
A história da Livon é inspiradora. A empresa familiar iniciou suas atividades há apenas 50 anos, em 1964, com a compra de um vinhedo no Collio Friulano. Com muita dedicação e trabalho, o grupo teve um crescimento vigoroso.
Atualmente, a empresa é constituída de duas vinícolas no Collio, a Azienda Livon e a Tenuta RoncAlto; uma no Grave Friulano, a Villa Chiòpris; o Borgo Salcetino, no Chianti Classico; e a Fattoria ColSanto, na DOCG Montefalco, na Umbria, com uma produção total de cerca de 1 milhão de garrafas. E o sucesso comercial veio acompanhado do reconhecimento da crítica especializada, com a Livon sendo uma vinícola estrelada pelo Gambero Rosso.
Na degustação promovida pela Importadora Mercovino, esta semana, no Rio de Janeiro, tivemos a oportunidade de provar rótulos de 3 das vinícolas do grupo: Livon, Villa Chiòpris e Borgo Salcetino.
Os vinhos brancos do Friuli são, incontestavelmente, os melhores de toda a Itália. Não há região naquele país que consiga atingir a qualidade, a variedade e o refinamento dos vinhos vibrantes e raçudos produzidos por lá. Dos vinhos brancos degustados, dois deles em especial, me chamaram a atenção. O primeiro deles, o Livon Manditocai 2012, 100% Friulano, é surpreendente, cremoso, profundo e harmônico, e traz aromas e sabores inesperados decorrentes de seu estágio de 8 meses em carvalho húngaro. Curiosamente, seu nome, em dialeto friulano, quer dizer "Tchau Tocai", em mais uma das constantes e divertidas manifestações dos produtores da região inconformados com a perda do nome Tocai para a Hungria.
O segundo dos vinhos brancos que se destacaram foi o Livon Braide Alte 2011, uma mistura de castas autóctones e internacionais - bem ao gosto dos produtores da região - que traz a Chardonnay e a Sauvignon Blanc cortadas com a Picolit e a Moscato Giallo. Floral e elegante, é um vinho muito saboroso!
Os vinhos tintos friulanos, muito embora se constituam em 50% da produção local, não encontram a mesma receptividade que os brancos no mercado internacional. Mas foi particularmente interessante provar um exemplar da casta autóctone Schioppettino, aromática e frutada, cujo nome deriva das barulhentas explosões que seus bagos disparam durante a fermentação, lembrando um tiro de escopeta.

A marca registrada da Azienda Agricola Livon é a bela mulher alada (à direita), que se exibe com os seios desnudos em uma criação do artista russo Ertè. Em forma do número 5, representa as 5 vinícolas que hoje são o testemunho do sucesso da empresa.
Quando, em 1990, a Livon começou a exportar seus vinhos para os Estados Unidos, o inesperado aconteceu: a alfândega daquele país apreendeu um lote de 12.000 garrafas sob a alegação de que a figura era pornográfica! E o importador se viu obrigado a desenhar uma tarja preta em cada rótulo para ocultar o que os americanos consideraram obsceno.
No entanto, a repercussão que o caso teve na imprensa local foi grande e contribuiu para uma gratuita divulgação dos vinhos, que tiveram um sucesso instantâneo.
Lilian Seldin foi, durante muitos anos, a alma da Vinci, no Rio de Janeiro, responsável pelo sucesso e penetração daquela importadora nas cartas cariocas. Mas há poucas semanas, ela decidiu partir para novos rumos e assumiu a representação da importadora Mercovino nas praias cariocas. Excelente escolha da importadora, que apresentava, até agora, resultados bastante discretos no Rio de Janeiro.
O batismo de fogo de Lilian aconteceu nessa degustação no Mr. Lam e a maciça presença de lojas e restaurantes no evento mostra que a Mercovino está fadada ao sucesso em nossa cidade.
Aqui, de público, gostaria de manifestar meus votos de grande sucesso, tanto à querida Lilian, quanto à importadora, nessa nova fase que ambos empreendem.
Oscar Daudt
20/10/2014 |