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Petite Arvine, Arinto, Albillo, Furmint e Encruzado; Airén, Godello e Grillo; Picapoll, Grüner Veltliner e Arneis. Escrito desta forma, parece até um time de futebol de uma liga europeia qualquer. Parece, mas não é. É um time sim, mas de uvas brancas. E que geram vinhos de qualidade, e com a cara da região de onde elas vêm. Apesar de um pequeno aumento no consumo de brancos neste ano, o brasileiro ainda é um bebedor de vinho tinto. Mesmo assim, uvas como chardonnay e sauvignon blanc já fazem parte do vocabulário de qualquer enófilo iniciante. E, a reboque destas duas principais castas, brancos feitos com uvas como viognier, semillon, alvarinho, riesling e gewürztraminer já pipocam aqui e ali em prateleiras de supermercados. Sinal de que existe ao menos uma curiosidade do consumidor em experimentar algo diferente. E há muita coisa para provar no universo dos brancos. Como as onze uvas citadas no começo desta coluna. Quem sabe a primavera recém chegada traga calor e, assim, incremente ainda mais o consumo dos vinhos brancos?

Se as uvas francesas como chardonnay e sauvignon blanc se espalharam mundo afora, Portugal, Espanha e Itália seguem como refúgio seguro para estas castas autóctones e especiais. No Dão, a encruzado divide o reinado com a tinta touriga-nacional. E, assim como a uva símbolo de Portugal, gera vinhos fabulosos, cheios de estrutura e caráter. Outra uva portuguesa com certeza é a arinto. Rica em acidez, gera vinhos frescos e com aromas cítricos.

Na Espanha há de tudo um pouco. Grandes vinhos feitos com a chardonnay, potentes brancos feitos com a viura, e estrela local entre os brancos, ótimos albariños e por aí vai. Mas o charme maior reside em vinhos feitos com uvas pouco conhecidas, mesmo entre os espanhóis. Caso da godello. Possivelmente a mesma uva que a portuguesa verdelho, gera na Espanha vinhos ainda mais interessantes do que em Portugal. O lar da uva é Valdeorras, no noroeste da Espanha. Não são brancos ricos em aromas, mas bastante elegantes, delicados, macios e com uma acidez impecável. Embora não tão espetacular quanto a godello, outras uvas espanholas rendem brancos interessantes. Casos da albillo e da airén, que geram vinhos frescos, fáceis e bons de beber, melhores quando jovens. A picapoll não é exatamente espanhola. A origem é francesa. No Languedoc, é conhecida como picpoul blanc. Mas na Catalunha, em Pla de Bages, há bons vinhos feitos com a uva.

A Itália é terra de incontáveis variedades brancas locais. A minha preferida é a piemontesa arneis. É uma casta difícil, que exige cuidado e dedicação do viticultor. Do contrário, saem vinhos de baixa acidez e com tendência à oxidação. Mas na mão de gente como Vietti, Angelo Negro, Michele Chiarlo, Giacosa e outros, a arneis gera verdadeiras obras primas, perfumadas e elegantes. Outras castas como as sicilianas inzolia e grillo são bastante interessantes e merecem serem descobertas.

Há também outros países produtores que preservam suas castas autóctones e fazem delas quase um símbolo. Caso da Áustria e seus ótimos brancos feitos com a grüner veltliner. Os bons, são vinhos complexos, maduros, estruturados. Os mais simples, para o dia-a-dia, são frescos, leves fáceis e bem agradáveis de tomar. A suíça petite arvine é outra casta encantadora. Mais uma a esbanjar elegância e finesse, com boa presença aromática e acidez perfeita. Outra beleza que merece atenção é a húngara furmint. Sobrevivente da devastação causada pelo comunismo, a uva gera vinhos cada vez melhores, ricos em aromas, frescor, fineza e com bom potencial de guarda.
 
Vinhos degustados
Vinho da semana
Valfieri Roero Arneis 2005
Piemonte, Itália
Um branco com quatro anos de idade pode assustar muita gente. Mas este aqui tem caixa para envelhecer bem. Se os aromas florais de outrora já viraram fumaça, notas de pêssego e amêndoas, típicas da casta, seguem presente. Na boca, preserva a elegância e conserva uma boa acidez.
Nota: 8,5
Preço: R$ 62
Onde: Vinea Store (2244-2286)

Barato bom
Abadal Picapoll 2007
Pla de Bages, Espanha
A picapoll é uma uva branca do Languedoc que se deu muito bem na Catalunha. Este vinho apresenta aromas de média intensidade, com fruta madura, mineral e um toque de balsâmico. Na boca, acidez generosa, muita fruta e bom final. Bom com crustáceos em geral.
Nota: 8,5
Preço: R$ 45
Onde: Decanter (2286-8838)

Para guardar
Pezas da Portela 2006
Valdeorras, Espanha
Ótimo branco feito com a godello, de muita estrutura, elegância e frescor. Discreto no nariz, com notas de ervas secas e um toque de defumado. Na boca, acidez rica, bastante corpo, fino, saboroso, com um final longo. Estará ainda melhor daqui a um par de anos. Por enquanto, a venda apenas no restaurante Eñe, em São Conrado.
Nota: 9
Preço: R$ 238
Onde: Península (2529-8983)
Comentários
Valdiney Ferreira
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
28/09/2009 Caro Lalas,

É tempo de Primavera, é tempo de lembrar dos muitos maravilhosos e esquecidos brancos e rosés. Os vinhos espumantes já estão instalados na memória do consumidor brasileiro, mas os brancos tranquilos ainda sofrem algum preconceito.

E por falar em Espanha, lembro três importantíssimas uvas brancas espanholas entre as mais plantadas no Penedès: Macabeo (Viura), Xarel-lo e Parellada, utilizadas no 2° mais produzido espumante natural clássico do mundo, o Cava. E também a Moscatel base de vinhos de verão populares muito interessantes.
Fernando Sequeira de Matos
Enófilo
Mealhada
Portugal
12/10/2009 Caro Sr Lalas

No Brasil, a primavera ainda não está muito Branca mas também no Velho mundo a Primavera só há poucos anos ficou mais Branca.

È mais dificil fazer um branco que um tinto e ontem na Mealhada o nosso amigo Oscar me dizia que tinha começado a sua visita a Portugal por Colares e não tinha apreciado o Arinto, um bom branco.

Na sua equipe faltam algumas vedetas: o Pinot Blanc, o Maria Gomes da Mealhada. o Loureiro de Braga, o Arinto...

O Alvarinho que na outra margem do Minho é Albariño é uma óptima casta mas a vinha é de pequena produção pelo que Alvarinho varietal há muito pouco e a maneira de obter alguma quantidade sem perder qualidade é fazer a Assemblage com o Trajadura.

Hoje há brancos que se podem guardar como diz mas há 40 anos não era possivel fazê-los e só as novas tecnologias nos permitem fazer brancos de qualidade.

A primavera branca vai chegar ao Brasil.

Bons vinhos.

Cordialmente
Fernando Matos
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]