
A Bodega Ontañón é um empreendimento familiar localizado na vila de Quel, na Rioja Baja. Apesar de a família ser produtora de uvas há 5 gerações, foi só em 1982 que a vinícola nasceu para o mundo, abençoada pelos deuses gregos. Ela se auto-proclama como Bodega-Museo, já que exibe uma coleção de arte mitológica - dentro e fora da adega - e é, atualmente, uma das mais visitadas de Rioja.
Sua produção é de 800.000 garrafas ao ano, provenientes dos vinhos de Rioja (350ha) e de Ribera del Duero (80ha). Recentemente, a família adquiriu 80 ha em Navarra, mas estes ainda não começaram a produzir vinhos. Na Rioja Baja, para se proteger do calor extremo, os vinhedos ficam situados a mais de 800m de altitude, permitindo que os vinhos apresentem uma elegância invejável.
Além da arte, a vinícola aposta na alta tecnologia e eu fiquei impressionado ao saber que, recentemente, ela adquiriu um drone que, durante a fase de amadurecimento da uvas, percorre os vinhedos enviando fotos que são diariamente analisadas para determinar a data mais indicada para a colheita de cada parcela.
Aqui no Brasil, seus vinhos são representados pela importadora paulista Tahaa, uma pequena e dinâmica empresa que desenvolve um exitoso trabalho em São Paulo. No Rio de Janeiro, no entanto, sua penetração é quase nula e, para buscar uma maior participação em nossas taças, escolheu minha querida amiga Lili Mayon, que agora começa a divulgar a carteira.
O jantar de apresentação dos vinhos da Ontañón, no bem escolhido restaurante espanhol Ibérico, foi sua primeira atuação, recebendo o produtor Conrado Herrero que, entusiasmado, não sabia se falava mais dos vinhos ou da mitologia e da arte.
Um bom momento foi o Vetiver Viura 2012. Eu, que normalmente não me entusiasmo pelos brancos de Rioja, deixei-me seduzir pelos aromas frutados e florais deste vinho e por sua boca encorpada, fresca e amanteigada, resultado de seus 4 meses em barricas americanas novas.
Toda a classe e a longevidade da Rioja estavam engarrafadas no Ontañón Reserva 2004, um vinho que apesar dos longos 10 anos, vibrava na taça com sua cor forte, viva, embalado por suntuosos aromas de frutas secas, café, chocolate e figo, todos eles abraçados a uma boca poderosa para compor um conjunto harmonioso e elegante. Eu cada vez mais aprecio um bom Rioja!
Se você gosta da concentração de vinhas velhas - mas velhas, mesmo! - então o Arteso Crianza 2008 é o seu vinho. De um pequeno vinhedo de 1 ha com inacreditáveis 120 anos, colhe-se a Garnacha que junta-se a suas primas mais jovens (apenas 75 anos!) Tempranillo e Graciano, para fazer um vinho de edição limitada - 15.000 garrafas - com vinificação tradicional, que o respeitado critico Peñin escolheu como um dos 15 melhores vinhos da Espanha. Delicado, complexo e com tantas credenciais, seu preço de R$137 ao consumidor final fica até parecendo uma barganha.
Oscar Daudt
03/08/2014 |