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De alguns anos para cá, a região do Ribatejo, em Portugal, tenta mudar a má imagem que tem. Ali, qualidade não era o foco principal. Durante muito tempo, reinaram as adegas cooperativas, que durante décadas preocupavam-se basicamente com quantidade, até para abastecer os mercados das colônias portuguesas na África. Com o fim do colonialismo, as cooperativas perderam espaço e muitas delas ruíram, graças à falta de competência para se adequarem a um mercado em mudança.

Mas a região dispõe de bons solos e condições climáticas favoráveis. Portanto, fazer vinho de qualidade ali era bem viável. Faltava o desejo de produzi-los. Mas desde o início do século XXI as coisas têm melhorado no Ribatejo. Bons produtores conseguiram fazer vinhos bem interessantes. E o perfil da região começou a mudar. Mesmo assim, faltava o reconhecimento. Uma união com a região da Estremadura, que também sofre com a má fama, chegou a ser tentada, mas não houve acordo.

E então, em 17 de junho deste ano, os vinhos com denominação de origem Ribatejo passaram a ser chamados, oficialmente, de Vinhos do Tejo. O nome, além de tentar criar uma nova identidade para os vinhos da região, tem explicitamente a intenção de vincular o lugar ao nome de um rio internacionalmente conhecido (no caso, o Tejo), como em outras importantes denominações de origem mundo afora.

Só que não basta apenas mudar o nome. Por enquanto, ainda são poucos os produtores que realmente investem na qualidade. É preciso aumentar o nível médio dos vinhos feitos no Tejo. E este é o principal problema que enfrentarão os realmente interessados em valorizar os vinhos feitos na região. Vencido este desafio, será ótimo para Portugal como um todo. Afinal, o país ganhará mais uma denominação de origem com prestígio internacional. Mas caso a vontade de evoluir fique restrita à dúzia de bons produtores que já existem, a mudança de nome de nada terá servido. E o Tejo seguirá com a mesma fama que tinha o Ribatejo: a terra do vinho carrascão.
 
Vinhos degustados

Vinho da semana
Conde de Vimioso Reserva 2003
Ribatejo, Portugal
João Portugal Ramos é um dos principais nomes do vinho alentejano. E um dos que apostam no Ribatejo como um possível celeiro de grandes vinhos, tanto que investiu na Falua, vinícola que produz este belo tinto, corte de trincadeira, touriga-nacional, aragonês e cabernet-sauvignon. No nariz, ameixas, amoras, pimenta, canela. Na boca, encorpado e robusto, com muita fruta combinada a uma acidez generosa e um final longo e frutado.
Nota: 8,5
Preço: R$ 86,27
Onde: Vinci (2236-5390)

Barato bom
Quinta da Alorna Branco 2008
Ribatejo, Portugal
Corte das uvas arinto e fernão pires, bastante fácil e agradável de beber. No nariz, um coquetel de frutas cítricas. Na boca, frescor e suavidade, com um final refrescante e alegre. Um vinho para dias quentes, na hora do almoço, para acompanhar frutos do mar.
Nota: 8
Preço: R$ 40
Onde: Adega Alentejana/Espírito do Vinho (2286-8838)

Para guardar
Quinta do Alqueve Touriga Nacional 2003
Ribatejo, Portugal
Poucos são os produtores ribatejanos que gozam do prestígio que tem a Quinta do Alqueve. Não sem motivo, os vinhos desta vinícola são frequentemente bem pontuados pela crítica especializada. Este é um bom exemplo. Um touriga de primeira linha, com aromas de fruta compotada, um toque de aspargos, caramelo, chocolate e defumado. Na boca, bem balanceado, com taninos finos, bom volume, e final longo. Bom para assados.
Nota: 9
Preço: R$ 165
Onde: World Wine (2005-5125)
Comentários
Eder Heck
Sommelier Mr. Lam
Rio de Janeiro
RJ
15/11/2009 Lalas, caro amigo,

Há muito não lhe escrevo, mas é que como nos encontramos com mais frequência, as idéias são trocadas ao vivo.

Mas para dar meu depoimento, em Portugal os produtores estão realmente se empenhando no quesito qualidade, mas nas minhas andanças percebi que é uma tendência consolidada, apesar de um negócio, os produtores e principalmente enólogos estão trabalhando com muito afinco para dar nova cara a regiões antes só conhecidas pela quantidade.

Mudando de vinho pra água: e o mengão, será que vai? rsrsrs

Abs
Fernando Sequeira de Matos
Enófilo
Mealhada
Bairrada
Portugal
16/11/2009 Caro Lalas

È isso, parabéns. O que atrasou os produtores Portugueses foi o mercado colonial. Mas é necessário esclarecer:

1 - Pessoalmente estive quase tres anos em Moçambique na guerra colonial e não contribui para isso pois só bebia do bom que comprava bem barato
2 - Os colonos que tinham poder de compra compravam o vinho atraves dos soldados nas messes
3 - Mas os soldados recebiam um cantil de vinho para 4 refeições

Agora é só fazer as contas e chegar a uma conclusão óbvia: não havia uvas em Portugal para fazer tanto vinho.

Só tenho pena de ter colocado o castelo de Almourol a fazer-me lembrar as guerras malucas que lá fiz.

Um abraço
Fernando

Um aparte: Já conhece a TOURIGA FEMEA? Sabe qual a sua origem? Se não conhece não falta muito tempo para a conhecer.
Alexandre Lalas
Colunista
Rio de Janeiro
RJ
18/11/2009 Grande Fernando

Touriga fêmea? Não faço idéia da origem.

Meu amigo Miguel, português de Lamego e hoje enólogo da Miolo, trouxe para o Brasil e está plantando na Campanha Gaúcha a touriga brasileira, que apesar do nome, é natural da Terrinha mesmo. Agora esta touriga fêmea nunca tinha ouvido falar.

E meu amigo Eder

Meu Mengão tá indo, devagar e sempre, mas tá indo...
Luiz Eduardo Grinberg de Carvalho
Advogado e agroempresário
Mogi das Cruzes
SP
02/10/2011 Caro Lalas,

Permita um corte: segundo ouvi de alguns enólogos portugueses, a Touriga Femea é a Touriga que está sendo plantada no Brasil como Touriga Nacional.
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]