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 Até meados da década de 1990, o vale do Limarí era conhecido por produzir uvas para a fabricação de pisco, conhecido destilado chileno. Por isso, muita gente torceu o nariz quando as primeiras vinhas foram plantadas por lá. Mas julgamentos apressados não levam a lugar nenhum. E não é que o vale, situado na fronteira sul do deserto de Atacama é, hoje em dia, uma das mais interessantes e promissoras regiões chilenas para os amantes de vinho.
Mas a existência de vinhedos no Limarí está diretamente ligada aos avanços tecnológicos na viticultura. Praticamente não há água no lugar. Chove, em média, menos de 100 mm por ano. Portanto, irrigar é preciso. Mas a falta de chuvas também traz vantagens: vinhedos saudáveis livres de uvas podres e a possibilidade de uma maturação mais longa da fruta.
Apesar de estar geograficamente ao norte do país, a cerca de 400 km de Santiago, o clima no vale é fresco. A bacia do rio Limarí é ampla e aberta para o mar. Naquela região, a Cordilheira da Costa é baixa, portanto, a fria sombra do Pacífico tem caminho livre para entrar no vale. O que explica, em parte, o bom resultado que os vinhos conseguem ter ali. A outra parte é explicada pela terra. Os terrenos são aluviais, com solos de pedras e repletos de componentes calcários. O resultado: vinhos com uma forte expressão mineral.
São quatro as vinícolas mais importantes na região. Pertencente ao grupo Concha y Toro, a Maycas del Limarí faz um excelente e surpreendente chardonnay, que, embora fermentado em barrica, apresenta uma suavidade e um frescor que impressionam, um bom e mineral sauvignon blanc, um apimentado syrah e um elegante cabernet-sauvignon. O top da vinícola é o Quebrada Seca, feito com a chardonnay de uvas colhidas em um único vinhedo, que empresta o nome ao vinho. A Tabalí, do enólogo Felipe Muller, faz vinhos com a cara do Limarí: frescos e frutados. A linha impressiona pela qualidade, e é dali que saem os melhores vinhos feitos com a syrah na região. A Tamaya faz bons vinhos de ótimo custo-benefício, com destaque para o corte de cabernet-sauvignon, carmenère e syrah. E a pequenina Ocho Tierras, ainda sem representação no Brasil, é outra a produzir campeões de qualidade-preço, com destaque para o syrah e para o sauvignon blanc. |
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Vinhos degustados |
Vinhos da semana Maycas del Limarí Chardonnay Reserva Especial 2006 Vale do Limarí, Chile Embora este vinho seja fermentado em barricas de carvalho francês, está longe de ser um chardonnay pesado, untuoso, amanteigado. Pelo contrário: é fresco, frutado, macio, fácil, com notas de abacaxi em calda e pêssego. Para ter sempre por perto. Nota: 8,5 Preço: R$ 89 Onde: Enoteca Fasano (2422-3674)
Tabalí Reserva Syrah 2007 Vale do Limarí, Chile Frutas negras, especiarias e com um leve toque defumado no nariz. Na boca, é elegante, fresco, redondo, longo. Fica perfeito com um lombo de cordeiro. Um dos melhores syrahs disponíveis no Brasil em sua faixa de preço. Mais um ano na garrafa e ficará ainda melhor. Nota: 9 Preço: R$ 60 Onde: Grand Cru (2511-7045)
Barato bom Tamaya Reserva Syrah 2006 Vale do Limarí, Chile Mais um belo vinho feito com a casta no árido vale do Limarí. No nariz, pimenta negra, noz moscada e um toque de frutas negras. Na boca, mais especiarias, com bom frescor, taninos macios e um leve toque mineral. Bom com embutidos. Nota: 8 Preço: R$ 40 Onde: Del Maipo (61 3363-8779) |
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