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 Quando a Rainha Elisabeth II, da Inglaterra, recebeu o então presidente português Mário Soares, em 12 de maio de 1986, para celebrar os 600 anos de aliança entre os dois países, o brinde à saúde dos dois povos foi feito com um cálice de vinho do Porto. Muito natural. Até porque a história do vinho do Porto está diretamente ligada à ascensão portuguesa como nação comercial. E a Inglaterra tem importância fundamental em todo esse processo. E até hoje, os ingleses estão entre os maiores consumidores de vinho do Porto. Mas não apenas os fiéis súditos de Sua Majestade são apreciadores da bebida. Franceses (os campeões em consumo), holandeses, belgas, americanos, canadenses, alemães, brasileiros, dinamarqueses e, claro, portugueses, só para citar os principais compradores, adoram Porto.
Há diversos tipos da bebida. O ruby é o mais simples, frutado, jovial e, quando bem feito, dos mais agradáveis. O tawny, em tese, é um vinho envelhecido por mais tempo que o ruby. Mas na prática, a coisa não é bem assim e há muitos deste tipo que são apenas feitos com base em um vinho mais leve, que, em alguns casos, são diluídos em porto branco. O vintage é um vinho de uma única colheita, envelhecido em madeira por até dois anos, e engarrafados sem filtragem. O LBV (Late Bottled Vintage) também é um vinho de uma única colheita, mas engarrafado por um mínimo de quatro e um máximo de seis anos, e, na maioria dos casos, filtrado antes de ser engarrafado. Há o porto colheita, também de uma só vindima e envelhecido em madeira por sete anos; o porto branco, mais utilizado para drinques; e o crusted, elaborado à moda dos vintages, mas com uvas de diferentes colheitas. E há os tawnies com indicação de idade (10, 20, 30 e 40 anos). Estes são vinhos com idade aproximada, posto que são blends de diferentes safras, envelhecidos em tonéis pequenos (600 a 640 litros) e engarrafados de acordo com a demanda. Ao contrário dos vintages e dos LBVs, os tawnies com indicação de idade não evoluem mais depois de engarrafados. Entre todos os tipos de vinho do Porto, o vintage e o tawny 20 anos são os meus preferidos.
Portanto, qual não foi a minha felicidade quando o empresário Jorge Sales me convidou, na semana passada, para uma degustação às cegas de Tawnies 20 anos, no excelente restaurante Gruta de Santo Antônio, em Niterói! Eram dez amostras:
Quinta do PortalReal Companhia VelhaFerreira Duque de BragançaQuinta do Bom RetiroGraham'sDow'sPoçasNiepoortQuinta do NovalFonseca.
Participaram da mesa o anfitrião Alexandre Henriques, o organizador Jorge Sales, o chef Paulo Pinho, o restauranteur Roger Khouri, o consultor de vinhos Paulo Nicolay, o importador Guilherme Martins, o sommelier Marcelo Moraes e o consultor José Roberto Langenstrassen e os empresários António Campos, Ayrton Baeta e Rogério Menezes, além do colunista.
O nível da prova foi muito alto. Para definir o campeão, cada degustador elegeu os seus três preferidos. O melhor levava três pontos; o segundo, dois; e o terceiro um. Apurado o resultado, o grande vencedor, disparado, foi o Quinta do Noval, seguido por Dow's, Ferreira Duque de Bragança, Poças e Quinta do Bom Retiro. |
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Vinhos degustados |
Vinho da semana Quinta do Noval Tawny 20 anos Douro, Portugal O grande vencedor da prova de tawny 20 anos é um clássico. Um dos grandes nomes do Porto. No nariz, expressivo e persistente, com notas de frutas secas, castanhas. Na boca, açúcar e acidez muito bem combinados, intenso e interminável. Nota: 9,5 Preço: R$ 562 Onde: Grand Cru (2511-7045)
Barato bom Altosur Merlot 2007 Mendoza, Argentina Mais um bom vinho com a assinatura de Matias Michelini, enólogo da Finca Sophenia. Este é um merlot macio, delicado e fresco, com aromas de cereja, framboesa e cassis. Perfeito com uma picanha na chapa. Nota: 8 Preço: R$ 32,99 Onde: Expand (2220-1887)
Para guardar Château Kefraya 2001 Vale do Bekaa, Líbano Embora já tenha oito anos de estrada, este vinho tem caixa para ir muito mais longe. Corte de cabernet-sauvignon, shiraz, grenache, carignan e mourvèdre, com aromas de fruta madura, alcaçuz, especiarias e um toque de baunilha. Na boca é sedoso, intenso, longo, com taninos presentes e macios, final longo com notas de fruta cozida. Vai bem com carnes fortes. Nota: 9 Preço: R$ 142 Onde: Zahil (3860-1701) |
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