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    Castas impronunciáveis

    Quando as pessoas pensam em vinho grego, a primeira coisa que lhes vem à cabeça é o tradicional retsina, vinho branco em que, antes ou durante a fermentação, são adicionados ao mosto pedaços de resina de pinheiro de Alepo. Muita gente odeia e sequer considera a bebida um vinho de fato. Eu gosto. Beber um resinado é como viajar no tempo, já que sua origem remonta à Antiguidade. Mas o fato é que a indústria vinícola grega tem muito mais a oferecer do que os vinhos resinados. E nos últimos anos, os brasileiros têm começado a descobrir estas opções.

    O país é repleto de castas autóctones, com nomes quase impronunciáveis. Para os que curtem descobrir uvas diferentes, é uma beleza. Entre as brancas, destaque para a savatiano e a assyrtikó. A primeira é a mais plantada uva grega, comumente usada na produção dos resinados. Infelizmente, é associada a vinhos de baixa qualidade. Recentemente, bons produtores têm conseguido resultados interessantes com a savatiano. A assyrtikó é originária de Santorini. Costuma gerar brancos minerais e ricos em acidez.

    Outras três uvas brancas gregas merecem atenção: malagousia, moschofilero e robola. A malagousia estava praticamente extinta há 20 anos atrás. E se não sumiu de vez de mapa, muito se deve ao trabalho de Vangelis Gerovassiliou, então enólogo da Carras Estate, vinícola de Calcídica. Os primeiros varietais de malagousia apareceram no mercado no começo dos anos 1990. Aromas de flores brancas são comuns a vinhos feitos com esta uva, principalmente nos que não passam por madeira. A moschofilero é bastante popular na Grécia. Gera brancos com muita intensidade aromática, semelhante aos feitos com muscat e gewürztraminer. A robola é a principal cepa da Cefalônia e das Ilhas Jônicas. Seus vinhos costumam ser frescos, vivos e cítricos.

    Entre as tintas, muita diversidade. A principal uva é a agiorgitiko. Versátil, pode ser usada na produção de rosados, tintos leves ou encorpados e até vinhos de sobremesa. Nemeia, no Peloponeso, é de onde saem os melhores feitos com a casta. A mavrodaphne é uma das mais conhecidas uvas da Grécia. Muito por conta do vinho de sobremesa epônimo, feito em Patras. Lembra muito um porto tawny. Outra uva tinta interessante é a xinomavro. Pobre em cor e rica em acidez, costuma ter aromas florais com toques de especiarias. Típica de Creta, a kotsifali é mais usada em cortes, principalmente com a mandilaria. Uma das mais antigas uvas gregas, a limnio também é mais usada em blends.

    O mapa do vinho grego é dividido em onze regiões oficiais, que abrigam 28 apelações de origem. As regiões são Trácia; Macedônia; Epiro; Tessália; Grécia Central e Ática; Peloponeso; Ilhas Cíclades; Rodes; Cefalônia e Ilhas Jônicas; Limnos, Samos e Ilhas do Egeu; e Creta. Na última década, investimentos pesados, tanto nas vinhas quanto nas cantinas, transformaram o perfil do vinho grego. A busca pela qualidade passou a ser uma obsessão entre os bons produtores. No Brasil, algumas importadoras têm apostado, com algum sucesso, nos gregos. A Mistral traz bons rótulos de Gaía, Gerovassiliou e Antonópoulos. A Vinci aposta nos vinhos da gigante Boutári e da tradicional Cambás, de propriedade da Boutári. A Expand importou vinhos do Château Nico Lazaridi.

    Quem estiver interessado em saber mais sobre os vinhos gregos terá uma excelente oportunidade na próxima terça-feira, dia 24. A SBAV/RJ vai promover um jantar harmonizado em comemoração ao dia da independência da Grécia. Serão cinco pratos preparados pela chef Rula Simões acompanhados por cinco vinhos gregos da importadora Vinci. A farra acontecerá na Confraria Carioca, loja de vinhos que fica no Shopping Rio Plaza, em Botafogo. As reservas podem ser feitas pelo telefone 2537-2484.
     
    Vinhos degustados

    Barda 2007
    Patagônia, Argentina
    Produzido por um italiano no coração da Patagônia argentina, este é um pinot noir do Novo Mundo com cara de pinot noir do Velho Mundo. Complexidade e persistência aromática, elegante, com notas de rosas e um toque mineral. Na boca, frescor e intensidade, mas o álcool presente demais esconde um pouco a fruta.
    Nota: 8,5
    Preço: R$ 130
    Onde: Expand (2220-1887)

    Pater 2006
    Toscana, Itália
    Vinho simples e fácil da Frescobaldi, feito com a sangiovese. É frutado, leve, fresco, macio e com um final levemente doce. Perfeito para massas com molho vermelho.
    Nota: 8
    Preço: R$ 72
    Onde: Grand Cru (2511-7045)

    Agiorgitiko by Gaía 2006
    Nemea, Grécia
    Principal uva tinta da Grécia, a agiorgitiko é perfeitamente traduzida neste vinho. Estruturado, equilibrado, acidez perfeita e com aromas intensos de fruta vermelha. Para quem deseja experimentar um grego de qualidade, vale a dica.
    Nota: 8,5
    Preço: US$ 47,50
    Onde: Mistral (2274-4562)

    Boutári Moschofilero 2006
    Mantínia, Grécia
    Belo exemplar desta tradicional uva branca da Grécia. No nariz, flores brancas e toques cítricos. Na boca, frescor, intensidade e um final longo com notas de laranja e rosas brancas.
    Nota: 8,5
    Preço: US$ 32,90
    Onde: Vinci (2236-5390)
    Comentários
    Rula Simões
    Fazenda do Cedro
    Petrópolis e Rio de Janeiro
    RJ
    22/03/2009 Excelente artigo!

    Gostaria apenas de complementar mencionando os vinhos de sobremesa produzidos principalmente na Ilha de Samos e na cidade de Patras, no Peloponeso. O Moschato, dizem alguns, é precursor do Moscato de Pantelleria e do Moscatel de Setúbal. Vale a pena provar acompanhando principalmente o baklavá, sobremesa feita com nozes, amêndoas e mel.

    Kalí Órexi (Bom Apetite)
    EderHeck
    Mr. Lam
    Rio de Janeiro
    RJ
    22/03/2009 Caro Lalas,

    parabéns pela diversidade de suas colunas, isso é muito importante para os amantes do vinho.

    Bebemos um Boutári Shiraz em uma degustação às cegas promovida pela importadora Vinci, e qual nào foi nossa surpresa, ele foi o vencedor. Quebrar regras é o grande barato desta Bebida.

    Saudações tricolores rsrsrs.....
    Cesar Galvão
    Rio de Janeiro
    RJ
    22/03/2009 Bravo, Lalas!

    Muito bom o artigo. E melhor ainda a iniciativa do jantar grego. Fico realmente feliz em ver mais e mais pessoas por aqui prestando atenção nos vinhos desse país riquíssimo em castas e estilos.

    Pessoalmente, tenho uma paixão pelos vinhos gregos. Poucos sabem, mas meu interesse por vinhos começou a partir do contato com gregos e os vinhos de lá. Eram os anos 90 e eu vivia em Astoria, o bairro novaiorquino que, se estivesse localizado na Grécia, seria a segunda cidade do país em número de cidadãos gregos. Enfim, do primeiro amor a gente nunca esquece...

    Pra finalizar, acrescentaria outras dicas de vinhos gregos comercializados por aqui. O tinto Avaton, do Gerovassiliou, feito apenas com castas autóctones (Mavroudi, Mavrotraganó e Limnió) é um dos meus preferidos. Entre os brancos, o Kallisti, da Boutari, é o melhor assyrtiko que já provei. E, para os que gostam de dessert wines, a pedida é o Mavrodaphne do Antonopoulos. Simplesmente delicioso e vc nem sente os 19° de álcool.

    Aos amigos que um dia estiverem pela Grécia, vale a pena buscar os vinhos do produtor Lyrarakis, que faz brancos fantásticos na ilha de Creta. E tb os da Biblia Chora, uma pequena propriedade em Kavala, na Macedônia.

    Abraços a todos,
    Cesar
    Daniel Gonçalves
    Goiânia
    GO
    24/03/2009 Recomendo a importadora Aegean, especializada em produtos Gregos, os melhores vinhos gregos são trazidos por ela:

  • O Retsina Kourtaki o mais popular na Grécia.
  • O Kouros Nemea 2003 Best Value Wine Spectator, 83 pts Wine Enthusiast
  • O Koutakis Mavrodaphne of Patras WS 87 pts

    Mais informações www.aegean.com.br

    Saudações!
    Daniel Gonçalves
    [email protected]
  • EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]