
A família Rothschild é um dos sobrenomes mais conhecidos de todo o mundo, símbolo de riqueza, poder, nobreza e sofisticação há muitos séculos.
No setor vitivinícola, os três ramos da família estão por trás de alguns dos rótulos mais cobiçados: Château Mouton-Rothschild, da baronesa Philippine de Rothschild, Château Lafite-Rothschild, do barão Éric de Rothschild, e Château Clarke, do barão Benjamin de Rothschild.
Esses três ramos, enologicamente separados desde o século XVIII, decidiram unir-se, em 2005, para a empreitada ambiciosa de produzir um dos melhores Champagnes do mundo, com a abertura da casa Barons de Rothschild. Como dinheiro é o que não falta para eles, a nova empresa investiu pesado em todos os aspectos: tecnológicos, humanos e vitícolas.
Para não partir do zero, a família adquiriu uma antiga propriedade em Vertus, construiu uma moderníssima adega e convidou, como chefe de cave, o enólogo Jean-Philippe Moulin, que trazia no currículo o cargo de Diretor Técnico do CIVC - Comité Interprofissional dos Vinhos de Champagne - e das casas Perrier-Jouët, Mumm e Ruinart.
Inicialmente, esses champagnes foram trazidos para o Brasil pela Importadora Vinci, mas aproveitando a mudança de endereço de Philippe de Nicolaÿ Rothschild para São Paulo, por motivos particulares, a família preferiu que a distribuição brasileira passasse a ser feita diretamente por ele.
E esta semana, o entusiasmado Philippe esteve no Rio de Janeiro, acompanhado pelo diretor da Maison, Frédéric Mairesse (foto à esquerda), para apresentar seus vinhos aos cariocas, em um exclusivo jantar no Atelier Troisgros. Foi um evento bem diferente dos que estou acostumado e os convidados eram mais ligados ao mercado do luxo do que ao do vinho.
O divertido Philippe explicou-me que o objetivo da nova empreitada da família é investir na qualidade e na exclusividade. Quando mencionei o grupo LVMH, ele fez questão de destacar a diferença: enquanto esse grupo produz, com todas as suas marcas, a estonteante quantidade de 60 milhões de garrafas de Champagne, a Barons de Rothschild elabora apenas 400 mil e não tem planos de aumentar essa produção. Apenas está previsto um pequeno acréscimo que será decorrente de um breve lançamento do Champagne safrado. Nada mais do que 7.000 garrafas e pronto!
O caprichado jantar preparado por Thomas Troisgros foi todo pensado em torno dos 3 espumantes apresentados nessa noite e a combinação foi de entusiasmar.
Estilisticamente, a Maison Barons de Rothschild, optou pela utilização majoritária da Chardonnay, casta que reputa como a mais elegante de Champagne, e adotou a utilização de licores de expedição de baixa dosagem de açúcar, visando atender o paladar dos verdadeiros apreciadores de um Champagne raçudo. Tomou a decisão estratégica de comprar as uvas apenas das melhores comunas classificadas como Grand Cru e Premier Cru. E o que chegou a nossas taças atestava o acerto da escolha. Os vinhos eram fantásticos e apresentavam borbulhas microscópicas, revelando o esmero da produção.
Acompanhando os amuse bouches e a entrada, o Champagne era o Barons de Rothschild Brut, elaborado com 60% de Chardonnay e o restante de Pinot Noir. Neste caso, a casta branca vem de um corte de 15 diferentes Grands Crus, enquanto a Pinot Noir é uma mistura de vinhedos de dois terços dos Grands Crus de Champagne. As flores, a maçã e as avelãs encantam o nariz.
Meu preferido dos 3 rótulos veio a seguir, o Barons de Rothschild Blanc des Blancs, no qual a casa aposta como o emblema de sua elegância. As uvas são provenientes de 5 Grands Crus da Côte des Blanc - Avize, Cramant, Mesnil-sur-Oger, Oger e Vertus - e o resultado é de um delicado frescor, com aromas cítricos e minerais e uma invejável estrutura.
Por fim, com uma deslumbrante cor salmão, o Barons de Rothschild Rosé é um vinho sedutor, com muita elegância, mas com um corpo que pôde fazer frente com bravura a um cordeiro com crosta de açaí.
Oscar Daudt
01/05/2014 |