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Uma das lendas vivas do vinho italiano, o Marquês Piero Antinori tem, por trás de si, nada menos que seiscentos anos de dedicação ao vinho! Tudo começou em 1385, com seu tataravô homônimo, na magnífica Florença, coração da Toscana. Hoje, comandado pelo Marquês e por suas três filhas, Albiera, Allegra e Alessia, o império Antinori se estende por todo o mundo, elaborando vinhos de qualidade nos EUA, Hungria, Chile, Malta e em boa parte da Itália. Nosso grupo, mais uma vez liderado por José Grimberg, da Bergut, visitou as principais propriedades Antinori da Toscana - incluindo o ancestral Palazzo Antinori, no centro de Florença - e seus principais vinhedos e adegas da região. Melhor ainda, ficamos hospedados em Fonte de Medici, um burgo do séc. XV, localizado na área do Chianti Clássico, onde além dos vinhos, desfrutamos da hospitalidade dessa incrível família!

A Fonte de Medici é o lugar ideal para quem quer voltar no tempo com todo o conforto, tranqüilidade e ... isolamento, pois o povoado mais próximo, Montefiridolfi, fica a 1,5 km. A confortável Trattoria della Fonte, no térreo do prédio principal, foi o palco de nossa primeira harmonização, combinando um menu típico regional - massa fresca, carne bovina grelhada e cozida e queijos de leite de ovelha - com os vinhos Villa Antinori IGT Bianco e Rosso. Parece que o clima e o ambiente toscano propiciam um upgrade nos atributos sensoriais dos caldos. Nada como degustar um vinho em seu local de origem. O grand finale da noite foi o estupendo Chianti Classico Riserva Badia a Passignano 2005, um dos melhores que já provamos. Após o jantar, a temperatura de 8º C e o céu profusamente estrelado foram decisivos para o consumo de duas garrafas de Grappa Tignanello e alguns puros de Havana. Foi difícil achar o caminho do aposento...

O dia seguinte, domingo, foi para rever Florença. Ah Florença! Quanta beleza, quanta história, quanta arte! Além do deslumbramento, é obrigatório acariciar o focinho do cinghiale de bronze, fazer um pedido e, depois, entrar num restaurante local e pedir uma suculenta bistecca a la fiorentina! Mais um jantar em Fonte de Medici, pouca variação no menu e nos vinhos (com todo o respeito ao nosso anfitrião, desta vez degustamos um excelente Chianti Classico Poggio Rosso 2001 e um prodigioso Castello Banfi Brunello di Montalcino 2001) e uma boa noite de sono. Estávamos prontos para iniciar nossa peregrinação enogastronômica pela Toscana. A 400 metros, fica a Tenuta Tignanello, onde são elaborados o vinho do mesmo nome e o top Solaia. Fomos a pé, lógico. Lá nos esperava nosso cicerone, nada menos que Sua Eccellenza Duca Vittorio Mazzetti d'Albertis, um Duque, amigo íntimo do Marquês, que ajuda na recepção de visitantes VIPs! A Tenuta é uma linda propriedade cercada de vinhedos (o principal deles é o Santa Cristina) e em seu ponto mais alto fica a mansão-sede e a adega. Respira-se história e fidalguia. Degustamos a ótima vertical do Chianti Classico Riserva Marchese Antinori 1993/1996/1999/2001/2004,encerrando com um Tignanello 2005. Só faltou o Solaia, que pena!

Conduzidos pelo agora amigo Duca Vittorio, chegamos a outro bastião toscano dos Antinori, a Badia de Passignano, que fica a 3 km de Tignanello. A propriedade, de 215 ha, domina o pequeno vilarejo com suas encostas de vinhedos e uma imponente construção, que segundo consta, foi erguida no séc. IV! Desde 1987, os vinhedos pertencem a Antinori, que ocupa também as caves do mosteiro. As clausuras pertencem, há séculos, aos monges Vallombrosani, que lá habitam até hoje. Se uma cave normal já emociona, imaginem uma cave de um mosteiro de 1400 anos! É indescritível! Por outro lado, como o ambiente é usado exclusivamente para repouso e amadurecimento dos néctares, é difícil permanecer durante muito tempo no local, por ser pouco arejado e muito bolorento. Por isso e muito a propósito, nossa degustação seguinte ocorreu na La Bottega e Osteria di Passignano, construída em 1995 por Allegra Antinori, ao lado da Badia. Foi a oportunidade para um "abbinamento" em grande estilo, vejam só.
À noite, com o fechamento semanal da Trattoria della Fonte, retornamos a Passignano para jantar na L'Antiqua Scuderie, onde degustamos a melhor pizza de nossa vida (havia até pizza de trufas, imaginem só!), regada, como não poderia deixar de ser, com muito Badia a Passignano.

Para completar a visita ao melhor de Antinori, só faltava uma ida a Bolgheri, na região de Maremma, junto ao mar. E fomos à Tenuta Guado al Tasso, belíssima propriedade de 1.000 ha, dos quais 300 plantados com vinhas. As terras pertencem a antepassados dos Antinori, há doze séculos! Na década de 30 do século passado, ocorreu a mais recente divisão, entre a mãe e a tia de Piero Antinori, proprietária da Tenuta San Guido, também voltada à vitivinicultura e de onde sai um dos ícones italianos modernos, o Sassicaia (também estivemos lá e contaremos em um de nossos próximos artigos). Bem, entrar em Guado al Tasso também dá um certo frisson. Afinal, em nossa opinião (e de muitos coroados), este vinho é a obra-prima de Antinori. O bom é que lá se produzem outros vinhos de muito bom custo-benefício, como o delicioso rosado Scalabrone 2007 e o instigante segundo vinho, Il Bruciato 2006. Melhor ainda é que a recepção foi super calorosa, fomos agraciados com um belo almoço harmonizado na sala principal da mansão-sede e nos sentimos realmente como se estivéssemos em casa. Só duas ressalvas: não encontramos com o Marques e nenhuma de suas filhas e mais uma vez aprendemos a lição de ter muito cuidado ao comprar vinhos diretamente em vinícolas. A garrafa de Guado al Tasso que compramos por 70 euros na fonte, estava por 55 euros no comércio de Firenze. Mamma mia!!
 
Fotos da viagem
Badia a Passignano Dupla de ouro Guado al Tasso
O Cinghiale da sorte! Tignanello Tignanello
Comentários
Eugênio Oliveira
Enófilo
Brasília
DF
04/03/2010 Caro Homero,

Como você mesmo pôde comprovar mais uma vez, comprar vinho em vinícola é uma verdadeira arapuca. Ao invés de eles prestigiarem os visitantes, tratam-nos como trouxas (também já fui tratado assim), aproveitando do entusiasmo de estar ali, e nos vendem mais caro do que no comércio.

Parece aqueles brinquedos da Disney, que antes de sair você passa obrigatoriamente pela loja de souvenirs e cheio de emoção compra até aquela cartola roxa.
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]