Com esta análise da casta Teroldego, iniciamos uma série de matérias sobre uvas não tão conhecidas dos apreciadores em geral quanto as grandes estrelas da vitivinicultura mundial. Nossa intenção é que os leitores as conheçam de forma a incentivar seu consumo. É muito interessante sair da mesmice e se arriscar por uvas nunca dantes navegadas.
Ao final da matéria, apresentamos uma relação de vinhos elaborados com a casta em análise, facilmente encontrados no mercado brasileiro. Tomamos a decisão unilateral de apenas indicar vinhos cujo preço ao consumidor final seja menor do que 100 reais, fazendo com que o processo de conhecimento não pese tanto assim nos bolsos de nossos leitores.
Outra decisão tomada foi a de pesquisar apenas as importadoras ou vinícolas brasileiras cujos preços possam ser livremente obtidos pela Internet.
| Trentino e Rio Grande do Sul |
Há muitos e muitos séculos, a casta Teroldego, vem sendo plantada na região do Trentino, em uma área conhecido como Campo Rotaliano, onde a casta encontrou sua melhor expressão. Atualmente seu cultivo na Itália está restrito à DOC Teroldego Rotaliano e essa denominação exige que seus vinhos sejam elaborados com 100% da casta.
Não há uma opinião unânime quanto a suas origens, alguns apostando que a casta é autóctone da região, outros afirmando que a origem do nome Teroldego vem de "ouro tirolês" e que, portanto, a uva seria originária da região do Tirol.
Vinha de climas frios, a Teroldego é vigorosa e tem uma tendência à alta produtividade, que resulta em vinhos frescos e frutados para serem bebidos jovens. No entanto, quando seu rendimento é controlado, o vinho resultante é suntuoso, concentrado e com bom potencial de guarda.
Considerando que os imigrantes italianos que chegaram ao Rio Grande do Sul, ao final do século XIX, são originários do Trentino, não é surpresa que a Serra Gaúcha seja o lar de diversos vinhos elaborados com a Teroldego. Muito embora essa casta não tenha sido introduzida no Brasil com a chegada dos colonos italianos, foi com as novas gerações de enólogos, em busca de suas raízes familiares, que a uva passou a ser valorizada e cultivada naquela região. E, cada vez mais, a Teroldego vem ocupando lugar nos tanques de fermentação de nossa indústria vitivinícola. Atualmente, a Teroldego é uma das poucas variedades - se não a única - das quais se pode encontrar em nosso mercado mais rótulos brasileiros do que importados.
Conheci esta casta quando estive no Trentino-Alto Adige, em 2006, e a cor sedutora, a complexidade dos aromas e o corpo imponente dos vinhos muito me impressionaram. Naquela época, eu nem era o apreciador de vinhos brancos que sou hoje e, enquanto estive por lá, só queria saber da Teroldego e de sua prima não muito distante, a Lagrein.
Muitos dizem que a Teroldego resulta em vinhos com o corpo e a robustez de um Bordeaux, com um pouco menos de elegância. Apesar de sua casca bastante fina, a uva produz vinhos de cor profunda, densa e atraente. A casta tem baixos taninos, mas oferece altos níveis acidez, acúcar e, consequentemente, álcool. Seus aromas são fumados com toques de amêndoas amargas e condimentos e a acidez costuma ser equilibrada. O estágio em madeira deve ser discreto, para incrementar sua estrutura sem esconder sua peculiar personalidade.
No Trentino, o mais festejado produtor de Teroldego é a Foradori, cujos vinhos foram importados durante muitos anos pela Expand, em seus tempos áureos. Pesquisando pela Internet, não mais consegui encontrar esses vinhos aqui no Brasil, parecendo-me que atualmente não há importador. O que é uma pena...
Esta casta também é conhecida como Teroldego Rotaliano, Teroldigo, Teroldega, Teroldico, Teroldila, Tiraldega, Tiraldola e Tiroldico
Oscar Daudt (13/02/2012) |
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