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Crescimento vertiginoso
Em função de seu vulto, a Global Wines - entre nós, mais conhecida pelo seu nome original, Dão Sul - é relativamente nova, estabelecida no início da década de 1990, em Carregal do Sal. Começou como uma pequena produtora de vinhos e foi crescendo até se tornar a maior empresa do Dão. Na década de 2000, a empresa envolveu-se em um frenesi de investimentos, abrindo vinícolas na Bairrada, no Douro e no Alentejo, comprando vinhedos, adegas, até chegar ao plano internacional com a aventura da Vinibrasil, no Vale do São Francisco. Sua capacidade de obter fundos espantava o mercado e estima-se que, em 5 anos, foram investidos mais de 20 milhões de euros.

Os problemas financeiros afloraram em 2008 em um processo que culminou com a saída dos sócios Casimiro Gomes, administrador executivo, e do diretor técnico, Carlos Lucas, que levou junto boa parte da equipe de enologia. Foram tempos difíceis que o novo comandante da empresa, Jorge Pina, um administrador profissional, teve de resolver a curto prazo.

Após passar por profunda reestruturação, a Global Wines posiciona-se atualmente em bases mais sólidas e continua trazendo ao mercado uma grande variedade de rótulos de excelente qualidade, a maior parte das vezes com preços tentadores.

Quem são os "Quatro C"?
À época em que foram idealizados os vinhos (branco e tinto) que ocupariam o topo da gama da Quinta de Cabriz, além dos dois sócios acima citados - Casimiro e Carlos Lucas - comandavam a empresa mais dois Carlos - o Moura e o Rodrigues - e essa coincidência de iniciais inspirou o nome de batismo da linha: Four C.

Os vinhos obtiveram um sucesso retumbante e, quando a sociedade foi desfeita, o nome já estava bem posicionado no mercado e não era mais possível modificá-lo. E por meio de não sei qual ginástica mental, as quatro letras passaram a representar as quatro mulheres enólogas que agora trabalham na empresa - e que não têm os nomes iniciados pela letra C!

Branco suntuoso
Quando estive, recentemente, fazendo compras na loja Napoleão, na Baixa de Lisboa, este branco se destacava na prateleira por ter seu preço muito fora da curva, €44,95, enquanto o segundo branco mais caro custava cerca de €20. Eu, um voraz apreciador de vinhos brancos, não resisti e cometi o desatino de comprá-lo. Só posso dizer agora que eu espero continuar a ter desatinos assim, pois não pude me arrepender de ter conhecido um vinho assim tão especial.

A mineralidade da Encruzado, o perfume da Viosinho, a acidez da Bical e a estrutura da Antão Vaz juntam-se em uma invejável sinergia para fazer um vinho portentoso.

A cor é de um amarelo dourado profundo e luminoso. No nariz, é a quintessência da elegância, exibindo um invejável perfil mineral, que faz até pensar que o vinho foi extraído do pré-sal, com muita fruta, temperado com flores brancas e discretas notas de madeira. Na boca - preparem-se! - é um vinho raçudo, com ótima acidez, um corpão, trazendo à lembrança o caramelo e o chocolate branco. Daqueles que quanto mais se bebe, mais se quer. E eu só tinha essa garrafa...

No entanto, o que eu não consegui entender - e se alguém souber, por favor me explique - é que tanto a Antão Vaz, quanto a Viosinho, não são castas recomendadas e nem autorizadas para o Dão, de acordo com a página da Comissão Vitivinícola Regional. E, apesar disso, o vinho exibe a denominação DOC Dão, sei lá como...

Aqui no Brasil, quem importa os vinhos da Quinta de Cabriz é a Interfood. Infelizmente, os rótulos da linha Four C não estão em seu catálogo.

Em tempo
Entrei em contato com a CVR Dão, solicitanto um esclarecimento sobre a composição do vinho. A resposta que obtive é a de que a composição de castas que consta na página da Dão Sul (Encruzado, Viosinho, Bical e Antão Vaz) está incorreta e que o vinho seria, na verdade, um corte de Encruzado, Bical, Verdelho e Malvasia Fina, todas elas castas recomendadas pela Comissão. É estranho, no entanto, que a informação incorreta conste da página da Dão Sul desde a safra de 2008 e continue errada até hoje para a safra 2010.

Entrei em contato com a empresa, pedindo o mesmo esclarecimento, mas ainda não obtive resposta.

Oscar Daudt
06/01/2014

Comentários
Anselmo Carneiro
Gerente comercial
Rio de Janeiro
RJ
06/01/2014 Bom dia Oscar,

A Vila de Arouca importa alguns rótulos produzidos pela Dão Sul para o Rio de Janeiro e, entre os rótulos que importamos estão os vinhos Four C tinto e branco, que já são comercializados em alguns restaurantes e lojas no RJ.

1 abraço,
Anselmo Carneiro
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)99636-8643 - [email protected]