
Valduga 130 é uma marca que está impressa na mente dos apreciadores de vinho, batizando um dos espumantes mais prestigiados do Brasil. Mas o tempo passa voando e eis que vem a Casa Valduga comemorar os 140 anos da chegada da família à Serra Gaúcha, numa jornada difícil e épica.
É admirável conhecer o espírito da família, empresários de enorme sucesso e visão voltada para o futuro, que adotam tecnologias de ponta para atingir a excelência de sua produção. No entanto, apesar da postura de homens de negócio, os Valduga ainda guardam a simplicidade dos colonos, propagam sua origem humilde, cultuam os valores familiares e são extremamente emotivos. Eu já perdi a conta de quantas vezes ouvi embargar as vozes dos elegantes executivos João e Juarez, acompanhados pela próxima geração de Jonas e Eduardo, igualmente sentimentais.
Mas desta vez a coisa foi mais longe e, durante a apresentação do João, chorava ele, chorava a família toda, e até alguns convidados se entregaram às lágrimas. E como minha ascendência germânica não permite a demonstração pública de sentimentos, eu tive de ficar pensando na morte da bezerra.
A matriarca da família, Maria Valduga, já havia sido homenageada com um espumante que leva seu nome, de embalagem caprichada e conteúdo espetacular, bem conhecido dos brasileiros.
Desta vez, para comemorar a nova efeméride, a empresa resolveu homenagear o patriarca, Luiz Valduga, com o lançamento de um vinho que imprime seu nome a ferro. Eu gosto muito de uma frase do velho Luiz: "Antes de fazer duas garrafas de vinho, faça uma, mas faça bem feita." E a família seguiu à risca as orientações paternas.
O Luiz Valduga Corte 1 é uma ousadia. O vinho, concebido para ser o ícone da Casa Valduga, não é safrado, não tem procedência definida e nem se divulga o corte utilizado. Com essas barreiras escancaradas, a empresa pretende exaltar a simplicidade do pai em um vinho de alta qualidade desatrelado de rótulos.
Bom toda a vida, é um vinho complexo e surpreendente que exige a paciência dos homens da terra para esperar muitos anos antes de aproveitar os frutos.
Oscar Daudt
27/05/2015 |