
Anualmente, a Pizzaria Bráz lança, por tempo limitado, novas receitas de pizza que fazem uso de ingredientes importados da Itália e que normalmente não estão disponíveis em nosso mercado. Já houve a vez das alcaparras de Salina, das alcachofras napolitanas, dos tomates de San Marzano e muitos mais.
Mas agora em 2014, a pizzaria decidiu-se por um esquema inovador. Em lugar de importar da Itália, solicitou a 3 de seus fornecedores habituais, descendentes de imigrantes italianos, que desenvolvessem, aqui mesmo no Brasil, produtos tradicionais da Itália: o Pallone di Gravina e a Sopressata di Gioi. E até mesmo a massa das pizzas foi especialmente criada com uma exclusiva mistura de farinhas de grano duro e grano tenero, com fermentação natural.
O Pallone di Gravina é um queijo elaborado na Puglia, com leite de vaca, em formato de uma bola de futebol, com maturação de pelo menos 3 meses. Aqui no Brasil, a releitura foi feita com leite de búfala, o que acrescentou um sabor mais pungente e mais apropriado para ser servido em uma pizza.
A Sopressata di Gioi é um embutido tradicionalmente elaborado na Campania, com característico perfil retangular. Feito unicamente com cortes bastante magros de porco, contrabalança essa saúde toda com um belo pedaço de "lardo" que recheia o conjunto. E a carne é generosamente temperada com grãos de pimenta-do-reino.
Esses ingredientes deram origem a 3 receitas: a de Pallone, a de Sopressata e Imigrante que mistura os dois ingredientes. Todas elas, italianinhas que são, vêm temperadas com molho de tomate e custam o mesmo preço de 75 reais.
Nós estávamos em um grande grupo, a convite da pizzaria, e provamos as três variedades. Mas para aqueles que irão mais reservadamente, nem é preciso um QI muito elevado para escolher a Imigrante, que traz os dois ingredientes de uma vez só. Eles parecem ter sido feitos um para o outro, inseparáveis como dupla sertaneja.
E é bom avisar que as pizzas ficam em cartaz apenas até o dia 30 de setembro.
A oferta de vinhos da pizzaria não é de entusiasmar ninguém. A impressão que se tem é que a casa perguntou quais eram os vinhos mais conhecidos e mais vendidos no Brasil e montou a carta com a resposta. São vinhos para embalar a acomodação dos consumidores em sua zona de conforto e que não necessitam de ninguém para vendê-los. Nenhuma ousadia, nada inesperado...
Tampouco a escolha das origens oferece caráter à carta. Para uma casa ítalo-paulistana, era de se esperar que os rótulos italianos dominassem o conjunto. Mas não, dentre os tintos, são 13 rótulos italianos apenas, lado-a-lado com igual número de rótulos argentinos, 8 chilenos e alguns poucos de outros países. É uma carta que não está à altura da qualidade das pizzas e da tipicidade da decoração.
Para salvar a pátria, o preço da rolha é de bom tamanho - R$35 - e a melhor solução para quem deseja um vinho diferenciado é levá-lo de casa.
Oscar Daudt
23/08/2014 |