|
 Para não esquentar a cuca
Este é um verão quente. Daqueles em que a gente sai do banho suando mais do que entrou. Noves fora o conforto que um bom ar condicionado pode proporcionar, não é o melhor momento para degustar um tinto encorpado, estruturado, potente. Há opções melhores. Pode ser um espumante, um rosado, ou mesmo um tinto leve. Mas a melhor de todas as possibilidades é um bom vinho branco, servido na temperatura certa. Dependendo da escolha, pode acompanhar uma salada, um peixe, frutos do mar, uma massa com um molho leve, um risoto, comida japonesa, tailandesa, entre outras opções.
Entre os brasileiros, ainda há um preconceito injustificado contra o vinho branco. Talvez o trauma de experiências ruins, de bebidas de má qualidade degustadas, como o alemão da garrafa azul que dava uma baita dor de cabeça na manhã seguinte. Há também um pouco de desinformação. Mas a coisa parece estar mudando. A julgar pela oferta de rótulos nas importadoras, o consumidor está começando a se abrir para os brancos. Com nosso calor senegalês, melhor impossível.
As mais populares uvas brancas são chardonnay e sauvignon blanc. A primeira é a rainha da Borgonha, e uma espécie de cabernet-sauvignon das uvas brancas: cresce em qualquer lugar que pretenda produzir vinho. De fato, todo país vinícola tem um chardonnay para chamar de seu. E com uma diversidade impressionante. Embora feitos com a mesma uva, um chablis jamais será igual a um chardonnay argentino, por exemplo. A cepa pode gerar desde vinhos simples, frescos e fáceis, bons para o dia-a-dia, como brancos complexos, intensos, longevos, verdadeiras obras de arte. A sauvignon blanc é uma uva francesa por excelência, mas que se redescobriu na Nova Zelândia. Chile e África do Sul também têm conseguido bons resultados com a casta.
E há muito mais a provar no universo dos brancos. Uvas francesas como riesling, chenin blanc, gewürztraminer, semillon e viognier há muito já romperam fronteiras e se espalharam mundo afora. Ainda na França, como pensar em ostras sem associar a um bom muscadet? As italianas pinot grigio, vermentino, arneis e inzolia são outras cepas que geram vinhos interessantes. Em Portugal, a alvarinho, arinto, a antão vaz, a fernão pires e a encruzado merecem atenção. Na Espanha há bons brancos feitos com a garnacha blanca, a verdejo, a albariño e a viura. A austríaca grüner veltliner gera vinhos ótimos, frescos e fáceis, que combinam perfeitamente com nosso calor. A suíça petite arvine é uma jóia rara. A húngara furmint, idem. Na Argentina, na mão de um bom produtor, a torrontés gera vinhos aromáticos e com um belo frescor. Por aqui, fazemos bons brancos, como os sauvignon blancs da Villa Francioni e da Dal Pizzol, o pinot grigio e o viognier da Miolo e o chardonnay de Vilmar Bettú, entre outros. Há ainda malvasia, marsanne, roussanne, ugni blanc, albillo, grillo, aligoté, airén, e por aí vai.
O importante é provar. Dar chance aos muitos bons brancos que temos por aqui. E experimentar uvas diferentes. Fugir do óbvio. Achar o vinho que combina com o gosto, com o prato e com o bolso. E com o calor escaldante de verão, se refrescar com um branquinho é o que há de melhor. Xô, preconceito!
Alexandre Lalas |
|
Vinhos degustados |
YAUQUÉN CHARDONNAY 2007 Vale de Uco, Argentina Quando a gente imagina um chardonnay argentino, o que vem a cabeça é untuosidade, peso, força. Esse, feito pela Ruca Malén não é nada disso. É frescor, vivacidade, juventude. É cítrico e floral. Na boca, confirma o que o nariz promete. Um vinho agradável, para beber sem compromisso nem grandes pretensões, mas com muito gosto. Nota: 8 Preço: R$ 30 Onde: Hannover (2259-9137)
GRÜNER VELTLINER KAMPTALER TERRASSEN 2007 Kamptal, Áustria Os brasileiros deveriam provar mais os vinhos feitos com a grüner veltliner. Esta casta tem tudo a ver com nosso clima quente. Este vinho é uma beleza. No nariz, flores brancas, lima, maçã. Na boca, frescor e mineralidade, com um leve toque apimentado no final. Bom para queijos de cabra com ervas, frutos do mar, salmão defumado ou mesmo como aperitivo em um dia de forte calor. Nota: 8,5 Preço: US$ 42,90 Onde: Mistral (2274-4562)
MAÎTRE DE CHAIS PETITE ARVINE 2005 Valais, Suíça Cor amarelo-ouro, com aromas de frutas maduras, notas de anis e um toque mineral. Na boca, é fresco, potente, vigoroso e com um final longo e doce. Está pronto para beber, mas tem capacidade para envelhecer com dignidade. Vai bem com peixes defumados. Nota: 9 Preço: R$ 78 Onde: Vitis Vinífera (2235-3968)
SANCERRE LES BELLES DAMES SILEX 2006 Sancerre, França O vale do Loire é a capital francesa da sauvignon blanc francês. E Pascal Gitton sabe bem o que fazer com a uva. Este vinho é mineral, fresco, bem seco. Um típico sancerre. Bom para ostras, frutos do mar e mesmo um queijo de cabra. E com um preço bem justo. NOTA: 8,5 Preço: R$ 76 Onde: Nova Fazendinha (2471-3654) |
|