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    Região de Aragão

    A Espanha é um dos países que apresenta o melhor custo-benefício para a compra de vinhos. Lá, com cinco euros (cerca de R$ 15) o sujeito compra uma garrafa decente de um bom tinto. Além das regiões tradicionais, como Rioja, Ribera del Duero e Priorato, existem outras áreas que, há coisa de duas décadas, sequer figuravam nos manuais de vinho. E é de lugares assim que têm saído, com frequência cada vez maior, coisas fantásticas a preços bem convidativos. São áreas como Bierzo, no noroeste espanhol, e Jumilla, no sudeste do país. Mas, sem sombra de dúvida, nenhuma outra região tem apresentado tanta qualidade com quantidade como o Aragão.

    Situado no nordeste espanhol, aos pés dos Pirineus, a região conta com quatro denominações de origem: Cariñena, a mais antiga; Campo de Borja, Calatayud e Somontano, mais nova e mais conhecida das quatro.

    Se nas três primeiras denominações a garnacha tinta reina soberana, em Somontano uma política de abertura permitiu aos viticultores experimentarem outras castas, com sucesso. Além da garnacha, tempranillo, merlot, cabernet-sauvignon, syrah, chardonnay e até mesmo a pinot noir apresentam bom resultado na região. O que impressiona é o fato de que há 20 anos a região praticamente não existia no mapa do vinho espanhol. A coisa começou a mudar em 1984, quando Somontano ganhou o status de denominação de origem. Outro fator é que os bodegueiros locais souberam, como poucos, entender e atender as necessidades de um mercado em transformação. Hoje em dia, Somontano está na linha de frente das zonas vinícolas espanholas, terra de tintos e brancos que recebem notas altas da crítica especializada, com um rota turística estabelecida e procurada, tanto por espanhóis como por estrangeiros. Entre as vinícolas locais, destacam-se Enate, Viñas del Vero, Bodega Pirineos, Lalanne, Fábregas e Laus, entre outras.

    Calatayud talvez seja a mais promissora de todas as quatro regiões aragonesas. O lugar sempre foi conhecido pela fruta extraordinária que produzia. As condições naturais de lá são excepcionais para a videira. A vindima raramente começa antes do meio de outubro, quando a maioria das outras regiões já encerrou a colheita. A amplitude térmica e alta e o lugar é extremamente seco, por conta da altitude. E abundam as vinhas velhas de garnacha, com mais de 50 anos de idade, de produção pequena. De 1990 para cá, a região começou a se organizar e a qualidade dos vinhos não parou de crescer, e o que é melhor, os preços continuam excelentes. A prova, é que 76% da produção local são exportadas. Isto se deveu à estratégia das vinícolas locais, que preferiram buscar espaço fora da Espanha a enfrentar um mercado feroz e saturado de novos produtores. Niño Jesus, Albada, Jalón, San Gregorio, Agustin Cubero, Langa Hermanos, San Alejandro (que faz o ótimo Baltasar Gracián) e Virgen de La Sierra são alguns dos produtores locais que merecem atenção.

    Cariñena é a mais tradicional das denominações do Aragão. Mas, neste caso, tradição não se reflete em melhores vinhos. A região talvez seja a mais irregular das quatro. Na mão de bons produtores, a garnacha gera vinhos ótimos, macios, complexos, longevos. Mas, infelizmente, ainda há muita gente no lugar que privilegia a quantidade e lança vinhos de baixa qualidade no mercado. Entre os bons produtores estão Esteban Martín, Bodegas del Señorio, Perdiguer, San Valero, Solar de Urbezo, Monfil, Señorio de Aylés e Sucesores de Manuel Piquer.

    A outra região do Aragão é Campo de Borja. O lugar fica entre duas zonas vinícolas tradicionais, Rioja e Cariñena. Ali não houve migração de grandes empresas, nem tampouco investidores endinheirados ávidos por tornarem-se viticultores. A região cresceu com o esforço coletivo das produtores locais. E no caso, a união fez a força. De 900 mil garrafas vendidas em 1991, Campo de Borja saltou para 15 milhões em 2006, sendo que metade disso para o mercado externo. Borsao, Bordejé, Caytusa, Bodegas Aragonesas, Mareca e Agro-Frago são algumas das melhores vinícolas da região.

    Alexandre Lalas
     
    Vinhos degustados
    CAPELLANIA BLANCO RESERVA 2003
    Rioja, Espanha
    A Marqués de Murieta faz este esplêndido branco, produzido com a uva viura e envelhecido por 18 meses em barricas de carvalho francês e americano. No nariz, damasco e pêssego, com um ligeiro toque de oxidação. Na boca, uma acidez impecável e um final longo e prazeroso. Vai bem com peixes defumados ou com uma bela paella.
    Nota: 9
    Preço: R$ 115
    Onde: Expand (2220-1887)

    TANAGRA 2005
    Vale do Casablanca, Chile
    Feito exclusivamente com a syrah, no frio vale de Casablanca, é o top de linha da Villard. E um vinhaço. No nariz, intensidade e finesse. Na boca, frescor, delicadeza, complexidade. O gole acaba e o vinho fica lá, interminável. Perfeito com um cordeiro.
    Nota: 9,5
    Preço: R$ 304
    Onde: Decanter (2286-8838)

    DEEN DE BORTOLI VAT 4 PETIT VERDOT 2005
    Riverina, Austrália
    Eis uma bela chance de provar um vinho feito com a difícil petit verdot a preço bom. No nariz, um leve toque vegetal, ameixa e amora. Na boca, taninos vibrantes, acidez alta, fruta, pimenta e um toque de coco no final. Bom para carnes de caça.
    Nota: 8
    Preço: R$ 38,40
    Onde: Zona Sul (2122-7070)

    KAIKEN ULTRA MALBEC 2006
    Mendoza, Argentina
    Projeto dos chilenos da Viña Montes, na Argentina, esta vinícola é um sucesso comercial. E, este malbec em particular, um golaço. No nariz, violeta, cassis, amora e chocolate. Na boca, suavidade, maciez e uma relativa doçura equilibrada por uma perfeita acidez. Bom companheiro para carnes vermelhas.
    Nota: 8,5
    Preço: US$ 34,50
    Onde: Vinci (2236-5390)
    Comentários
    Jesus Ruiz
    Itaipava
    RJ
    23/02/2009 Ou, não entendi o tema ou os vinhos estao errados, fala das DO´s da comunidade de Aragão e os vinhos degustados nada tem a ver.

    Outra coisa, volto a dar minha opinião que paella, mesmo de marisco, como tem azafram, é comum beber tintos (alem do gosto do comensal).

    Jesus, a coluna do Lalas é composta de dois tópicos independentes:

  • uma matéria sobre um tema específico;
  • os vinhos que o colunista degustou recentemente, que podem ou não ter a ver com o assunto da matéria.

    Abraços,
    Oscar
  • José Paulo Schiffini
    Armação de Buzios
    RJ
    23/02/2009 Caro Alexandre é sempre bom ler seus comentários.

    Parabéns, você enriqueceu o Enoeventos.

    Schiffini
    Brigitte Stida
    Rio de Janeiro
    RJ
    23/02/2009 Concordo com Ruiz.

    Há que se desmistificar alguns paradigmas criados no Brasil, como por exemplo: queijos de cabra com tintos menos encorpados. A cepa malbec ou cot, que produz, na sua origem, em Cahors, um vinho com muita estrutura, acompanha, em todas as mesas, o cabécou - queijo de cabra típico da região.

    Abraços.
    Oscar Daudt
    Rio de Janeiro
    RJ
    25/02/2009 O vinho australiano DEEN DE BORTOLI VAT 4 PETIT VERDOT 2005, recomendado pelo Lalas, entrou hoje em promoção no Zona Sul e está custando R$29,80, por uma semana. Aproveitem!
    Mauro Raja Gabaglia
    Rio de Janeiro
    RJ
    26/02/2009 Grande Oscar,

    Parabéns pelo upgrade em seu site (se é que isso ainda era possível), com a coluna do Lalas. Eu sou fascinado pelos vinhos da Espanha, de excelente custo-benefício, e é sempre bom saber mais sobre suas diversas denominações e castas.

    Abraços.
    EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]