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Entre as uvas tintas, ela é a tal. Em Bordeaux, a rainha. E como toda princesa que se preza, é rebelde e difícil enquanto jovem. Mas com o tempo a maturidade vem, e ela mostra toda a sua capacidade de encantar. Esta é a cabernet-sauvignon. De personalidade forte, dura, às vezes temperamental. Plantada da China à Argentina, em quase todo lugar que pretenda ser um país produtor de vinhos, é a casta mais popular do planeta. Longe. A pele é bem escura e grossa, o que a torna resistente a pragas, doenças e outras intempéries. O caroço é pequeno e redondo. Com boa presença de taninos, suporta bem o estágio em madeira. E tem uma enorme capacidade de envelhecimento.
O berço da cabernet-sauvignon é a França. Plantada desde tempos imemoriais, é um cruzamento entre a tinta cabernet franc e a branca sauvignon blanc. Seus aromas mais comuns são cassis, cereja preta, mirtilo, pimenta, aspargos, azeitona verde e gengibre. Quando passa em madeira, pode apresentar aromas de baunilha, coco, fumo. Com a idade, mostra aromas de couro, chocolate, café, terra. Além de adicionar aromas típicos do solo onde é plantada. No vale do Maipo, no Chile, é comum a cabernet-sauvignon apresentar notas de mentol ou eucalipto, principalmente em vinhos muito jovens.
Sua resistência e capacidade de adaptação espalharam a cabernet muito além das fronteiras da França. Mesmo em países como Itália, Portugal e Espanha, repletos de tradição e castas autóctones interessantíssimas e populares, a cabernet está lá, gerando vinhos de primeira linha. Seja soberana ou mesmo cortada com outras uvas. No Novo Mundo, a presença da uva é ainda mais expressiva. Na Califórnia, especialmente nos vales do Napa e de Alexandre, adaptou-se maravilhosamente bem. Alguns dos grandes vinhos americanos como Opus One, Château Montelena, Caymus e Stag's Leap são feitos com ela. No Chile, gera clássicos incontestes, como Almaviva, Don Melchor e Montes Alpha M. Na Argentina, noves fora a popularidade da malbec, é com a cabernet-sauvignon que são feitos os melhores vinhos do país. O mesmo ocorre na África do Sul e na Austrália. A uva também cresce muito bem em países como Líbano, Croácia e Eslovênia. E mesmo na China, gera vinhos potáveis. Entre os principais países produtores de vinho, apenas na Alemanha e na Nova Zelândia a cabernet não consegue a sua melhor expressão.
No Brasil, a cabernet-sauvignon ainda busca sua casa. O vale dos Vinhedos, definitivamente, não é o melhor lugar para ela. Ali, a uva raramente consegue o amadurecimento que precisa para mostrar todo o seu potencial. Mas coisas interessantes têm saído de outras áreas, como em São Joaquim, em Santa Catarina, e na Campanha, no Rio Grande do Sul. O Quinta do Seival Cabernet Sauvignon, da Miolo, feito na Campanha, é um dos bons rótulos feitos com a cepa por aqui. |
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Vinhos degustados |
Château Mouton-Rothschild 2003 Pauillac, França Um dos grandes vinhos do mundo, feito majoritariamente com a cabernet-sauvignon, em uma safra atípica. O quente ano de 2003 gerou um vinho com aromas intensos de fruta bem madura, com um toque de pimenta. Na boca, é tudo de bom. Tem frescor, estrutura, textura, maciez e um final interminável. Decante por pelo menos uma hora. Nota: 9,5 Onde: Mercado Livre (www.mercadolivre.com.br) Preço: R$ 1.390
Quinta do Seival Cabernet Sauvignon 2005 Campanha, Brasil Se no Vale dos Vinhedos a cabernet-sauvignon não vai lá muito bem, na Campanha a história é outra, como bem prova este Quinta do Seival. Aromas de frutas vermelhas, chocolate e um toque de café. Na boca, é macio, elegante, com taninos finos e bom final. Do mesmo nível da safra anterior. Nora: 8,5 Onde: Miolo (3077-0150) Preço: R$ 45
Lazuli Cabernet Sauvignon 2003 Vale do Maipo, Chile A fama do Chile no mundo do vinho foi conseguida através de cabernets espetaculares e potentes. O Lazuli não é nada disso. Nem por isso, é inferior a seus pares. Aqui, em vez da força, reina a elegância. Nariz complexo, com notas de cereja, cassis, mirtilo e pimenta negra. Na boca, maciez, delicadeza, equilíbrio. Experimente com um magret de pato. Nota: 9 Onde: Zahil (3860-1701) Preço: R$ 109
Hilltop Cabernet Sauvignon 2005 Paso Robles, Estados Unidos Cabernet cortado com 2,5% de cabernet franc, 1,5% de malbec e 1% petit verdot, de grande estrutura e potência. Nariz intenso de cassis, cereja e com notas de cedro e chocolate. Na boca, mostra força e persistência. Com boa capacidade de envelhecimento. Perfeito com um steak au poivre. Nota: 9 Onde: Decanter (2286-8838) Preço: R$ 216,65 |
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