A vocação do EnoEventos
Os leitores mais antigos de nosso portal sabem que as matérias mais importantes de nossas páginas não são a divulgação de vinhos, nem a cobertura de eventos e muito menos as dicas de restaurantes: o que se constitui como nossa vocação primordial é a livre divulgação de informações que venham a trazer cada vez mais luz para o nosso insólito mercado de vinhos.

Essa vocação, como não poderia deixar de ser, o EnoEventos herdou de mim, seu redator, cuja experiência profissional sempre foi dirigida à construção de sistemas de informação e a extração do conhecimento que se esconde em bases de dados. E mais do que uma profissão, é um gosto, pois fico tomado por uma alegria infantil a cada vez que me deparo com dados que podem ser transformados em inteligência.

Fonte dos dados
Este foi o caso com os dados divulgados pelo MDIC - Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior, referentes às Guias de Importação e Exportação. É um inestimável acervo de dados que cobre, atualmente, um período de 25 anos, desde 1989 até 2013. Essa base de dados é atualizada mensalmente, disponibilizando com presteza os dados mais recentes.

O acervo está disponível a todos os interessados, bastando um cadastro prévio. No entanto, não são dados dirigidos ao público em geral e recuperá-los e bem interpretá-los exige o conhecimento de um profissional de informações. Com isso, o EnoEventos digeriu esses dados, transformando-os em tabelas e gráficos de fácil compreensão, que trazem revelações valiosas sobre nosso mercado de vinhos importados.

A correção dos preços (uma explicação técnica)
Como essa é uma árida explicação técnica, a maioria dos leitores se sentirá mais à vontade se simplesmente descartá-la, bastando acreditar que os números apresentados refletem a melhor análise da realidade do mercado.

Os dados monetários da base estão expressos em dólares, com o valor histórico da data em que ocorreram as transações. Como eles cobrem um período de 25 anos, a inflação americana (que chegou a 88% no período) deve ser considerada, para que os valores sejam corretamente comparados. Por exemplo, uma importação ocorrida em 1989, por US$100.000, seria equivalente atualmente a US$188.000. Foi essa a correção que fizemos e que fica bem exemplificada na primeira tabela desta análise. Nela, apresentamos os valores históricos, as taxas anuais da inflação em dólar e o correspondente valor corrigido a preços atuais. Todos as demais tabelas refletem sempre o valor corrigido sem, no entanto, discriminar esse cálculo.

A inteligência dos dados
Para processar os dados recuperados do MDIC, utilizamos a ferramenta DardoWeb, um sistema de Inteligência de Negócios (Business Intelligence), desenvolvido pela empresa de que sou sócio, a Inforum Sistemas de Informação. Maiores detalhes podem ser obtidos através da página www.dardoweb.com.br.

Eu tenho um sonho
Meu sonho não é nada de extraordinário. Apenas desejo viver o dia em que tenhamos preços de vinho semelhantes aos demais países, que nossa bebida preferida seja tratada como um prazer corriqueiro, sem a aura de elitismo que nos manipula, que o Brasil valorize seus próprios vinhos, mas sempre mantendo a curiosidade pela produção dos demais países e pela diversidade. Só isso...

Para tanto - e os leitores são testemunhas - o EnoEventos sempre faz a sua parte. E esta análise é mais um capítulo dessa luta.

Oscar Daudt
21/01/2014
A evolução do mercado de 1989 a 2013
Tanto a tabela quanto o gráfico abaixo, mostram o extraordinário desenvolvimento do mercado de vinhos importados no Brasil.

A tendência é, claramente, de alta e o volume do mercado aumentou cerca de 10 vezes desde 1989 até 2013, passando de US$29 milhões para US$290 milhões, em valores corrigidos.

O gráfico aponta, em 2013, para uma pequena diminuição em relação ao ano anterior, mas os volumes são tão expressivos que não há por que os importadores reclamarem. Na verdade, eu fico curioso para saber se essa pequena queda foi apenas um soluço ou se os dados de 2014 irão revelar que se trata, realmente de uma tendência. Vamos aguardar o próximo ano!


Maiores exportadores para o Brasil de 1989 a 2013
Durante os 25 anos que esta análise abrange, quais foram os países que mais enviaram vinhos para o Brasil? A primeira tabela abaixo exibe os 20 maiores parceiros no total acumulado do período.

Não há grandes novidades e os principais classificados representam o senso comum. O que é interessante observar é que os 5 grandes - Chile, Argentina, França, Itália e Portugal - somam mais de 87% dos valores no período, deixando pouco espaço para os demais contendores.

Mais significativo ainda, é observar a segunda tabela, que analisa os maiores exportadores apenas para o ano de 2013. Os 5 grandes são os mesmos e sua participação aumentou para quase 90% do total. É como um adeus à diversidade...


A guerra dos mundos
Nesta guerra entre os dois mundos, saem todos ganhando.

Aqui no Brasil, devido à vizinhança e ao Mercosul, o mercado fez a opção pelos vinhos do Novo Mundo - leia-se Chile e Argentina, principalmente - que passaram a dominar as importações desde 2004 e não há sinais de que pretendem abrir mão dessa posição privilegiada.
O estranho caso da Alemanha
Todos os apreciadores - ou pelo menos aqueles de mais de 40 anos - conhecem a história dos vinhos alemães de garrafa azul, que inundaram nosso mercado há cerca de 20 anos. Eram vinhos docinhos, de baixo preço, de sofrível qualidade mas que fizeram um estrondoso sucesso em nosso mercado. Até então não havia o costume de se beber vinhos importados e o consumidor não conseguia nem ao menos avaliar a qualidade dos vinhos. Muitos conhecedores do hoje em dia começaram sua vida de enófilo bebendo os Liebfraumilch.

Conta-se que a garrafa azul foi uma ideia original de Otávio Piva, proprietário da Expand, que conseguiu convencer os produtores alemães a engarrafar com essa cor e assim destacar os vinhos nas prateleiras. O hoje em dia desprezado vinho teve o mérito de ser o estopim para o desenvolvimento do mercado de vinhos importados no Brasil. Por outro lado, emprestou uma fama generalizada de baixa qualidade aos vinhos alemães que até hoje não saiu da cabeça dos consumidores.

Bem, essa história quase todos conhecem. O que eu não sabia é do tamanho e da violência da queda, que pode ser conferida no gráfico abaixo, que bem mostra o apogeu das importações da Alemanha em 1995, com uma importação de mais de 30 milhões de dólares, para dois anos depois despencar para 7 milhões e atualmente estar patinando em valores abaixo de 1 milhão. Impressionante!
A alternância entre os maiores exportadores
A tabela abaixo apresenta a colocação anual dos principais países exportadores para nosso mercado de vinhos.

É interessante constatar que de 1989 até 1996, a então toda-poderosa Alemanha era nosso maior fornecedor de vinhos, quando foi substituída pela França, por 3 anos e em seguida pela Itália, por mais 3 anos. Em 2003, o Chile tomou conta do primeiro lugar, onde permanece absoluto por já 11 anos.

Em 2004 foi a vez de a Argentina ocupar a 2ª colocação nessa classificação, onde também permanece até os dias atuais.
O domínio da França nos espumantes
Muito embora no total das importações de vinhos a França ocupe a 3ª ou 4ª colocação, dependendo do ano, quando se examina apenas as importações de vinhos espumantes, a França é líder inconteste. Este é um mercado que, em 1989, movimentava pouco mais de 1 milhão de dólares e atualmente atinge cifras superiores a 34 milhões. E a França fica com a parte do leão. Em 2013, nada menos do que 2/3 dos dólares gastos para importar espumantes foram para os cofres franceses.
Espumantes x tranquilos
Enquanto o mercado de vinhos importados, como um todo, apresentou um crescimento de 10 vezes entre 1989 e 2013, o mercado de espumantes importados teve um crescimento espetacular de 30 vezes no mesmo período. Enquanto em 1989, os espumantes representavam cerca de 4% do mercado de importados, em 2013, sua fatia aumentou para 12% do total.

E é bom lembrar que durante esse mesmo tempo, houve o grande aumento de consumo de espumantes nacionais, que hoje representam cerca de 75% do mercado contra 25% dos espumantes estrangeiros. A continuar nesse ritmo, logo, logo, poderemos afirmar que o Brasil, além de ser o país do samba e do futebol, também será o país dos espumantes. Festa é conosco mesmo!
A evolução anual das importações brasileiras dos principais parceiros
África do Sul Argentina Austrália
Chile Espanha Estados Unidos
França Hungria Itália
Nova Zelândia Portugal Uruguai
As exportações brasileiras em 2013
As vinícolas gaúchas, com a renitente dificuldade de conquistar os consumidores brasileiros, têm feito grande esforço para conquistar os mercados externos. No entanto, os dados da tabela abaixo mostram como esse esforço resulta em números acanhados. A exportação brasileira de vinhos, com seus 13 milhões de dólares, em 2013, não representa nem 5% do valor gasto pelo país com as importações.

E ainda mais preocupante é constatar que quase a metade desse valor está concentrada em apenas um país: a Rússia. Temos ainda um longo caminho a percorrer.
Os estados importadores
Na tabela abaixo, listamos os principais estados importadores durante o ano de 2013. Essa informação é derivada da sede fiscal da empresa que importa.

Não há surpresa quanto à primeira colocação ser ocupada por São Paulo, mas alguns leitores podem estranhar o fato de o segundo colocado ser o pequeno estado de Santa Catarina. Mas para quem sabe que a sede da Importadora Decanter está lá localizada, a posição de destaque já era esperada.
Por onde entram os vinhos?
Por onde chegam os vinhos ao mercado brasileiro? A tabela abaixo mostra, para o ano de 2013, que as importações chegam por via marítima, principalmente, mas também por via aérea e por via terrestre. Neste caso, a maior porta de entrada é o Rio Grande do Sul, devido às fronteiras com o Uruguai e a Argentina e pela proximidade com nosso principal exportador, o Chile.

Comentários
José Paulo Schiffini
Consultor
Rio de Janeiro
RJ
21/01/2014 Prezado Oscar,

Muito boa sua análise retrospectiva. Os enófilos que conheciam um pouco de vinhos neste últimos 25 anos tiveram a oportunidade de sentir este movimento, agora descrito em números frios devidamente corrigidos.

Muitos proprietários de restaurantes puderam incrementar suas cartas de vinhos. Muitas confrarias se formaram. O Brasil definitivamente ainda consome pouco por pessoa, mas temos uma grande diversidade de ofertas de qualidade. Apenas os impostos estão aí para reduzir a demanda...

Os produtores nacionais puderam se espelhar no mercado e desenvolver suas estratégias em torno do bom vinho importado. Muitos souberam aproveitar e disputam aqui e alí com vinhos de qualidade internacional. O Chile nos anos 80 produzia Zurrapas e hoje merecidamente lidera o ranking no nosso mercado.

Parabéns novamente pela sua paixão dividindo amores entre dados e vinhos.
José Carlos Grando
Companhia do Vinho
Blumenau
SC
21/01/2014 Podemos observar nestes dados uma evolução das importações de vinhos estrangeiros nos últimos anos.

Entretanto, algumas ações de governos estaduais, principalmente do sul, implantando a Substituição Tributária (ST) e a alta do dólar no Brasil, fez com que as importações tivessem uma queda em 2013 em relação a 2012. Este fato pode ser observado em dois gráficos (Evolução e valores anuais das importações de vinhos).

Penso que a tendência em 2014 é ter mais queda nas importações devido à ST estadual (a qual nenhuma importadora se articulou para derrubar mais este imposto exagerado) e o alto índice de contrabando de vinhos na região sul vindos do Paraguai e Argentina serão fatores determinantes para 2014.
Bernardo Murgel
Sommelier e Sócio - Porto di Vino
Rio de Janeiro
RJ
21/01/2014 Grande Oscar!

Mais um trabalho de inestimável valor para os profissionais do vinho. Os dados serão levados em conta na hora de tomarmos nossas decisões.

Parabéns!!!
José Antonio Scaramucci
Campinas
SP
21/01/2014 Excelente análise, Oscar, parabéns pelo trabalho.

Fiquei curioso em saber como ficariam as importações da Itália sem o Lambrusco.

Seria interessante, mas os dados do MDIC não descem a esse nível de detalhe. Abraços, Oscar
Daniel Arraspide
Sommelier / Jornalista
Montevidéu
Uruguai
21/01/2014 Oscar, parabéns, o seu é um ótimo trabalho de pesquisa!....

Você sempre bem informado. Forte abraço!
Rogério Ruschel
Jornalista
Cotia
SP
21/01/2014 Excelente, Daudt.

Você faz jornalismo de verdade, com investimento em tempo e qualidade - o que, aliás, está cada vez mais dificil até mesmo nas redações dos jornalões...

Neste segmento de vinho, ocupado 90% por bloguinhos de cheiradores de vinho e leitores de rótulos, encontrar alguém que foca no conteúdo é alentador.

Abraços
Rogerio Ruschel
Editor do In Vino Viajas, blog sobre cultura do vinho e enoturismo com leitores de 68 países e que não lê rótulos nem elogia releases
Marcus Verol
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
21/01/2014 Oscar,

Ótima matéria e de valor fundamental para quem milita no setor e adora vinhos.

Um curiosidade: as estatísticas não trazem a quantidade importada, em caixas ou quilos? Como ficam os preços médios por país? Acho que isto pode complementar bem a matéria.

Abraços,
Marcus Verol

Marcus, a base traz um campo quantidade que permite calcular o preço médio da importação. Infelizmente, as consultas que eu realizei com o preço médio trouxeram resultados bastante díspares e achei melhor não publicá-los. Abraços, Oscar
Fernando Miranda
Professor ABS
Petrópolis
RJ
21/01/2014 Oscar

1- Em primeiro lugar meus parabéns pela brilhante e trabalhosa tarefa que você empreendeu.

2- Em seguida, não consegui ver em seus números a posição dos vinhos brasileiros em relação ao ranking dos importados.

No mais você presta um inestimável trabalho para os profissionais e para os amadores, todos enófilos.

Grande abraço
Fernando Werneck Miranda

Fernando, os dados do MDIC referem-se apenas a Importação e Exportação de vinhos, sem considerar a produção nacional. O máximo que consegui fazer foi comparar o total das importações com o total das exportações brasileiras. Neste caso, conforme discutido na seção As exportações brasileiras em 2013, nossas exportações equivalem a menos de 5% do valor das importações. Abraços, Oscar
Luiz Fernando Rocha Araujo
Proprietário da Santa Adega
Florianópolis
SC
21/01/2014 Arrisco dizer que a pequena queda é reflexo de duas situações:

a) Estoques preventivos das importadoras em 2012

b) Atuação desenfreada dos contrabandistas, sob os auspícios da Substituição Tributária. E isto vale para todos, desde o que é bandido, que traz cargas e mais cargas, até o que acha que não é bandido, mas traz acima das cotas ao retorno de cada viagem, sem pagar os impostos devidos.

No mais, outra bela matéria. Meus enoparabéns.
Cristina Neves
Diretora da Cristina Neves Comunicação e Eventos
São Paulo
SP
21/01/2014 Parabéns, Oscar, pelo magnífico trabalho. Realmente, não é fácil compilar e analisar tantos dados.

Permita-me fazer uma colocação: é, realmente, espantoso Santa Catarina estar com a segunda colocação, à frente do Rio de Janeiro e outros estados onde sabemos, o consumo é bem maior. Acredito, que isso deve-se, realmente,a chegada de muitos containers de vinho por Itajaí, o que empurra a estatística para esta sua conclusão. Com certeza, boa parte dos produtos que entram por este estado, assim como o que entra por Vitória, no Espírito Santo, são vendidos em São Paulo e Rio, principalmente.

De qualquer forma, é uma análise super importante a todos os interessados no mercado de vinhos.

Cris, em relação à tabela Importação de vinhos por porto de entrada em 2013, realmente a coisa se passa da forma com que você descreve.

No entanto, na tabela Distribuição das importações de vinhos por estado em 2013, a informação que é utilizada é o estado da sede fiscal da empresa importadora. Note que esses valores não indicam que os vinhos foram ou serão consumidos por lá, mas apenas que eles foram importados por uma empresa com sede naquele estado. Beijo, Oscar
Carlos Alberto Amorim Junior
ABS-Brasília
Brasília
DF
21/01/2014 Excelente trabalho. Parabéns.
Fátima Mendonça
Advogada
Fortaleza
CE
21/01/2014 Parabéns pela pesquisa e belo trabalho elucidador que os apaixonados por vinho sorvemos agradecidos!

E o mundo que nos aguarde com nossos espumantes de primeira!!! ;-)
Guilherme Tostes
Cepa Sagrada Importadora
Rio de Janeiro
RJ
21/01/2014 Oscar,

Parabéns pelo trabalho. Estes levantamentos são muito importantes para o mercado se posicionar e tomar decisões.

Grande abraço!
Cláudio Fusco
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
21/01/2014 Oscar

Maravilhoso o seu trabalho, valeu muito o resultado final da sua pesquisa.

Meses atrás busquei estas informações, mas desisti, achei uma perda de tempo tentar desvendar as informações que MDIC coloca a disposição.

Mais uma vez, PARABÉNS. Você alimentou todos os seguidores do EnoEventos e amigos.

Abraços, Cláudio Fusco
Hélio Rossi
Sommelier e chef de cozinha (consultor)
São José dos Pinhais
PR
21/01/2014 Belíssimo trabalho, parabéns. Certamente servirá como base para professores e consultores.

Abraços
Helio Rossi
Consultor, sommelier e chef de cozinha
Didu Russo
Colunista de Vinhos
São Paulo
SP
21/01/2014 PUTZ!!!!! Ducacete esse trabalho, Oscar. Super parabéns!!! Um grande presente.

Grazie e Bacio.
Marcelo Zanini
Enófilo
Jundiaí
SP
21/01/2014 Belo trabalho, meus parabéns...
Walter Schumacher
(via Facebook)
Porto Alegre
RS
21/01/2014 Parabéns pelo excelente trabalho, vou compartilhar.
Werner Schumacher
(via Facebook)
Bento Gonçalves
RS
21/01/2014 Muito bom
Rafael Mauaccad
Enófilo
São Paulo
SP
21/01/2014 Oscar, EXTRAORDINÁRIO!!!

No meu e-mail de 15/01 pedi uma dica sua: "Não estou tendo sucesso na busca de informações de 2013, você tem alguma indicação para confrontamento destes dados?", e você solta hoje esta matéria. Estou ainda embasbacado!!

Um fato que está me intrigando: porque a conta do consumo total no ano não fecha?

  • Considerando um preço médio de US$3,00 por garrafa importada, teríamos um volume importado de 100 milhões de garrafas, ou 75 milhões de litros.

  • A produção comercializada de vinhos finos brasileiros no Rio Grande do Sul, conforme o IBRAVIN, é de 27 milhões de litros. Estimo uma produção de mais 3 milhões de litros em outros estados.

  • Segundo ainda o IBRAVIN, o volume de vinhos comuns no RS é de 198 milhões de litros.

  • Podemos considerar ainda um consumo de 7 milhões de litros referentes a estoques antigos.

    Somando todas as parcelas, chega-se a um consumo total de 303 milhões de litros.

    O consumo brasileiro médio de vinhos é de 2 litros por habitante, o que corresponde a 400 milhões de litros. Portanto, a conta não fecha em quase 100 milhões de litros. Deixo aqui o que me intriga, e pergunto novamente: PORQUE?! Consumimos menos? Estocamos mais? Ou...?

    O setor econômico do vinho no Brasil perdeu o ano de 2012 em discussões e resoluções inócuas, e tudo continua igual, sem fiscalização, sem planejamento estratégico, sem divulgação, sem união. Tudo como dantes no quartel de Abrantes !!

    Parabéns, e forte abraço.

    Realmente, intrigante. Aparentemente, estamos consumindo vinhos que não entram na contabilidade oficial. Abraços, Oscar
  • Fernando Perazza
    Sommelier
    São Paulo
    SP
    21/01/2014 Parabéns Oscar!

    Acredito que 2013 foi um ano de muita insegurança, mas em 2014 vamos virar.

    Você acredita que podemos estar passando por um fenômeno que aconteceu na Franca e Italia, na qual houve queda no consumo, mas aumento do consumo dos vinhos de qualidade? Ou como temos um mercado muito grande a ser explorado e em crescimento, essa tese não tem sentido?

    Digo isso, por exemplo pelo aumento dos espumantes franceses. Abs!

    Não acredito que estejamos passando por esse fenômeno. Nosso mercado é muito recente e a tendência é a de aumento de consumo. Abraços, Oscar
    Valdiney Ferreira
    VINISA/FGV Wine Business
    Rio de Janeiro
    RJ
    22/01/2014 Caro Oscar

    Excelente esta contribuição do EnoEventos para entender o que se acontece com o mercado de importação de vinhos no Brasil.

    A recuperação dos dados com atualização monetária desde 1989 será uma fonte de consulta. Aproveito e pergunto se posso usar suas tabelas históricas nas aulas sobre mercado do curso da FGV? Obviamente citando fonte de dados (MDIC) e o EnoEventos como elaborador.

    Uma informação que vale a pena citar, embora no "frigir dos ovos" a valor (US$) talvez seja o mais importante. Quando olhamos esta mesma fonte (DECEX) em volume, a tabela classificatória dos exportadores mais importantes para o Brasil muda um pouco: Chile (37,5%), Argentina (16,5%), Portugal (12,1%), Itália (10,5%), França (4,2%), Espanha (3,6%). Ou seja, a França cede o 3o lugar para Portugal caindo para a 5a posição. Isto ocorre por conta do custo por litro de vinho tranquilo francês (espumante distorce mais ainda) que chega aqui a US$7.24 versus Italia US$3.70 e Portugal US$3.83. O preço por litro das importações melhora ainda mais a compreensão.

    Abs

    Claro que pode utilizar, Valdiney. A divulgação tem exatamente esse objetivo. Abraços, Oscar
    Luiz Carlos da Nóbrega
    Enófilo
    Rio de Janeiro
    RJ
    23/01/2014 Oi, Oscar

    Não preciso dizer que seu trabalho, tradicionalmente, está excelente, não?

    Gostaria de sugerir que, com todos os dados estatísticos e de mercado sobre o vinho no Brasil que o EnoEventos possui, você publique um livro, anualmente, sobre esse assunto.

    Sem desmerecer a Internet como meio de divulgação, o papel ainda é a melhor fonte de informação sobre qualquer assunto.

    E o vinho é sempre um assunto apaixonante!

    Fica a sugestão, mas não me peça que consiga um editor...

    Um abraço
    Nóbrega

    Está aí uma boa sugestão. Vou esperar que apareça um editor interessado. Abraços, Oscar
    Marcello Almeida
    Procurador da República
    Belém
    PA
    25/01/2014 A reportagem e excelente e os dados não mentem.

    A lei de mercado e implacável e o consumo de alto nível e refinado a regula.

    Pouco adianta a campanha brasileira em favor de seu vinho de péssima qualidade.

    Quem gosta e entende paga mais, mas não bebe caldos provenientes de terroir e climat impróprios.
    Pedro Tamagnini
    Produtor Quinta dos Avidagos - Douro
    Vila Real
    Portugal
    27/01/2014 Caro Oscar

    Tive o prazer de me mandarem esta sua análise do mercado brasileiro, a qual agradeço. Como produtor na Quinta dos Avidagos em Portugal, um grande objectivo nosso é entrar no exigente mercado brasileiro, sabendo de antemão que combatemos com armas desiguais nos dias que contam (câmbios, acordos bilaterais etc etc ).

    Estou certo no entanto que as raízes que ligam ainda muitos brasileiros a Portugal podem vir a ajudar. Passar de 4º maior produtor será um objectivo de todos os produtores portugueses. Achei também muito interessante saber que além do mercado nacional, a Rússia se afigura como numero 1 em exportação. Tem os valores por litro destas análises?

    Obrigado
    Pedro Tamagnini

    Pedro, é agora que os portugueses vão à loucura. Eu próprio me surpreendi com os resultados do valor médio. Portugal em último lugar! Confira só:

    Jack Barroso
    Representante Comercial Dúnamis e Magnum Importadora
    Rio de Janeiro
    RJ
    27/01/2014 Fantástico trabalho! Informações super valiosas as quais irei usar no meu dia a dia, servindo também para direcionar melhor as minhas vendas.

    Parabéns Daudt! Bjs Jack
    Juan Jose Verdesio
    ABS vice-presidente Brasilia
    Brasília
    DF
    27/01/2014 Coisas que me intrigam sobre as exportações de vinho do Brasil.

    Como não se discrimina se são finos ou de uvas não viniferas ou a granel ou em garrafa fica dificil saber o que se exporta. O preço do litro exportado para os EUA é de aproximadamente US$ 2 e para a Rússia de US$ 0,50.

    Foi porque, nos dois casos era vinho fino e foi a granel para a Rússia, como faz também Uruguay que exporta excedentes para Rússia a granel, ou porque foi vinho de não vinifera para a Rússia? Para o Paraguai toda a exportação é de vinho de não vinifera para abastecer a demanda dos brasiguaios. Os Paraguaios bebem importado bons sem imposto.

    Os dados da EMBRAPA CNPUV também não tem essa diferenciaçãoe ficamos a ver navios em materia de exportações brasileiras. AS importações não tem esse problema porque são todas de vinhos finos.

    Obrigado, Oscar, por todo essse esforço.
    Felippe Siqueira
    Sommelier
    Curitiba
    PR
    30/01/2014 Prezado Sr. Oscar,

    Parabéns pela ótima matéria onde a obtenção de informações e o tratamento de dados é sempre um grande desafio.

    Estou fazendo um curso de especialização na França focado em vinho e gestão do vinhos.

    Como parte do trabalho de graduação estou preparando um relatório sobre o potencial do mercado brasileiro para vinhos franceses, com volume de negócios, principais canais de distribuição, principais importadores, etc.

    Com base nos dados de sua reportagem é possível obter uma lista dos 50 maiores importadores de vinhos e espumantes do Brasil ?

    Desde já agradeço qualquer informação que possa me ajudar.

    Com meus melhores cumprimentos,
    Felippe Siqueira

    Felippe, esses dados não são divulgados. Abraços, Oscar
    Allan Robert de Jesus
    Representante
    Piacenza
    Itália
    09/03/2014 Excelente análise! Informações valiosas para profissionais e apreciadores.

    Por experiência, sei que muita mercadoria destinada a outros estados entra pelos portos do Espírito Santo e Santa Catarina.

    Parabéns e obrigado!
    Allan Robert de Jesus
    Representante
    Piacenza
    Itália
    03/04/2014 Prezado Oscar,

    Como a maioria dos brasileiros, aprendi a beber cerveja e nunca dei muita atenção ao vinho. Vivendo na Itália há 15 anos, aprendi - estou aprendendo - que o vinho é insuperável. Analisando a sua análise profissional, pude comparar como o Brasil ainda não adquiriu o hábito do vinho. Nas suas considerações, acho ter encontrado o motivo de ter regado a minha juventude com a cerveja: "desejo viver o dia em que tenhamos preços de vinho semelhantes aos demais países, que nossa bebida preferida seja tratada como um prazer corriqueiro, sem a aura de elitismo que nos manipula..."

    É isso, o vinho no Brasil ainda tem essa aura elitista. Um copo de Gutturnio ou de Malvasia (Malvasia Aromatica di Candia) tem substituído a cerveja no final do meu dia. Absorvendo o melhor da nova cultura. :)
    EnoEventos - Oscar Daudt - (21)99636-8643 - [email protected]