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Brasil
Casa Valduga

Um ícone brasileiro
Storia Merlot é o vinho ícone da Casa Valduga e tem lugar reservado em qualquer relação que se faça dos melhores vinhos brasileiros. Elaborado com 100% de Merlot, variedade que apresenta excepcionais resultados na Serra Gaúcha, é a prova inconteste da qualidade de nossos vinhos.

Esta semana, a vinícola esteve no Rio de Janeiro para apresentar à imprensa a nova safra desse vinho - 2010 - e aproveitou para organizar uma vertical que incluía a safra mais recente, acompanhada dos anos de 2008 e 2006. Foi uma experiência marcante, para guardar na memória.

A Europa é aqui
Os vinhos Storia são elaborados com requintes de cuidados, baixíssimos rendimentos, colheita manual, seleção ótica de grãos, 18 meses em barricas Seguin-Moreau (as mais prestigiadas do mundo), resultando somente em cerca de 5.000 garrafas a cada safra.

Eu defendo que a Serra Gaúcha deveria reivindicar à OIV - ou sei lá a quem - sua reclassificação para Velho Mundo. É, por certo, um enclave europeu dentro do Rio Grande do Sul. Até a língua é diferente por lá. E o estilo dos vinhos aposta muito mais em suas tradições italianas do que na alta octanagem da América do Sul. O Storia é a prova mais contundente que faria qualquer juiz deferir a favor dessa demanda.

Promissora evolução
Começamos a prova pela safra 2010 que, embora ainda mereça descansar mais tempo em garrafa, já revela todo o seu potencial para se transformar em um grande e cultuado vinho: vibrante, com taninos adocicados e a elegância gastronômica dos grandes rótulos.

O 2008 apresenta visível e aromática evolução, com notas de couro contrabalançadas por resistentes frescor e suculência, embalados por taninos domesticados.

O melhor dos três, no entanto, foi o de 2006, já bem evoluído, com reflexos alaranjados, mas ainda carimbando seu passaporte para o futuro, com muito mais vida pela frente: espantoso ataque, delicioso frescor, boca exuberante e aromas discretamente tostados e exalando frutas maduras. Grande vinho!

Estilos opostos
Após a vertical do Storia, o almoço foi acompanhado pelos Raízes Corte 2010 e Villa-Lobos Cabernet Sauvignon 2008. Enquanto este último seguia a linha estilística do Storia, com a elegância, o frescor e a vocação gastronômica dos vinhos europeus, o Raízes corria para o outro lado, perdidinho da silva naquele conjunto, com um inequívoco estilo sul-americano, de muito álcool, muita madeira, boca adocicada.

Com sutileza zero, questionei Daniel Dalla Valle: "Nem parecem vinhos elaborados pela mesma pessoa!" Pacientemente, o enólogo respondeu: "Não sou eu, Oscar. São as uvas." E explicou que as vinhas do Raízes são plantadas na Campanha Gaúcha, em Quaraí, que se diferencia dos verdejantes municípios vizinhos por um clima desértico, semelhante ao de Mendoza.

Batendo na mesma tecla
Após comandar a degustação vertical, o enólogo quis saber a opinião dos presentes. Eu disse que estava deslumbrado com a excepcional qualidade dos vinhos, mas reclamei com o meu discurso usual: "Gostei de tudo, menos do preço", já que o vinho é vendido a R$145 para o consumidor final e a R$90 para lojas e restaurantes.

No decorrer do almoço, quando a conversa se dirigiu para o preconceito ainda existente contra os vinhos tranquilos brasileiros, eu argumentei que seria difícil um consumidor comandar esse vinho - que provavelmente custaria R$180 na carta de um restaurante - quando ele teria outras alternativas que, embora sem a mesma qualidade, eram mais conhecidas, menos rejeitadas e bem mais baratas. Essa precificação não ajuda o combate ao preconceito.

O enólogo retrucou que "fazer vinhos no Brasil é caro", mas não me sensibilizou muito...

E os anos ímpares?
A primeira vinificação do Storia ocorreu em 2005 que, infelizmente, não fez parte da degustação. Depois disso, só mesmo os 3 vinhos apresentados, todos de anos pares, por coincidência. O enólogo Daniel Dalla Valle explicou que o vinho só é engarrafado quando ele considera a safra à altura do nome.

Isso me despertou a curiosidade. "O que acontece com as uvas nos demais anos?", perguntei. E o enólogo informou que elas são deslocadas para a produção da linha Leopoldina. Portanto, aí vai a dica: se você quiser conhecer o Storia, sem estourar o orçamento, procure um Leopoldina Merlot das safras ímpares e faça a festa!

Oscar Daudt
20/09/2014
Os vinhos
Espumante Casa Valduga 130 Casa Valduga Leopoldina Chardonnay 2013 Casa Valduga Raízes Corte 2010
Casa Valduga Villa-Lobos Cabernet Sauvignon 2008 Storia Merlot 2006, 2008 e 2010 Casa Valduga 1875 10 Years Old
Os anfitriões
Daniel Dalla Valle, o premiado enólogo da Casa Valduga Fernando Menezes Cruz, gerente regional RJ Siara Salvagni, do marketing da Valduga
 
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