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Santiago do Chile, 27 de fevereiro, 3h30 da madrugada. Quando a natureza, mais uma vez, mostrou o quanto pode ser devastadora, Derek Mossman Knapp, enólogo e dono da Garage Wine e Co., dormia em casa com a mulher e os filhos. Então, de repente, as janelas tremeram, a terra gemeu e a cidade acordou apavorada. Derek e a mulher pegaram os filhos e, mesmo mal conseguindo ficar de pé, arrastaram-se para fora da casa que parecia que ia ruir. Durante dois minutos, protegeram-se no batente da porta. Quando tudo parou, foi-se embora a eletricidade.

No dia seguinte, foi hora de arrumar a bagunça. Na William Fèvre, vinícola em que faz os seus vinhos no Alto Maipo, o panorama que Derek encontrou era terrível. Tanques avariados, barricas rompidas, falta de ventilação e eletricidade, garrafas quebradas e o piso com uma cor púrpura sangrenta e que tornava o cenário ainda mais assustador.

O Chile é um dos principais países produtores de vinho do mundo. O Brasil é um mercado importante para os chilenos. Ainda mais depois da crise financeira que provocou a queda das vendas para mercados como o inglês e o americano. O vinho mais bebido em nosso país é o chileno. E, embora não possamos dimensionar a tragédia em número de garrafas quebradas, tanques avariados ou litros perdidos, o fato é que a indústria chilena sofreu um forte abalo por conta do terremoto. As primeiras estimativas são de que 12,5% da produção foram afetadas. Grandes vinícolas como Concha y Toro, Santa Rita e Montes sofreram grandes prejuízos. Mas foram os pequenos produtores, que fazem vinhos artesanais, em quantidades mínimas, os que mais sofreram com o desastre.

As duas zonas mais afetadas pelo tremor foram Bío-Bío e Maule. Nestas regiões, o vinho é um importante ator na economia e um dos principais responsáveis pelo crescimento econômico registrado nos últimos anos. Ali, a situação foi ainda pior. Os primeiros relatos, ainda um tanto desencontrados, falam em vítimas entre os trabalhadores da Reserva de Caliboro, vinícola que produz o Erasmo. A Gillmore, outra importante bodega do Maule também teria sofrido sérios danos, inclusive com rachaduras em edificações.

Sven Bruchfeld, da Polkura, disse para a Wine Spectator que perdeu 50% da produção do shiraz que produz. Falou ainda que a maioria dos tanques de aço inox desabou. Por conta disso, ele declarou não ter a menor ideia de como fazer com as uvas da colheita de 2010. "Milhões de litros estão no chão, foi terrível, um enorme dano para a indústria", afirmou Sven.

Mas apesar do caos e do desespero, o Chile irá reagir. "Iremos reconstruir tudo o que Mãe Natureza quebrou no sábado. Vamos reconstruir telhado por telhado, cidade por cidade, indústria por industria, barril por barril", garante Derek. E de certa forma, todos podem ajudar. Mesmo que seja comprando uma garrafa de vinho chileno.
 
Vinhos degustados
Vinho da semana
Polkura 2006
Marchigüe, Chile
Um syrah de respeitado, "domesticado" por 4% de malbec, 2% de viognier e outros 2% de outras três uvas (tempranillo, grenache noir e mourvèdre). Nariz rico e intenso, com notas de frutas negras maduras, erva doce, especiarias e alcaçuz. Na boca, é bem encorpado, com taninos macios, acidez bem marcada, muita fruta e um final longo e algo doce. Parceiro para carnes com bastante gordura.
Nota: 9
Preço: R$ 80
Onde: Premium (8173-9554)

Barato bom
Huelken Cabernet Sauvignon 2006
Vale do Maipo, Chile
A Huelken é uma vinha orgânica, do vale do Maipo e que produz vinhos com a cara de Mario Ravenna, um dos sócios da empresa: alegres e adoráveis. Este cabernet-sauvignon é assim. No nariz, cereja, cassis, baunilha, chocolate e um leve eucalipto. Na boca, frescor, volume e suavidade.
Nota: 8
Preço: R$ 29
Onde: Terramatter (3860-6565)

Para guardar
I Latina Gran Reserva Syrah 2007
Vale do Cachapoal, Chile
Irene Paiva é ex-enóloga da Viña San Pedro, uma das maiores do Chile. E este é o projeto pessoal dela: um syrah majestoso. Nariz intenso, rico em especiarias e fruta vermelha. Na boca, taninos ainda duros, rico em acidez, corpo e volume. Apenas 1.800 garrafas deste vinho foram produzidas. Excelente com pernil de cordeiro.
Nota: 9
Preço: R$ 100
Onde: Terramatter (3860-6565)
Comentários
Rafael Mauaccad
Enófilo
São Paulo
SP
07/03/2010 Caro Lalas,

Para os colegas que queiram acompanhar as informacões das vinícolas chilenas acessem http://twitter.com/jmolesworth1

James Molesworth é crítico da Wine Spectator que está centralizando as informacões .

Abraco,
Rafael
Marcelo Carneiro
Advogado e enófilo
Resende
RJ
07/03/2010 Eu represento a Gillmore no sul do Estado do Rio e a situação realmente não é boa. Mas, no geral, as vinícolas ligadas à Ana Import não sofreram muito. O mesmo ocorreu com a Winery.

Tomara que os danos sejam superáveis, pois, após tanta luta para se chegar a esse patamar de qualidade, é realmente lamentável.
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]