
Terroir chileno, tradição francesa |
Em 1997, a baronesa Philippine de Rothschild e a Viña Concha y Toro firmaram uma parceria para a elaboração de um excepcional vinho franco-chileno batizado de Almaviva. Lançado em 1998, o vinho logo se tornou um sucesso internacional, ajudando a incrementar a imagem dos vinhos chilenos pelo mundo afora.
A divisão de tarefas ficou mais ou menos assim: o Chile entra com suas privilegiadas condições climáticas e de solo, enquanto a França contribui com sua tradição e suas técnicas centenárias de vinificação.
O próprio rótulo do vinho já demonstra essa parceria bi-nacional. O nome Almaviva deriva de um personagem da peça de Beaumarchais, As Bodas de Figaro, e é impresso com a caligrafia do próprio autor. Em contrapartida, o rótulo traz a reprodução de um desenho dos índios Mapuche que representa sua visão da terra e do cosmos.
Mas para reforçar ainda mais o caráter francês do vinho, sua comercialização se dá nos moldes dos grandes "chateaux" de Bordeaux: não há um importador exclusivo e qualquer interessado pode comprar os vinhos, surpreendentemente não no Chile, mas sim na França!
O corte do vinho varia de safra para safra, mas sempre com uvas bordalesas e sempre com o predomínio da Cabernet Sauvignon.
Em nosso mercado, os vinhos Almaviva alcançam preços estratosféricos: a safra 2012 pode ser comprada por preços que vão de R$750 a R$1.000. Não é um vinho para qualquer um e beber uma safra apenas já é um acontecimento. Imaginem, então, um jantar harmonizado com 3 safras desse exclusivo vinho: 2013, 2012 e 1999, esta última nada menos do que a segunda safra produzida. Uma raridade. E, melhor ainda, o jantar teve lugar no exclusivo Salão Vermelho, do Le Pré Catelan, com o cardápio assinado pelo chefe Rolland Villard. Tudo no maior requinte.
As safras 2012 e 2013 foram servidas ao mesmo tempo, o que permitiu a comparação dos dois anos. Logo no início, os convidados concordaram que a 2013, embora mais recente, estava mais pronta do que a 2012, que ainda deveria esperar mais alguns anos na adega. No entanto, à medida em que o tempo passava a safra 2012 ia se abrindo e revelando aromas e sabores cada vez mais suntuosos e complexos.
Mas a safra 1999, é claro, foi a estrela da noite. Muita concentração, muita fruta, taninos refinados, elegância francesa e permanência insuperável. Um vinho magnífico, ainda com muitos anos pela frente.
Oscar Daudt
22/11/2015 |