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 Em seu livro Robert Parker - O imperador do vinho, a jornalista americana Elin McCoy, entre outras coisas, disseca os métodos de degustação do crítico americano, o mais influente do planeta. Elin explica que Parker concentra as suas degustações em dois dias da semana: quartas e sextas. Começa cedo, às 8h30. Na parte da manhã, degusta os tintos. Depois do almoço, a vez é dos brancos. Os vinhos são separados por temas (cabernets californianos, boas compras, ou vinhos do Rhône, por exemplo) e provados em grupos de, pelo menos, seis garrafas. No total, chega a provar, algumas vezes, 125 garrafas por dia. Examina a cor, o olfato e prova os vinhos. Rabisca qualquer coisa ou grava seus comentários. Segundo Elin descreve em seu livro, "...num lampejo intuitivo, um número lhe ocorria como se surgisse do interior do copo".
Nada contra Robert Parker, seus métodos de degustação e sua capacidade em pontuar os mais diversos tipos de vinho e de não sentir fadiga no paladar ao provar tantos vinhos. Igualmente nada contra o sistema de pontuação criado por ele, que vai de 50 a 100 pontos. Tem defeitos e qualidades como qualquer outro. Mas tudo contra a exacerbada importância que mercado e consumidores dão às notas conferidas pelos críticos de vinho (entre os quais, me incluo). Vinho não é matemática. E quem degusta com freqüência sabe bem: uma prova, repetida em dias diferentes com garrafas distintas do mesmo vinho, não necessariamente terá um resultado final idêntico. Portanto, por melhor que seja o nariz e o paladar de Parker, comprar suas verdades como se fossem as únicas, não é nada além de tolice.
Vale lembrar que, muitas vezes, nem é o próprio Parker quem confere as notas aos vinhos. O americano montou uma equipe, de alta qualidade, por sinal. Jay Miller, amigo de longa data, é o responsável por pontuar os vinhos do Oregon, Washington, Espanha, América do Sul, Austrália, Grécia e os portos vintage, por exemplo. Quando Robert Parker dá 90 e tal pontos para um vinho chileno, na verdade é Jay Miller quem pensa assim.
O inglês Hugh Johnson, outro escritor de vital importância para o mercado de vinhos, costuma dizer que toda e qualquer classificação é imprecisa, posto que, muitas vezes, uma garrafa do mesmo vinho é diferente da outra. E, segundo ele mesmo escreve, no vinho a objetividade serve apenas a julgadores profissionais. Johnson é crítico ferrenho dos métodos de Parker e pontua seus vinhos com estrelas. Uma para vinhos comuns, de qualidade padrão, e quatro para as grandes garrafas.
Na verdade, o que é importante deixar claro é que as pontuações deveriam servir apenas como mera referência, ou como uma dica. Nunca como uma lei. Um vinho 91 pontos de Parker definitivamente não é necessariamente melhor do que um que tenha obtido nota 86. Não mesmo. Tudo depende. Depende do gosto de quem prova, da companhia, da comida, da circunstância. Ou, como diz uma boa amiga, "os vinhos se dividem em três categorias: não bebo, bebo e bebo com prazer". Beber com prazer - e moderação, o vinho que melhor lhe convier. Isto é o que interessa. |
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Vinhos degustados |
Vinho da semana Pujanza Crianza 2005 Rioja, Espanha Produtor de prestígio espanhol, este Crianza é um achado. Muita intensidade no nariz, com aromas doces de frutas maduras e alcaçuz. Na boca, frescor, taninos presentes, equilíbrio, médio corpo, muita fruta e final agradável. Ótimo com um T-Bone. Nota: 9 Preço: R$ 130 Onde: Porto Leblon (2549-8828)
Barato bom Chaminé 2007 Alentejo, Portugal Eu gosto muito dos vinhos da Cortes de Cima, uma das boas vinícolas do Alentejo. E este aqui, além de bom, é barato. Corte aragonês, syrah, cabernet-sauvignon, touriga nacional e trincadeira, fácil e bom de beber. O nariz é franco, com notas de fruta vermelha madura. Na boca, é macio, com muita fruta e um final relativamente doce. Ótimo para o dia-a-dia. Nota: 8 Preço: R$ 38,90 Onde: Supermercado Mundial
Para guardar Barolo Ornato 2003 Piemonte, Itália A Pio Cesare é a uma das mais importantes vinícolas do Piemonte. E este Barolo, uma de suas melhores joias. O nariz vai se mostrando aos poucos, com notas de ameixa, grafite, trufas, especiarias. Na boca, é elegante, intenso, preciso e longo. Bom com carnes de caça e com potencial de guarda de mais 15 anos, fácil. Nota: 9,5 Preço: R$ 463,95 Onde: Decanter (2286-8838) |
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