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| Vinhos de guarda Maximo Boschi |
Quando um amigo comentou sobre os vinhos Maximo Boschi, achei que estava falando de uma vinícola da Itália ou da Argentina, mas me enganei: é uma das vinícolas localizadas no Vale dos Vinhedos. Isto só fez aumentar minha curiosidade, pois como que eu, que sempre procuro acompanhar todas as novidades referentes aos vinhos do Vale, ainda não tinha ouvido falar nela?
Para desvendar essa surpresa, entrei em contato com Renato Savaris, um dos enólogos da empresa para agendar uma visita. Na conversa com Renato uma das primeiras coisas que perguntei foi sobre a origem do nome Maximo Boschi, que é uma homenagem a dois familiares de Renato, um avô e um tataravô.
A ideia dos sócios Renato Savaris e Daniel Dalla Valle, também enólogo responsável pelos produtos, é ousada e diferente das demais vinícolas do Vale dos Vinhedos. Quando falamos em Maximo Boschi estamos nos referindo a vinhos envelhecidos.
"Nossa proposta é de produtos do Velho Mundo, vinhos de estrutura, vinhos macios pelo tempo de envelhecimento em garrafa. São vinhos de guarda. Trabalhamos 100% a variedade e 100% a safra, obtendo vinhos únicos e com características diferentes em cada vez", aponta Renato.
Infelizmente, os vinhos não são fáceis de serem encontrados, nem mesmo na região, pois a vinícola não possui ainda um varejo e nem recebe visitantes. Por meio de uma parceria utiliza a estrutura de vinificação e de armazenamento de outra vinícola localizada no Vale dos Vinhedos, a Cave de Pedra. Segundo Renato, esse tipo de parceria na terceirização dos processos de vinificação é muito comum em outros paises e, sobretudo, muito bom para as pequenas vinícolas que podem reduzir custos em estrutura e equipamentos. Olhando de fora, é como se ter uma vinícola dentro de outra!
Com uma pequena produção - 15 mil garrafas ao ano - e vinhedos próprios localizados na Linha Alcântara, a safra mais antiga engarrafada e à venda é a do ano 2000. Passeando pela cave de envelhecimento pode-se perceber o tempo de guarda dos vinhos observando o pó e a poeira acumulada em cima das garrafas.
Os primeiros produtos Maximo Boschi foram os vinhos tintos e a comercialização iniciou em 2005. Nesse período, o vinho estava muito duro, relata Renato, e isso gerou mais empolgação e, por sua vez, confirmou a potencialidade de guarda dos mesmos.
A Maximo Boschi possui apenas dois varietais de vinhos tintos, o Cabernet Sauvignon e o Merlot, ambos com um ano de envelhecimento em barricas de carvalho francês e da safra de 2000!!! O Cabernet Sauvignon possui aromas de frutas vermelhas, compotas, café e especiarias (12,5%). E o Merlot, aromas de frutas caramelizadas, chocolate e tabaco, com paladar estruturado, apresentando taninos doces, pouco agressivos e maduros (12,3%). A sugestão de Renato é utilizar um decanter ou deixar um tempo parado na taça para que os dois vinhos tintos possam desprender os aromas de envelhecimento. Na degustação, o Merlot apresentou aromas de geléias após alguns minutos parado na taça.
Há apenas um vinho branco, o Chardonnay Speciale, da safra 2007 (13,5%). Permaneceu um ano em aço inox, sofreu a estabilização tartárica e foi engarrafado permanecendo no mínimo seis meses para amadurecimento final. Na visão, é límpido e brilhante com coloração palha e reflexos esverdeados. No olfato revela muito abacaxi e maçã, com toques de baunilha e chocolate branco. Na boca uma persistência prolongada e frutada, sem aquela característica enjoativa do amanteigado, muito característico dos vinhos elaborados com uva Chardonnay. Este vinho recebeu Medalha de Prata no V Concurso Internacional de Vinhos do Brasil em julho deste ano.
Atualmente, a maior produção da Maximo Boschi é de espumantes e, na minha opinião, esses vinhos foram os que mais se destacaram na degustação. São dois espumantes Brut elaborados pelo método tradicional, que possuem um grande diferencial: são os primeiros espumantes Brut 100% barricados. O Brut Maximo Boschi Tradizionale é elaborado com 70% de Chardonnay e 30% de Pinot Noir (safra 2009) e ficou em autólise por 12 meses. Na coloração, amarelo-esverdeada, límpida e brilhante. Paladar agradável e refrescante com aromas de figo.
O Brut Maximo Boschi Speciale com 60% Chardonnay e 40% Pinot Noir (safra 2006), ficou em autólise por 36 meses para obter estrutura e complexidade. Coloração dourada com reflexos esverdeados e borbulhas finas e persistentes. Olfato fino de frutas frescas, abacaxi e maçã. Paladar com persistência longa em harmonia com a acidez. Retrogosto com notas marcantes e elegantes de baunilha e tostados.
De todos os vinhos Maximo Boschi, o mais vendido é o Espumante Brut Speciale e a qualidade e o tempo de envelhecimento deste espumante são facilmente percebidos na degustação, devido a sua elegância nos aromas.
Na linha de produtos Boschi, há outro Brut pelo método Charmat e um Moscatel, ambos produzidos a pedido de clientes e comercializados, exclusivamente, em eventos. Além de suco de uva Integral e Integral Orgânico.
Dentre as ideias futuras dos sócios, está a elaboração de vinhos com características de região (Serrana, Campanha) e vinhos de corte, incluindo outras castas. Assim que esgotarem os vinhos varietais da safra 2000, a próxima safra a ser comercializada será a de 2004. Em outubro está previsto o lançamento do espumante Extra Brut.
Há também a necessidade de criar uma estrutura para recebimento de turistas e um ponto de venda (varejo) no Vale dos Vinhedos, pois, "o Vale é uma grife, é uma credencial de qualidade de produtos".
Em poucas palavras: Maximo Boschi, uma proposta de longevidade expressando as características de cada safra e seu tempo de envelhecimento. Não são vinhos para qualquer paladar, devido a seus aromas mais complexos... contudo, possuem um ótimo custo-benefício frente a sua proposta de envelhecimento (dez, onze anos de guarda). O patamar inicial de venda é de R$ 40,00 a garrafa, dependendo do vinho ou do espumante e seu tempo de guarda.
Como adquirir os vinhos? Em lojas e distribuidores em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Entre em contato com Renato Savaris, fone (54)9113-1314 ou pelo e-mail [email protected] ou ainda pela página da empresa
www.maximoboschi.com.br. |
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Marcus Silva
Sidnei Rogério Pegoraro