Wine & Soul;
Top Ten 2012: os produtores dos vinhos escolhidos pela revista como os 10 melhores de 2012 apresentaram seus vinhos.
Harmonizações de grandes chefes |
Parecia impossível que 1.000 pessoas sentadas pudessem ser servidas de 4 pratos, cada um deles harmonizado com 2 vinhos. Mas a festa tinha uma organização perfeita e toda a plateia foi servida quase que simultaneamente. Um espetáculo!
Foi um dos momentos mais divertidos e deliciosos de toda a festa. Um dono de restaurante - Danny Meier, do Gramercy Tavern - e 3 grandes chefes - o espanhol José Andrés, o televisivo Emeril Lagasse e o tri-estrelado Jean-Georges Vongerichten - elaboraram quatro sofisticados pratos. Para cada um deles, propuseram um vinho, enquanto que o editor Thomas Matthews sugeriu vinhos alternativos. E após cada prova, a plateia votava na melhor escolha. Dinâmico e inesquecível!
Para finalizar um evento desse calibre, só mesmo uma festa de gala. Os homens de smoking e as mulheres de vestidos longos foram recepcionados em um coquetel cujas bebidas eram exclusivamente Champagnes, incluindo Cristal, Belle Epoque, Dom Pérignon servidos com largueza.
E após um requintado jantar, a festa acabou com um espetáculo do cantor John Legend.
Impecável! Se puder, ano que vem estarei novamente por lá!
Oscar Daudt
30/10/2013 |