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Restaurantes

Teresa, a missão
Almoçar em O Navegador é uma experiência enriquecedora. Ainda mais se você tiver a oportunidade de sentar-se à mesa com Teresa Corção, a "ecochefe" do restaurante, como ela gosta de se definir. São muitas as histórias que ela tem para nos contar, mas todas elas alinhavadas com um só fio: o da agricultura orgânica.

Teresa fala com amor, entusiasmo e emoção da missão que ela escolheu para se completar: agricultura orgânica, produção familiar, responsabilidade social e valorização dos produtos brasileiros. Mas se você não tiver a ecochefe por perto, ler a abertura do cardápio já ajuda a compreender a filosofia dessa figura cativante:

"Os ingrediente dos pratos do Navegador têm alma e história. Nossas receitas, identidade e sabor. Escolhemos pequenos produtores da agricultura familiar do Rio de Janeiro e de outros estados do Brasil, não só porque esses produtos são feitos artesanalmente, com especial carinho, mas também porque dessa forma apoiamos a economia de nosso estado e de nosso país. Conhecemos quem os produz e visitamos suas terras. Essa é a nossa forma de trazer até você prazer, saúde e um momento de felicidade. Tenha um ótimo almoço!"

Gente simples, gastronomia sofisticada
O cardápio também lista os principais ingredientes que fazem a base da cozinha de Teresa, com a denominação de origem e o nome do produtor, como quem fala de um antigo vizinho. E ali pode-se encontrar preciosidades tais como Queijo meia-cura do seu João José, Tucupi do Seu Bené e Farinha de mandioca de Dona Rosa. Tudo muito interiorano e autêntico, fazendo tremer nossos preceitos de consumo de grandes marcas corporativas.

Mas de nada adiantariam produtos artesanais se eles não chegassem à mesa na forma de um delicioso almoço. E não sei se pela qualidade dos produtos ou se pelas artes de Teresa - mais provavelmente pelos dois motivos - a experiência gastronômica é indescritível. É uma delícia experimentar cada componente de um prato separadamente, um a um, sem pressa, para conhecer o verdadeiro gosto das coisas. E depois garfá-los todos juntos, em uma mastigada só, para conferir a maestria com que a ecochefe domina as combinações.

Nós e o mundo
O cardápio é dividido em duas partes: Brasil e Mundo. Na metade estrangeira, Teresa recria clássicos da cozinha internacional, para acalmar os estômagos menos aventureiros. Mas é na metade brasileira que estão as jóias do Navegador.

É um deslumbramento experimentar o Terra Brasilis, peixe do dia grelhado, com purê de banana e aipim e pétalas de palmito pupunha. De onde? Silva Jardim, RJ. Assino embaixo e boto a mão no fogo!

Espetaculares, também, os Medalhões de Sol, filé mignon de sol feito na própria casa, acompanhado de espetinhos de queijo coalho e tomatinhos, cebolas carameladas e manteiga de garrafa, caprichosamente trazida em uma bela garrafinha individual que faz brilhar a mesa com seus tons dourados e luminosos.

Desafeito a sobremesas, não resisti a provar o Triângulo Mineiro, que mistura 3 das glórias de Minas Gerais: queijo da Serra do Salitre, goiabada de Ponte Nova e doce de leite da Universidade de Viçosa.

Para quem for visitar a casa pela primeira vez, Teresa oferece um menu-degustação (R$84) com 4 etapas que apresentam alguns de seus pratos mais emblemáticos: salada ou sopa orgânica, um prato de peixe, um prato de carne e um mosaico de sobremesas. Resistir quem há-de?

Vinhos orgânicos
A carta de vinhos era muito simples e até hoje exibe rótulos surpreendentes de tão óbvios: são muitos álamos, tílias e deu-lá-deus... Não é de se estranhar que o consumo de vinhos na casa não seja dos mais animadores.

Mas Teresa, antenada, começou a mudar essa situação e partiu para a inclusão de rótulos orgânicos que, pouco a pouco, passarão a ser a maioria em sua carta. Um restaurante orgânico não pode ter outra coisa a não ser vinhos que sigam essa mesma filosofia.

Os quatro primeiros já chegaram, conforme apresentados abaixo. Como tinha um compromisso profissional naquela tarde, preferi não prová-los. Mas, vamos combinar, quem resiste aos vinhos argentinos Cuatro Vacas Gordas, com um rótulo divertido, chamativo e que bem transmite o estilo do vinho que foi engarrafado?

Oscar Daudt
Fotos: Lilian Seldin
15/02/2015
O almoço orgânico
Couvert com caldinho de legumes orgânicos Salada orgânica Pescada com purê de banana e aipim e pétalas de palmito
Filé mignon de sol, espetinho de tomates e queijo de coalho e manteiga de garrafa Triângulo mineiro: queijo da Serra do Salitre, goiabada de Ponte Nova e doce de leite da Universidade de Viçosa Carrinho de sobremesas
Os vinhos orgânicos
Cuatro Vacas Gordas: Torrontés Riojano 2013 e Malbec-Cabernet 2011 Teillery Reserva Ensamblaje 2010 Teillery Merlot Reserva 2007
 
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