
Em 1375, foi estabelecida, em Portugal, a Lei das Sesmarias, com o objetivo principal de desenvolver a agricultura que se encontrava em dificuldades devido às guerras e à peste negra. Dom João III, rei de Portugal, instituiu em 1536 as capitanias hereditárias no recém-descoberto Brasil. Foram em número de 15 e distribuídas entre 12 donatários, indivíduos que receberam as terras como doação do governo português e, em contrapartida, tornaram-se pessoas de confiança da realeza portuguesa, mas nem por isto foram isentados de pagar impostos à monarquia.
Por sua vez, estes donatários instituíram o Sistema de Sesmarias, pedaços de terra abandonados, prática comum durante o Brasil Colônia, de modo que os colonos que cultivassem nestas pequenas propriedades e as tornassem novamente produtivas, objetivando o progresso da agricultura, tinham direito de se estabelecer e tirar o seu sustento. Quem recebia uma Sesmaria pagava uma pensão ao donatário no montante da sexta parte do rendimento obtido. Em 1812 as Sesmarias foram oficialmente extintas.
A vinícola Miolo, por volta de 2008, resolveu desenvolver um novo vinho. Um projeto ambicioso que resultaria no primeiro vinho brasileiro enquadrado no segmento luxo e inspirado no modelo francês tanto de produção, através da vinificação integral, quanto da comercialização, "vente en primeur", ambos inéditos no país. O modelo determina a venda prévia de vinhos, ainda em maturação, antes mesmo de serem lançados no mercado.
Uma das intenções era mostrar ao Velho Mundo que o Brasil já teria capacidade de produzir grandes vinhos, principalmente os tintos. E o resultado pode ser considerado uma grande vitória com os 91 pontos dados por Steven Spurrier em 2014, Decanter Magazine, e pelo primeiro lugar no Top Ten 2010, Expovinis, ambos para a safra 2008.
O local escolhido para o desenvolvimento do projeto foi a propriedade do grupo conhecida como Seival Estate, em Candiota, na Campanha, novo eldorado de vinhos brasileiros, no Rio Grande do Sul. As parcelas utilizadas apresentam produtividade inferior a 4 toneladas por hectare (menos de 1 kg por planta).
Das variedades tintas plantadas nos vinhedos do Estate, foram escolhidas as dez consideradas melhor adaptadas à região. Destas dez variedades são escolhidas as seis que resultarão nos melhores vinhos. O número seis foi escolhido em função da localidade e da propriedade já ter sido administrada pelo Sistema de Sesmarias e daí o nome deste ícone brasileiro: SESMARIAS.
Até o momento apenas duas safras foram consideradas excepcionais, com a qualidade para produzir esse vinho: 2008 e 2011. Em ambas, as variedades utilizadas foram Tempramillo, Petit Verdot, Tannat, Merlot, Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional. O total produzido foi de 4.000 garrafas, sendo destinadas à venda apenas 3.000. Cada CPF pode comprar apenas uma caixa, e o vinho se tornou uma raridade que poucos brasileiros tiveram a chance de aproveitar.
E a loja EnoEventos, sempre garimpando os melhores vinhos, conseguiu duas caixas de cada safra e as coloca à venda para seus clientes. Quem clicar primeiro levará uma ou mais garrafas, corra!
Luiz Carlos Cattacini Gelli
11/03/2015 |