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Há um velho ditado português que diz: "De Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos". Dos ventos, nada sei, mas sobre casamentos posso dizer que nossos irmãos lusos estão bastante equivocados. Pelo menos, no que diz respeito ao casamento entre vinho e comida.
Mesmo reconhecendo que as cozinhas francesas e italianas tiveram - e ainda têm - maior influência no mundo, foram os espanhóis que criaram a definição mais exata do que deve ser a relação entre comida e vinho: maridaje. Com essa palavra, eles resumem a essência do prazer à mesa, das combinações clássicas que resistiram ao tempo, apesar do surgimento incessante de receitas e novos estilos de vinhos.
Estas uniões tradicionais fazem parte da riquíssima e ancestral cultura européia. No Velho Continente, vinhos e alimentos evoluíram juntos, numa espécie de simbiose, onde um deverá realçar a virtude do outro, e qualquer pessoa que viaje pelo Mediterrâneo pode comprová-la.
Na Espanha, país que consegue ser inovador e conservador ao mesmo tempo, a maridaje é muito mais do que uma simples idéia de harmonização, mas uma celebração das tradições regionais e familiares. Lá, muitos casamentos têm se mostrado duradouros, mesmo com a nova tendência gastronômica iniciada na Catalunya e País Vasco, com suas desconstruções e novas texturas dos alimentos.
Um destes casamentos indissolúveis é o Jerez Fino ou Manzanilla com as tapas, principalmente se você estiver na região da Andalucía. Outra instituição permanente são as infindáveis variedades de pescados e mariscos galegos com os vinhos brancos elaborados com a uva Albariño. Aí vai uma lista de alguns grandes exemplos de casamentos:
Paella Valenciana - os puristas escolhem um tinto de Rioja. Mas há quem prefira com rosados de Navarra;
Jamón Serrano ou Pata Negra - tinto da Rioja, crianza ou reserva, de bom produtor. No sul do país, a ordem é jerez fino;
Tortilla - fritada de batatas e cebola, pedem brancos da Galicia, como os das denominações Ribeiro e Valdeorras. Os novos sauvignons de Rueda também fazem bonito;
Pipperada - ovos mexidos, com pimenta e presunto de Bayonne. No País Vasco, é servido com o branco local Txacolí, mas as melhores opções são os rosés de Navarra;
Pa amb tomàquet - pão com tomate, típico da Catalunya. A melhor escolha é um tinto catalão a partir da uva Garnacha;
Riñones al Jerez - rins em molho de vinho Jerez . Como tapas, geralmente é servido com um Amontillado. Vai bem igualmente com um Rioja crianza;
Fabada Asturiana - cozido de feijões brancos secos e embutidos. Um tinto jovem de Navarra será sempre uma escolha feliz;
Cochinillo asado - leitão assado recheado - tintos de Toro ou Ribera del Duero;
Queso Manchego - famoso queijo de ovelha da região de La Mancha. Quase sempre servido como aperitivo, também pode aparecer no final da refeição. No primeiro caso, as opções são um jerez Oloroso ou um Chardonnay encorpado da Catalunya ou vale do Ebro. No segundo, onde provavelmente se juntará a alguma sobremesa, o caminho mais seguro é um jerez doce, da uva Pedro Ximénez;
Gazpacho - tanto o de tomate quanto a versão branca tem como combinação clássica o jerez fino. Mas, os sauvignons frescos do Penedès ou de Rueda vão bem com o de tomate;
Bacalao a la Catalana - bacalhau salgado, com sofrito, uvas passas e pinhões. O prato merece brancos da Rioja ou tempranillos jovens.
E todos foram felizes para sempre. |
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| Vinhos recomendados |
Fransola 2007
D.O. Penedès
Nota: Vinho de coloração amarelo-palha brilhante. Aroma florais de grande intensidade, muito expressivo. Paladar fresco, bastante frutado, ótima acidez e persistência. Este branco é um Sauvignon Blanc que leva pequena parcela da uva catalã Parellada, e é mais um grande rótulo com a assinatura de Miguel Torres. Excelente parceiro para um gazpacho de tomate.
92 pontos
Onde: Reloco (21 2215 8000)
Gran Bajoz Vino de Autor 2002
D.O. Toro
Nota: Cor rubi escuro. Bom ataque aromático, com notas de chocolate, fruta negra, especiarias, tostados. Boca potente, boa acidez, taninos maduros, redondo. Ótima opção com o cocido madrileño, um ensopado que mescla embutidos, vegetais e carnes variadas.
88 pontos
Onde: World Wine (11 3383 7477)
La Gitana Manzanilla
D.O. Jerez-Manzanilla de Sanlúcar de Barrameda
Nota: Cor palha, com reflexos esverdeados. Típica manzanilla, com seus toques salinos e de leveduras, florais. Ótima acidez, paladar leve e fresco. Para lidar com as tapas, as famosas entradas espanholas, que podem aparecer em forma de embutidos, conservas, tortilla...
89 pontos
Onde: Mistral (21 2274 4562)
Geol 2006 Tomàs Cusiné
D.O. Costers del Segre
Nota: Blend das variedades Merlot, Cabernet Sauvignon, Cariñena, Cabernet Franc e Marselan. Cor rubi intenso. Nariz potente, complexo, aromas balsâmicos, eucalipto, café, mineral. Paladar concentrado, taninos domados, sedoso, excelente estrutura. Perfeito com o conill ambs herbes al vi negre, o coelho ao vinho tinto, chocolate e amêndoas, típico da Catalunya.
92 pontos
Onde: Vinci (Tel: 21 2236 5390) |
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Ahnis Fraga
Paulo Salerno
Carlos Teles
Cesar Galvão