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    Em março, quando escrevi sobre a nebbiolo, disse que esta era uma uva que prezava a máxima de que o vinho, quanto mais velho é, melhor fica. E tal afirmação foi posta em prova pela Confraria dos Nove, em mais uma degustação às cegas promovida por este colunista. Desta vez, analisamos 14 vinhos feitos com a uva, produzidos em cinco diferentes países. Eram nove italianos, dois brasileiros, um argentino, um chileno e um uruguaio, de diferentes safras e regiões. E, noves fora a pátria da nebbiolo ser a Itália, prevaleceu a lógica da idade. Para surpresa geral, derrotando barolos e barbarescos, o vencedor foi o excelente Vilasar 2000, vinho uruguaio feito pela Bodegas Carrau, o mais velho dos rótulos provados. Em segundo, poucos décimos atrás, o Barbaresco Michele Chiarlo 2001, seguido por outros dois italianos, o La Spinetta Langhe Nebbiolo 2005 e o Pio Cesare Langhe Il Nebbio 2004. Chamou a atenção também a boa colocação do chileno Cremaschi Furlotti Nebbiolo 2004, o mais barato dos vinhos degustados, que ficou em quinto lugar.

    A prova foi bastante equilibrada. O alto nível das amostras confirmou que a nebbiolo é mesmo uma casta especial, que gera vinhos até um tanto discretos aromaticamente, mas ricos em taninos, acidez e elegância, com enorme potencial de envelhecimento. Todas as garrafas foram decantadas com antecedência e os degustadores puderam ficar com as 14 taças durante a prova inteira. Nenhuma das garrafas apresentou qualquer defeito e todos os vinhos conseguiram média superior a 7,5.

    A prova foi realizada no restaurante Terzetto em Ipanema e conduzida com precisão pelo excelente sommelier David Pereira dos Santos. Além do colunista, participaram da mesa os professores da ABS Fernando Miranda e Ricardo Farias, o diretor da SBAV Paulo Nicolay, o chef do restaurante La Sagrada Família Paulo Pinho, a crítica de gastronomia Luciana Plaas, os sommeliers João Souza, Marcos Lima e Eder Heck e os importadores Cláudio Moreira, Duda Zagari, João Luiz Manso e Maurício Kauffman.

     
    Resultado da prova
      Vinho Região Preço Onde encontrar
    1 Bodegas Carrau Vilasar Nebbiolo 2000 Las Violetas, Uruguai R$ 159 Vinhos do Mundo, 2244-2286
    2 Barbaresco Michele Chiarlo 2001 Piemonte, Itália R$ 259 Zahil, 3860-1701
    3 La Spinetta Langhe Nebbiolo 2005 Piemonte, Itália R$ 150 Vinci, 2246-3674
    4 Pio Cesare Langhe Il Nebbio 2004 Piemonte, Itália R$ 118,10 Decanter, 2286-8838
    5 Cremaschi Furlotti Nebbiolo 2004 Vale do Maule, Chile R$ 69,10 Andes, 2286-0313
    6 Barolo 7 Cascine 2004 Piemonte, Itália R$ 94,80 Zona Sul, 2122-7070
    7 Barolo Massolino 2003 Piemonte, Itália R$ 274 Grand Cru, 2511-7045
    8 Viña Alicia Nebbiolo 2003 Mendoza, Argentina R$ 223,85 Decanter, 2286-8838
    9 Icardi Surìsjvan Langhe Nebbiolo 2003 Piemonte, Itália R$ 287 Enoteca Fasano, 2422-3688
    10 Lídio Carraro Singular Nebbiolo 2006 Encruzilhada da Serra, Brasil R$ 174,84 Lídio Carraro, 54 2105-2555
    11 Bettú Edizione Terzetto 2002 Serra Gaúcha, Brasil R$ 300 Terzetto, 2247-9218
    12 Barbaresco Valfieri Bric Mentina 2001 Piemonte, Itália R$ 198 Vinea Store, 2244-2286
    13 Barbaresco Batasiolo 2004 Piemonte, Itália R$ 98 Expand, 2123-7900
    14 Vietti Perbaco Nebbiolo 2005 Piemonte, Itália R$ 102,90 Mistral, 2274-4562
    Comentários
    Valdiney Ferreira
    Enófilo
    Rio de Janeiro
    RJ
    06/07/2009 Meu caro Lalas,

    Sei que seria mais difícil conseguir as amostras, mas em se tratando da Nebbiolo, uma casta que sempre produz vinhos muito tânicos e com elevada acidez, não ficaria melhor uma degustação horizontal?

    Foram utilizados vinhos com safras de 2000 a 2006. Fora a questão de que, no limite, até uma garrafa pode ser mais importante que a safra que a originou, não eliminaríamos algumas variáveis para a comparação se todos fossem por exemplo do ano 2000? Coincidentemente ou não o que saiu-se melhor foi o Carrau desta safra, seguido de um Barbaresco Michelle Chiarlo 2001. Apesar do Betú 2002 e um Barbaresco Valfieri 2001 terem ficado nas últimas opções. O Batasiolo foi uma confirmação e não importaria a safra.

    As impressões de um ou mais degustadores poderia ajudar a esclarecer o resultado.
    Abcs
    Errico Ernesto Rosa
    Comprador independente
    Rio de Janeiro
    RJ
    08/07/2009 Para ecoar o que disse Valdiney Ferreira, vinhos de 8 anos de regiões mediterrâneas e ensolaradas como Las Violetas não podem ser comparados com vinhos continentais de mesma idade como os do Piemonte, onde os grandes chegam ao apogeu aos 15-20 anos.

    Ademais, para vir do Uruguai ao Brasil não é necessário passar pelo Equador nem pela Zona de Convergência Intertropical.

    Pedindo perdão antecipado pelo horrível e imperdoável machismo, para os vinhos aplica-se o mesmo axioma que para as mulheres: o mais importante não é onde está hoje, mas sim por onde andou para chegar até aqui.

    Mas, como bom carioca, perco a honra mas não perco a piada.
    EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]