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 Os últimos anos têm sido generosos com a indústria vinícola da Hungria. O país produz mais de 130 milhões de galões vinho anualmente, em uma área plantada de quase 300 mil acres espalhados por 22 regiões. Os húngaros têm o mais rigoroso controle de padrões para a indústria do leste europeu. A derrocada do comunismo e a adesão à União Européia fizeram com que a viticultura por lá desse um salto de qualidade. Enólogos húngaros que trabalhavam em países como Itália, Espanha e Estados Unidos retornaram à terra natal. Investimentos em equipamentos mais modernos foram feitos. Boas safras se repetem desde 1998. E os vinhos ficaram ainda melhores neste país de larga tradição na história do vinho.
O cartão de visitas do vinho húngaro é o mundialmente conhecido tokaji, o rei dos vinhos e o vinho dos reis, segundo o monarca francês Luis XIV. É tão importante para o país que é citado até no Hino Nacional. O processo de produção do tokaji é único. As uvas provêm do vale do Bodrog, na região de Tokaj-Hegyalja. A intensa névoa no lugar provoca nas uvas a podridão nobre. Os bagos atacados pela podridão são chamados de aszú. Colhidos manualmente, são armazenados à parte e depois incorporados ao vinho. Em seguida, são macerados, prensados e fermentados. O processo de fermentação leva meses. Os cestos que carregam os bagos aszú são chamados de puttonyos. A quantidade destes cestos que é adicionada ao mosto determina a concentração e a qualidade do vinho. Em regra, quanto mais puttonyos, melhor o vinho. O mais rico é o Aszú Escenzia, que tem um teor de açúcar que varia de 180 a 240 gramas por litro, e envelhece em tonéis de carvalho entre 10 e 20 anos. As principais uvas usadas na produção do tokaji são a furmint e a hárslevelü. Mas não é apenas de tokaji que é feita a produção de Tokaj-Hegyalja. Como as condições climáticas para o surgimento da podridão nobre não acontecem todos os anos, os produtores têm investido em vinhos secos.
Além de Tokaj-Hegyalja, outras regiões húngaras produzem vinhos de qualidade. A maior é Kúnsag. Mas as melhores são Eger, Somló, Sopron, Etyek-Buda, Csongrád, Villányi, Ászár-Neszmély, Balatonfüred-Csopak e Szekszárd. Eger é a terra dos bikavér, o sangue dos bois, vinho bastante comum na Europa entre os anos 1960 e 1970. O vinho é um corte de kadarka, kekóportó e cabernet-sauvignon e o nome tem origem no cerco pelos turcos da Fortaleza de Eger, em 1552. Os invasores teriam se assustado com as manchas vermelhas nos uniformes dos soldados húngaros, supondo que eles tivessem bebido sangue de boi para ganhar força. Nos últimos tempos, graças ao esforço de bons produtores, o Egri Bikavér tem melhorado a imagem e reconquistado mercado. Sinal de que o tempo em que se privilegiava a quantidade em vez da quantidade virou apenas mais uma lembrança dos tempos do comunismo. Portanto, um brinde aos vinhos húngaros. Ou, como eles mesmo dizem na quase incompreensível língua que têm, egészségedre! |
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Engarrafadas |
Foi realizado na semana passada o II Concurso de Vinhos do Sul da França, organizado pela ABS/RJ. O júri, presidido por Euclides Penedo Borges e coordenado por Paulo Decat, contou com a participação também de Ricardo Farias, Luiz Malzone, Fernando Miranda, João Fontes, Joseph Morgan e Maria Helena Tauhata. Foram analisados 50 vinhos de importadoras diversas. Destes, seis conseguiram média suficiente para obter medalha de ouro. São eles os espumantes Crémant de Limoux Rosé Aimery Grande Cuvée 1531 e Sieur D'Arques Bulle de Crémant Rosé n. 1; os tintos Mas du Soleilla La Clape "Les Bartelles" 2004, Château Mourgues du Gres Capitelles 2006 e Domaine La Grave Merlot 2007; e o branco Aimery Chardonnay 2008, que levou a medalha de ouro na categoria custo-benefício. |
Vinhos degustados |
Vinho da semana Tokaji Furmint Mandolás 2006 Tokaj-Hegyalja, Hungria Este vinho é produzido pela Oremus, vinícola húngara de propriedade de Pablo Álvarez, dono da Vega Sicilia. Branco seco feito com a furmint, é mais uma prova de que nem só de vinhos doces vive a região de Tokaj-Hegyalja. Aromático, fresco, vivo, agradável, é daqueles vinhos em que a garrafa vai embora sem que ninguém se dê conta. Nota: 8,5 Preço: US$ 49,90 Onde: Mistral (2274-4562)
Barato bom Aimery Grande Cuvée Rosé 1531 Crémant de Limoux, França Limoux é uma região no Languedoc, no sul da França que chama cada vez mais a atenção do mercado pela qualidade dos espumantes locais. Este é mais um dos bons. Delicado, leve, fresco, fácil de beber. Bom para canapés de salmão, para beber na piscina, na praia, como aperitivo, com uma mesa de frios ou como bem entender o consumidor. Ganhou medalha de ouro no II Concurso de Vinhos do Sul da França, organizado pela ABS/RJ. Nota: 8 Preço: R$ 47,80 Onde: Zona Sul (2122-7070)
Para guardar Pendits Tokaji Aszú 6 Puttonyos 2001 Tokaj-Hegyalja, Hungria A alemã Marta Wille-Baumkauff chegou à Hungria faz parte da leva de investidores que decidiu investir no país depois que o comunismo virou fumaça. É dona da Pendits, vinícola que faz parte do movimento Tokaj Renaissance, que reúne alguns dos melhores produtores da região e visa reconquistar um pouco da glória que os vinhos húngaros tiveram em outros tempos. Faz vinhos orgânicos e de excelente qualidade. Este é um assombro. Notas de damasco seco, mel, doce de laranja e uma acidez rica e vibrante que contrasta com a doçura marcante do vinho. Um clássico. Nota: 9,5 Preço: R$ 425,80 Onde: Decanter (2286-8831) |
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