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 A Unidos da Tijuca fez mágica na Sapucaí, os blocos arrastaram multidões pelas ruas do Rio, foi uma algazarra só. Mas a festa acabou, o Carnaval passou e 2010 pôde, enfim, começar de verdade. E é bom aproveitar, pois o ano deve ser daqueles bem curtinhos. A Páscoa já está no horizonte. Logo depois vem Copa do Mundo, em seguida começa o horário eleitoral, chegam as eleições e - jingle bells - já é Natal de novo! Mas, enquanto dezembro não vem, outros assuntos dominam o noticiário. E, muito em breve, todo mundo falará apenas de Copa do Mundo. Seremos, mais uma vez, a pátria de chuteiras. E acabaremos bombardeados com matérias sobre a África do Sul. Com a clara intenção de me antecipar à avalanche sul-africana que virá por aí, e antes que ninguém mais agüente ouvir falar de lá, resolvi ser o pioneiro. E a coluna desta semana será dedicada ao país-sede da Copa do Mundo de 2010.
Embora os vinhos da África do Sul sejam considerados como sendo do Novo Mundo pelos enófilos, o país produz vinhos desde 1659. Foi o fundador do posto de abastecimento da Companhia das Índias, no cabo da Boa Esperança, Jan van Riebeeck, em 1652, quem mandou vir da Europa as primeiras mudas de cepas convencionais. Mas foi quando o regime segregacionista sul-africano começou a fazer água, em meados dos anos 1990, e a comunidade internacional suspendeu as sanções que eram impostas ao país, que a indústria local pôde comemorar uma espécie de renascimento. Àquela altura, a estatal KWW controlava a produção, com um duvidoso sistema de cotas. Ao ser privatizada, a empresa perdeu o status de agência reguladora da indústria vinícola. Vieram investimentos, regiões foram descobertas e a qualidade média do vinho sul-africano subiu em progressão geométrica.
Para que se tenha uma ideia, em 1998 o país tinha 315 vinícolas, uma área plantada de 89.935 hectares e uma produção de 815,6 milhões de litros, dos quais 118,4 milhões eram exportados. Em 2007, o número de vinícolas era de 560, com uma área plantada de 101.957 hectares. A produção chegou a 1.043,5 milhões de litros, dos quais 312,6 milhões foram exportados. Neste meio tempo, o sul-africano passou a beber menos o vinho feito no país. Se em 1998 o consumo per capita era de 9,2 litros de vinhos locais, em 2007 a média foi de 7,4 litros per capita.
O perfil da produção também mudou. Em 1997, 80% da plantação era de uvas brancas. A chenin blanc, sozinha, respondia por pouco mais de 30% da área plantada. Embora ainda seja a casta mais plantada no país, a produção de chenin blanc hoje não chega a 20% do que é plantado. E as uvas tintas reagiram. Em 2007, 44% da produção era de uvas tintas. Puxando a fila, a cabernet-sauvignon, seguida pela shiraz (a cepa que mais cresceu nos últimos 10 anos), a merlot, a pinotage e a cinsault. Entre as brancas, depois da chenin, as mais plantadas são a colombard, a chardonnay, a sauvignon blanc (outra em franca expansão) e a muscat d'Alexandrie.
Geograficamente, a indústria vinícola é divida em regiões, distritos, zonas e propriedades. A principal zona de produção, em volta da Cidade do Cabo, é dividida em duas regiões: Coastal e Breede River Valley. Dois dos mais importantes distritos estão na região de Coastal: Paarl e Stellenbosch. No Brasil há uma boa oferta de vinhos sul-africanos, de diferentes estilos, regiões e preços. Portanto, antes que você não possa mais ouvir falar em safáris, Nelson Mandela, Charlize Theron, e nada que venha da África do Sul, aproveite e prove alguns dos bons vinhos feitos por lá. |
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Engarrafadas |
Na próxima quarta-feira, dia 3, historiadora Ana Roldão vai receber convivas para um jantar harmonizado no restaurante da bela loja da Grand Cru em Ipanema. O tema será Portugal. O preço por pessoa é de R$ 145. Maiores informações pelo telefone 2247-1089.
 Ex-presidente da ABS-Rio, Geraldo Alão vai comandar uma palestra com direito a degustação e jantar harmonizado na Casa Julieta de Serpa, no Flamengo, na quinta, dia 4. O assunto será a Argentina. Vai começar às 19 horas e o preço por pessoa é R$ 120. Maiores informações pelo telefone 2551-1278. |
Vinhos degustados |
Vinho da semana Nederburg Shiraz 2006 Western Cape, África do Sul Ótimo tinto a preço de banana, e que mostra o quanto a shiraz vai bem na África do Sul. No nariz, um mix de frutas negras, com um toque de especiarias e notas de chocolate e baunilha. Na boca, médio corpo, bom volume, taninos macios, muita fruta e um final não muito longo mas bem agradável. Vai bem com um cordeiro. Nota: 8,5 Preço: R$ 38,44 Onde: Casa Flora (2447-8944)
Barato bom Julia 2007 Paarl, África do Sul Tinto leve e fácil, corte de cabernet-sauvignon (50%), cabernet franc (30%) e merlot (20%). No nariz, fruta fresca e um leve toque de baunilha. Na boca, leveza é a chave. Macio, frutado e simples, mas bem feito. Bom para um churrasco. Nota: 8 Preço: R$ 39,90 Onde: Vinhos do Mundo (2547-1758)
Para guardar Kanonkop Cabernet Sauvignon 2005 Stellenbosch, África do Sul A Kanonkop é uma das principais vinícolas sul-africanas. Eu sou fã de carteirinha do Paul Sauer, um dos principais tintos da vinícola. Este cabernet é outra estrela do catálogo da empresa. Cassis, chocolate, café, baunilha e tabaco no nariz. Na boca, potente, robusto, um pouco duro até. Taninos presentes, acidez bem marcada, final longo e com um final levemente herbáceo. Grande qualidade e potencial para envelhecer - e bem - por muitos anos. Nota: 9 Preço: R$ 117,65 Onde: Mistral (3534-0044) |
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