
Nos tempos em que não havia Lei Seca, subir a serra para almoçar e voltar no mesmo dia era programa usual. E nesses velhos tempos, nem lembro de quantas vezes estive no D. Irene, o espetacular restaurante russo de Teresópolis.
Mas os tempos mudaram e já fazia muitos anos desde que estive lá pela última vez.
Sugeri então ao Bonde do Vinho fazer uma nova visita ao restaurante e a concordância foi geral. Alugamos uma van - como pedem os tempos atuais - e lá fomos nós!
Foi bom ver que, embora muitos anos tenham se passado, a casa continua mantendo seu padrão nas alturas teresopolitanas. O cardápio é rigorosamente o mesmo de tempos atrás, a fartura e a qualidade da gastronomia de inspiração russa continua encantando e o serviço é bom. E para nós, amantes do vinho, a boa notícia é de que a casa não cobra rolha, muito embora a representante carioca do restaurante insista em dizer que não se pode levar vinhos. Aconselho fazer a reserva diretamente com os proprietários em Teresópolis.
Para quem não conhece o maravilhoso restaurante, é bom explicar o esquema de funcionamento. Assim que senta-se à mesa, são trazidos os zakuskis, um interminável desfile de pequenas porções de entradinhas tipicamente russas. Quando você pensa que já basta de zakuskis, novas porções vão chegando. Se minhas contas estão corretas, foram atordoantes 17 diferentes porções servidas. São coisas tais como o salmão, o arenque, o salada russa, os blinis de caviar, a raiz-forte e muito, mas muito mais. E, é claro, você quer provar todas.
É nessa primeira fase que é servida a deliciosa vodka feita na casa e batizada de Nazdarovia. Ela chega em alto estilo, envolta em um bloco de gelo. Quem entende do riscado, diz que é uma vodka absurdamente deliciosa e cuja receita é tão secreta quanto a da Coca-Cola. Mas, no que muitos consideram um sacrilégio, o Bonde preferiu acompanhar as entradinhas com espumantes.
A seguir, chega o borscht, uma bela sopa de beterrabas e creme de leite, de cor viva, tipicamente ucraniana, que me faltam palavras para descrever a gostosura. Como a tarde estava fria e chuvosa, foi um momento perfeito. Ainda mais que acompanhada de pirozhkis, um pastel russo recheado de carne.
Em seguida, chegam as entradas quentes. São três, todas elas irresistivelmente gratinadas: asas de frango, abobrinhas e torta de berinjela.
Todas as etapas acima chegam sem que você tenha de escolher nada. O único trabalho que se tem é, ao fazer a reserva, escolher qual o prato principal que cada convidado deseja, dentre 7 opções que deixariam Ivan, o Terrível, salivando:
Frango à Kiev: um delicioso supremo de frango recheado com manteiga derretida
Varênique: pasteis cozidos recheados de batata e ervas, acompanhados de escalopinhos de filé e cebolas empanadas
Pojarski: grande almôndega de frango e gorgonzola recoberta de croutons
Podjarka: escalopinhos de filé mignon e de frango, com cogumelos e batatas noisette, flambados na hora de servir
Filé Mignon à moda russa: com champignons e molho picante de creme de leite
Caquille: suflê de peixe com molho branco, camarões, champignons e endro
Beef Strogonoff: que dispensa explicações
Só os fortes conseguem chegar até aí. E só os inconsequentes - como nós - conseguem seguir adiante, quando são oferecidas as sobremesas. Como eram 6 as opções, pedimos uma de cada para a mesa compartilhar. Foi uma perdição...
Bem, essa esbórnia toda custa o honestíssimo preço de R$150 por pessoa, com a vodka incluída. Se você não conhece a casa ou se, como eu, faz tempo que não a visita, eu recomendo fortemente uma viagem até a Serra. Você irá me agradecer!
Oscar Daudt
15/11/2016
Serviço:
Restaurante D. Irene
Rua Tenente Luiz Meirelles, 1800
Bom Retiro
Teresópolis
Fone: (21)2742-2901
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