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 Apesar de o nome desta coluna ser Vinhos e outras cachaças, o assunto recorrente neste espaço sempre foi o vinho. As "outras cachaças" nunca tiveram vez. Por este motivo, nesta semana resolvi escrever sobre uma bebida destilada, que funciona perfeitamente como aperitivo. O aquavit ou akvavit é um destilado transparente que surgiu na Escandinávia há mais de 400 anos. Na época elisabetana, os dinamarqueses já eram grandes consumidores da bebida, e em Hamlet, Shakespeare faz menção a esse fato.
O aquavit é produzido através da destilação de cereais ou batatas, e é redestilado com ervas aromatizantes como alcarávia, coentro, anis, cravo e canela. A Dinamarca é a maior produtora da bebida, mas Noruega e Suécia também fazem um aquavit de qualidade. Na Noruega, o aquavit não é redestilado com ervas, apenas envelhecido em barris de carvalho. Alemães, finlandeses e islandeses produzem a bebida, mas em quantidades menores.
Na Dinamarca, há um clube de bebedores de aquavit, o Guild of Cristian IV. O ex-presidente norte-americano Ronald Reagan fez parte do grupo. Na cerimônia de abertura todos os membros devem cantar: "Down with juice and tea, snaps is the drink for me".
Aalborg, Camel e Renat são algumas das melhores marcas de aquavit. Mas minha preferida é a norueguesa Linie, produzida em Trondheim, no norte do país. A empresa envelhece a bebida em barris de madeira que são carregados em navios com rumo à Austrália. A intenção é passar pela linha do Equador, daí o nome do aquavit. O balançar do navio e a temperatura durante a viagem provocam um envelhecimento mais rápido da bebida, que fica mais saborosa ainda. No rótulo da garrafa, está escrito o nome do navio em que foi feita a viagem.
O aquavit deve ser servido bem gelado. Eu mantenho sempre uma garrafa no congelador. A graduação alcoólica da bebida varia entre 40% e 50%. Além de um ótimo aperitivo, o aquavit acompanha muito bem peixe cru ou defumado. Além de gerar bons drinques. No Brasil, a bebida anda meio esquecida pelos importadores. Eu refaço meu estoque todos os anos, durante a Feira da Providência, na barraca da Escandinávia. O preço é sempre ótimo. |
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Vinhos degustados |
Vinho da semana Kilikanoon Prodigal Grenache 2005 Clare Valley, Austrália Este produtor ganhou a degustação de rieslings produzida pela Programa, no ano passado. Este fato, por si só, já recomenda a companhia. E este grenache confirma a seriedade com que a empresa trata seus vinhos. No nariz, cereja, nozes, couro, terra. Na boca, acidez perfeita, cremoso, encorpado, longo. Para carnes de caça. Nota: 9 Preço: R$ 174,20 Onde: Decanter (2286-8838)
Barato Bom Vinha do Monte 2005 Alentejo, Portugal Corte de aragonês, alfrocheiro, trincadeira e alicante bouschet, esse vinho é a cara do Alentejo. Fruta fresca com ligeira compota, na boca é macio, fácil e bom de beber. Este, da safra 2005, é bem superior aos seus antecessores. Bom com carne grelhada ou com arroz de pato. Nota: 8,5 Preço: R$ 49 Onde: Zahil (3860-1701)
Para guardar Paul Sauer 2005 Stellenbosch, África do Sul Este vinho é tão bordeaux, que nem feito no Novo Mundo. Corte de cabernet-sauvignon, cabernet franc e merlot, tem as mesmas qualidades e defeitos que um grande bordalês. O defeito: não está pronto ainda. Mas as qualidades são muitas. É elegante, complexo, forte, com aromas de especiarias, pimenta, cassis, avelãs. Aguenta fácil uns 20 anos. Mas se for para comprar e beber, decante por, pelo menos, uma hora. E sirva com uma carne bem temperada. Nota: 9 Preço: R$ 144,84 Onde: Mistral (2274-4562) |
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