
Os melhores restaurantes do Rio |
Você conhecia a importadora Beat? Eu também não...
Mas isso é fácil de compreender, pois ela é uma empresa pequena, inaugurada há pouco mais de um ano, com uma carteira de vinhos mínima e muito focada no mercado de restaurantes. Como ela não participa de eventos para o público consumidor, não é de estranhar que seja uma ilustre desconhecida para os apreciadores.
O que surpreende é que um pequeno empreendimento como esse esteja listado nas cartas dos principais restaurantes do Rio de Janeiro. Quando Jorge Alberto Xavier, sócio da Beat, me contou quem eram seus clientes, eu fiquei um tanto pasmo: Quadrifoglio, Sushi Leblon, Esplanada Grill, Gero, Cipriani, Eça, Sá, Duo, Gruta de Santo Antônio, Aprazível, Terzetto e outros mais... Eu até brinquei: "Mas isto é a lista dos restaurantes 5 estrelas do Rio!"
Qual é o milagre? O próprio Jorge esclarece: "Vinhos de qualidade, preços honestos e um serviço de atendimento para ninguém botar defeito! Se o restaurante solicitar a reposição de 1 só garrafa, nós entregamos." E eu acrescento que a parceria com o sommelier Eduardo Luiz Ferreira, figura querida entre seus pares e respeitada por seu trabalho no Fasano tem aberto as portas das mais seletivas cartas da cidade.
Conforme falei, a empresa é pequena e sua carteira oferece apenas 8 rótulos! E mais, todos eles são de um mesmo produtor: o Château Lorgeril, uma histórica e suntuosa propriedade de 1620, localizada no sul da França.
Em termos de cor, a divisão é igualitária, sendo 4 brancos e 4 tintos, uma proporção raramente encontrada por aí, onde as importadoras preferem privilegiar os vinhos tintos. Como grande consumidor de brancos, eu bem que gostei, mas não pude deixar de estranhar essa - digamos - audácia. Jorge, no entanto, estava bem feliz com os resultados e disse que não encontrava dificuldades em colocar os vinhos brancos nos restaurantes. Achei muito bom isso!
Mas é claro que esse único produtor é apenas o começo e Eduardo contou-me que esteve recentemente na Espanha, garimpando bons vinhos por lá, e a Beat em breve estará disponibilizando a seus clientes tentadores rótulos ibéricos.
Dos 8 rótulos atuais, 6 são de vinhos varietais sem passagem por madeira, privilegiando a exibição da fruta, e classificados como IGP Pays d'Oc. Em comum, também, esses rótulos compartilham a mesma etiqueta de preço, sendo vendidos a 35 reais para os restaurantes - o que ajuda a explicar a grande aceitação nas melhores cartas. São vinhos fáceis, descomplicados e agradáveis... E os que mais me tocaram o coração foram o Sauvignon Blanc, o Chardonnay e o Cabernet Sauvignon. Apesar de serem vinhos simples, mantêm a elegância francesa, sem os desmandos dos vinhos similares do Cone Sul.
Os 2 vinhos diferenciados da Beat são:
o Marquis de Pennautier Terroirs d'Altitude 2011 é um Chardonnay barricado ma non troppo, pois apenas a metade do vinho estagia em barricas novas de carvalho francês, enquanto a outra parte descansa em tanques de aço. O resultado traz um vinho com boa complexidade, onde a fruta disputa pau-a-pau com a madeira; para os restaurantes, o preço é de 70 reais.
a cerejinha do bolo na carteira da Beat é o espetacular Le Causse 2009, um AOC Faugères, que mistura 55% de Syrah, 35% de Grenache de vinhas velhas e 10% de Mourvèdre, e exibe um corpaço condimentado, rico e suculento que não se vexaria frente a um Châteauneuf-du-Pape. Mas aqui, no entanto, o fator preço deixa de ser um atrativo, eis que o vinho custa R$150 para os restaurantes e assustadores R$300 para o consumidor final.
Oscar Daudt
05/06/2014
www.importadorabeat.com.br |