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Comentários |
Osvaldir Castro Professor Universitário e enófilo São José do Rio Preto SP |
26/02/2014 |
Oscar, mais uma vez você nos oferece um excelente material informativo. Obrigado. |
Luiz Marcio Malzone Aposentado Rio de Janeiro RJ |
26/02/2014 |
Caro Oscar
Pelo que entendi, no consumo per capita, estamos lá em baixo na tabela. Mas na quantidade total bebida, estamos num honroso 15º lugar. Isso significa que poucos bebem, não é? Mas os que bebem, bebem muito bem!!
Abraços |
Rafael Mauaccad Enófilo São Paulo SP |
27/02/2014 |
Em um país gigantesco como o nosso, com diversidades regionais, multicultural, com desníveis gritantes em educação e renda de sua população, a apuração de qualquer consumo deve ser considerada setorialmente, a fim de embasar as estratégias de mercado para cada segmento analisado.
A análise que faço baseia-se em informações coletadas em levantamentos dos censos do IBGE, como a tabela ao lado que, a princípio, representa a população em idade de trabalhar, e que para o consumo de vinho considerarei a coluna 20 a 64 anos. Com o surgimento da nova classe média, a classe social de renda C representa hoje 56% de nossa população, enquanto as classes de renda A e B representam 6%, e as classes de renda D e E representam 38%.
Para hipótese deste cálculo, considerarei que as classes A, B e C consumam vinhos finos, e as classes D e E consumam vinhos de mesa, e temos:
população em idade de trabalhar de 20 a 64 anos das classes A, B e C em 2013 = 62% x 119,2 milhões = 73,9 milhões
população em idade de trabalhar de 20 a 64 anos das classes D e E em 2013 = 38% x 119,2 milhões = 45,3 milhões
consumo total de vinhos de mesa em 2013 pelo Ibravin ~ 200 milhões de litros
consumo total de vinhos finos pelo Wine Institute em 2011 e Ibravin 2013-~ 370,3 milhões - 200 milhões ~ 170,3 milhões de litros
Portanto,
consumo de vinhos finos per capita ativa de 20 a 64 anos das classes A,B e C em 2013 ~ 170,3 milhões de litros / 73,9 milhões ~ 2,3 l/hab
consumo de vinhos de mesa per capita ativa de 20 a 64 anos das classes D e E em 2013 ~ 200 milhões de litros / 45,3 milhões ~ 4,4 l/hab
consumo total de vinhos per capita ativa de 20 a 64 anos das classes em geral em 2013 = 370,3 milhões de litros / 119,2 milhões = 3,1 l/hab
As projeções de crescimento, até o ano de 2050, da população brasileira em idade de trabalhar, não são nada animadoras para o desenvolvimento econômico e social que necessitamos; portanto, cada vez mais é urgente para o país investir em formação educacional e aculturamento , que por consequência esta população terá conhecimento e renda para consumir mais vinhos, e os finos.
Inchalah!!
Interessantíssima sua análise, Rafael.
Viajando sobre ela, eu achei bom fazer dois exercícios alternativos. Em ambos vou considerar o total da população, para que os resultados obtidos possam ser comparados com os dados dos outros países.
Levando em conta que a classe C é definida como tendo renda familiar de 4 a 10 salários mínimos, vou alterar o padrão de consumo em duas hipóteses.
Na primeira hipótese, eu consideraria a metade da classe C (C1) consumindo vinhos finos e a outra metade (C2), vinhos de mesa. Com isso, chegaria aos seguintes resultados:
consumo de vinhos finos per capita das classes A, B e C1 em 2013 ~ 170,3 milhões de litros / 69,9 milhões ~ 2,5 l/hab
consumo de vinhos de mesa per capita das classes C2, D e E em 2013 ~ 200 milhões de litros / 135,7 milhões ~ 1,5 l/hab
Na segunda hipótese, colocaria toda a classe C como consumidora de vinhos de mesa, o que - a meu ver - parece mais atrelado à realidade. Neste caso, os números de consumo seriam:
consumo de vinhos finos per capita ativa de 20 a 64 anos das classes A e B em 2013 ~ 170,3 milhões de litros / 12,3 milhões ~ 13,85 l/hab
consumo de vinhos de mesa per capita ativa de 20 a 64 anos das classes C, D e E em 2013 ~ 200 milhões de litros / 193,4 milhões ~ 1,0 l/hab
A segunda hipótese é a minha preferida e nos remete não à Belíndia, mas sim à Conganda: as classes A e B consumindo vinho a níveis similares aos da Irlanda e as classes C, D e E bebendo como se bebe no Congo.
Abraços, Oscar |
Aguinaldo Aldighieri Enófilo Rio de Janeiro RJ |
27/02/2014 |
Oscar
A colocação dos três primeiros em consumo per capita tem explicação:
em Luxemburgo, não há impostos sobre vinhos, o que motiva franceses, alemães, belgas e holandeses que residem não muito distante do Grão-Ducado a lá se abastecerem, principalmente nos finais de semana;
o Principado de Andorra, encravado nos Pirineus, é "porto livre", isto é, não tem impostos de consumo, o que atrai franceses e espanhóis, além dos turistas (cerca de 10 milhões por ano) que circulam entre a Espanha e a França para as compras alí;
quanto ao Vaticano não tenho informações concretas, mas parece-me que há alí um único mercado, com preços reduzidos, onde se abastecem apenas os cerca de 2 mil funcionários da Santa Sé; mas é lógico que eles compram também para outros romanos.
Abs e parabéns pela matéria. |
Osmir Ávila Abrantes Engenheiro e Enófilo Cascavel PR |
27/02/2014 |
Oscar
Pela minha análise, o grande responsável pelo consumo no Brasil acredito que sou eu!! hahahaha
Abraços
Osmir
E eu também faço a minha parte... Abraços, Oscar |
Valdiney C Ferreira VINISA/FGV Wine Business Rio de Janeiro RJ |
28/02/2014 |
Caro Oscar
Estou contente com a frequência que o EnoEventos vem ultimamemnte fazendo matérias sobre dados de mercado do vinho no Brasil e no mundo. E esta de consumo é vital para quem se interessa pelos negócios do vinho.
Sobre o assunto abordado uso os dados de 2012 do DECEX, IBRAVIN, IBGE para falar em consumo per capita da população geral ou qualquer corte que se queira fazer: população adulta, diferentes classes, etc. Aí trabalho com os dados abaixo em milhões de litros:

População Geral 2012 (IBGE): 193,946 milhões

Fiquei na dúvida com o dado utilizado por vocês, de consumo de 170 milhões de vinhos finos! Seriam apenas 140 milhões, se considerássemos que toda a produção + importação fossem consumidos. Sabemos que isto, infelizmente, não é verdade nem para os importados. Tem muito estoque de vinhos nas nossas vinícolas e importadoras.
A saída para este consumo mínimo continua passando por melhoria de renda, política fiscal e uma redução em margens de lucros de todos envolvidos na cadeia de negócios do vinho. O resto até que fazemos direitinho!
Bom carnaval |
José Paulo Schiffini Enófilo da velha guarda Rio de Janeiro RJ |
28/02/2014 |
Meus amigos, fiquei curioso com estas análises... Me pergunto: quanto eu bebi até agora que completo 70 anos? Oscar, você tem algum modelito para calcular?
Eu comecei em casa, aos 8 aninhos, misturando Brunellos com água, sob orientação e monitoramento direto dos pais... Digamos nesta fase: 1 x 3 partes de vinho com água e assim foi aumentando gradativamente, aos 14 era 1 x 1 x 7 , uma taça, por dia por semana. Aos 20 acho que extrapolava devia ser 1 x 1, uma garrafa por noite, segue assim até os 30.
Aí eu casei esbelto, atlético com 70 quilos e a Cecília, excelente cuoca que é me segurou no vinho; passei à normalidade 1 x 2, uma garrafa para dois, mas eu engordei...
O melhor vinho que bebi foi um Petrus 82; naquela ocasião acho que cometemos um homicídio, o vinho era jovem ainda, mas nós não entendíamos nada de vinho... Era ir ao Lidador da Assembléia e pedir ao vendedor Agostinho: qual o melhor hoje?
Depois conheci o Danio Braga, no velho Enotria da Constante Ramos (ele era um parigina, de terno pied de poule). Aí, me perdí na ABS, era muito vinho....
Agora o coração precisa ser melhor cuidado, bebo pouco, e aprecio garimpar vinhos bbb para comprar de caixa...
Tenho inveja de Luxemburgo e fico preocupado com a queda da Itália.... Os americanos prefiro não comentar: eles transformam tudo em Business, com contrato pré-marital e tudo... Eu bebo vinho por Prazer, não para cumprir metas.
Agora a minha tchurma do Osmar Buzin, desenvolveu uma Birra: Amara de ter 10,5*GL e amargor 100 unidades, que é um show, um quase vinho. Só não é vinho porque para desespero dos amantes das cervejas, o vinho tem prazo de validade indeterminado e as cervas, dificilmente aguentam 1 ano...
Mas adorei este estudo do Wine Institute, que você publicou. Parabéns... |
Elson Bernardes de Oliveira Enófilo Santo André SP |
05/03/2014 |
Como você mesmo disse, Oscar, a culpa é dos altos preços dos vinhos no Brasil. Recentemente eu tive uma grande surpresa encontrando, aqui em Santo André, vinhos da Gran Legado por preços espetaculares! Mas temos que ter sorte para encontrar vinho nacional com preço bom.
Abraços e parabéns. |
Juan Jose Verdesio ABS vicepres. Brasilia Brasília DF |
06/03/2014 |
Gostei da análise, Rafael Mauaccad. Eu já fiz cálculos semelhantes e cheguei a conclusões similares. Concordo também que o país, dada a desigualdade social, é uma Conganda em matéria de vinho e também em muitas outras coisas.
O que discordo é sobre as definições do que é classe média. Classe média na Europa não tem empregada doméstica (isso está mudando no Brasil) e só tem um lugar com vaso sanitário e outro separado com pia e banheira com chuveiro manual. Tem serviços públicos de saúde, educação, e segurança sem tem que pagar privadamente. E gasta muito menos tempo em deslocamentos.
Outro paradoxo é que eu, por exemplo, professor de universidade federal e a minha mulher psicóloga nos localizamos na classe A1 do IBGE, coisa que nunca poderia ser possível na Europa. A Serasa Experian usa como definição de classe média rendas familiares mensais entre 1964 e 3094 reais (muito mais realista do que as margens do governo) e a divide em promissores, batalhadores, experientes e empreendedores.
Vejam isso aqui que pode ser muito útil para destrinchar melhor o padrão de consumo e verão que o consumo de vinho fino está ainda muito mais concentrado do que poderíamos pensar: clique aqui. |
Jackson Fernando Packer Engenheiro Civil - Enófilo Timbó SC |
10/08/2014 |
As tabelas de consumo per capita já estão mais atualizadas ou 2011 é o ano mais atual?
2011 é o dado mais recente disponível. Oscar |
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