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    Na feira de vinhos da importadora Vinci, realizada na semana passada, havia muito coisa para provar. Belezas como o espanhol Mauro, os portugueses Guru e Pintas, bons rieslings da Alemanha, os ótimos vinhos da Argiano, os imperdíveis borgonheses de Camille Giraud e muitas outras coisas mais. Entre os estandes mais concorridos, estava o de uma vinícola familiar espanhola, super tradicional, que aposta em um estilo nada convencional e cada vez mais raro de encontrar: o vinho envelhecido. É a Viña Tondonia, bodega de Rioja, fundada em 1877.

    E tão bom quanto os vinhos da vinícola, foi poder conversar com um dos proprietários da casa. Julio Cesar Lópes de Heredia (foto) é um sujeito simples, simpático e completamente apaixonado pelo que faz. Bisneto de Don Rafael Lópes de Heredia, fundador da empresa, é o enólogo da casa. Ele acredita no mínimo possível de interferência na vinha e na bodega. Segundo ele, "os vinhos se fazem por si só". De fala mansa, faz questão de deixar bem claro que seus vinhos são, sim, diferentes. Mas que traduzem com exatidão o que é a Rioja. Não chega a ver um embate entre um estilo mais moderno de fazer vinhos mais ao estilo Parker e o jeito tradicional da região. Acha que tem lugar para todos, desde que busquem um estilo e sigam fiéis a ele. O que Julio não perdoa são os viticultores que buscam oferecer o que o mercado pede. Segundo Julio, "estes ficam indo de lá pra cá a cada cinco anos, quando muda o gosto do consumidor, muda o vinho deles, não há identidade", afirma.

    Identidade é o que não falta aos vinhos da Viña Tondonia. Quem foi à feira pôde comprovar isso in loco. Julio mostrou quase toda a linha da empresa, apenas o rosado ainda não vem para o Brasil. O mais simples e fácil de entender é o Viña Cubillo Crianza 2001. Mas os grandes destaques são os tintos e brancos de bastante idade e complexidade. Como o Viña Tondonia Reserva Blanco 1989 e o Viña Tondonia Gran Reserva Tinto 1987. São duas maravilhas. O primeiro, apesar da idade, ainda conserva um frescor invejável. Corte de viúra (90%) e malvasia (10%), passa seis anos estagiando em barricas de carvalho francês. É um senhor vinho, em todos os sentidos. O Gran Reserva Tinto 1987 não fica atrás. Corte de tempranillo (70%), garnacha (20%), mazuelo (5%) e Graciano (5%), passa oito anos em barricas francesas antes de ser engarrafado. E o vinho é de uma complexidade ímpar. Esqueça aromas primários de fruta fresca. A idéia aqui é outra. O vinho esbanja estrutura, austeridade, longevidade. O que mostra que, pelo menos em alguns casos, o vinho pode sim, ser melhor quanto mais velho for.
     
    Vinhos degustados
    Viña Tondonia Reserva Blanco 1989
    Rioja, Espanha
    A maioria dos vinhos brancos estão mortinhos da silva com 20 anos de idade. Felizmente, não todos. Este é um dos que estão bem vivos. E maravilhosos. Aromas de amêndoas e castanhas, com uma pequena nota de oxidação. Na boca, ainda conserva frescor, mas é a complexidade e a persistência que chamam mais a atenção.
    Nota: 9,5
    Preço: US$ 99,50
    Onde: Vinci (2236-5390)

    Viña Gravonia Crianza Blanco 1996
    Rioja, Espanha
    Cem por cento viúra, com quatro anos de barrica francesa. Este é o Viña Gravonia Blanco 96. Nariz elegante e discreto, com boa presença na boca. Ainda conserva frescor e vitalidade e deixa saudade, além de um leve gosto de amêndoas.
    Nota: 9
    Preço: US$ 59,90
    Onde: Vinci (2236-5390)

    Viña Cubillo Crianza 2001
    Rioja, Espanha
    Vinho mais "jovem" da Lópes de Heredia, é também, o mais fácil deles. Corte de tempranillo, garnacha, mazuelo e graciano, com estágio de três anos em barricas francesas. No nariz, pouco intenso, notas de couro e alcatrão. Na boca, boa estrutura, taninos finos e final longo.
    Nota: 8,5
    Preço: US$ 59,90
    Onde: Vinci (2236-5390)

    Viña Tondonia Gran Reserva Tinto 1987
    Rioja, Espanha
    A Rioja é uma das regiões mais particulares do mundo. Os bons vinhos que saem dali conseguem aliar estrutura, finesse e longevidade como em poucos lugares do mundo. E este é um dos bons. No nariz, intensidade, complexidade. Na boca, finesse, estrutura, força, persistência. Um vinho raro para momentos especiais.
    Nota: 9,5
    Preço: US$ 199,50
    Onde: Vinci (2236-5390)
    Comentários
    Eder Heck
    Sommelier Mr. Lam
    Rio de Janeiro
    RJ
    01/06/2009 Caro Lalas,

    O Viña Tondonia Reserva Blanco 1989 é um espetáculo, não tem o que falar além do óbvio, mas fico feliz em saber que mais e mais produtores estão no caminho do resgate dos vinhos com identidade, como vc falava da Austrália há alguns dias.

    Abs

    Ps: saudações rubronegras, bela vitória...
    Aguinaldo Aldighieri
    Rio de Janeiro
    RJ
    02/06/2009 Um grupo de enófilos da Confraria do Camarão Magro acabou de chegar da Espanha. Lá visitamos, em Haro -- Rioja Alta -- a Lopez de Heredia/Viña Tondonia no dia 13/5. É realmente sensacional... diferente de todas as outras que já havíamos visto. Alí não há tanques de aço inox!

    Na loja da Bodega os preços eram:

  • Viña Tondonia Gran Reserva 1991 = 51 Euros
  • Viña Tondonia Gran Reserva Blanco 1987 = 51 Euros
  • Viña Tondonia Reserva Blanco 1990 = 17,20 Euros

    No "El Corte Inglés":

  • Viña Tondonia Gran Reserva 1987 e 1991 = 58,80

    Que bela diferença para os preços daquí !!!

    Aguinaldo
  • Rafael Mauaccad
    Enófilo
    São Paulo
    SP
    03/06/2009 Caros Oscar,Lalas e Aguinaldo

    Sempre volta à baila a inaceitável situacão de sobrepreco dos vinhos importados, imposta pelos negociantes do setor. Críticos, cronistas, enófilos, aficcionados e consumidores de vinhos sofrem de constante abuso financeiro praticado por estes senhores, e continuamos a prestigiá-los com nossa presenca em suas degustacões, eventos, feiras, valorizando seu trabalho, formando opinião, escrevendo críticas, artigos e mais, comprando seus vinhos!!

    Lendo sôbre Síndrome de Estocolmo, traço um paralelo ao estado psicológico que nos submetemos e transcrevo parte do texto do psicólogo Nils Bejerot,que desenvolveu este estudo.

    "Síndrome de Estocolmo: estado psicológico particular desenvolvido por pessoas que são vítimas de sequestro e de abusos pessoais. Desenvolve-se na tentativa da vítima se identificar com seu captor e de conquistar sua simpatia. Pequenos gestos gentis por parte dos captores são frequentemente amplificados. O complexo e dúbio comportamento de afetividade e ódio simultâneo junto aos captores é considerado uma estratégia de sobrevivência por parte das vítimas. A identificacão afetiva e emocional com o sequestrador acontece para proporcionar afastamento da realidade perigosa e violenta a qual está submetido. A vítima é agredida e continua a amar e defender o sequestrador, como se as agressões fossem normais. Entretanto a vítima não se torna totalmente alheia a sua própria situacão, parte de sua mente conserva-se alerta ao perigo, e isto faz com que a maioria das vítimas tente escapar do sequestrador em algum momento".

    O conhecimento gera atitudes que geram mudancas de comportamento.

    Abracos a todos,
    Rafael
    EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]