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 Uma sucessão de charmosos vilarejos ancestrais e campos verdes por onde pastam gordas vacas e recortada por belas montanhas. Este é o Jura, isolada região ao leste da França, quase na fronteira com a Suíça, que produz, além de um ótimo queijo de massa dura chamado Comté, vinhos de sabores e caráter únicos. Mas que, infelizmente, ainda não estão devidamente representados no mercado brasileiro. Poucas importadoras investem em vinhos desta região.
A originalidade dos vinhos começa nas cepas. Tudo bem que chardonnay (localmente chamada de melon d'Arbois) e pinot noir batem ponto no Jura. Mas a branca savagnin e as tintas poulsard e trousseau garantem a tipicidade da região. O clima é continental, com outonos longos e suaves, invernos muito frios e com muita neve, e verões quentes e ensolarados, mas, às vezes, marcados por mais chuva do que o desejado. Os solos são uma mistura de argila e calcário.
São quatro as denominações de origem do lugar: Arbois, Château Chalon, Côtes-de-Jura e Étoile. Mas, muito mais importante do que as denominações em si, são os tipos de vinhos produzidos no Jura, em especial dois deles: o vin jaune (ou vinho amarelo) e vin de paille (vinho de palha).
O vin jaune pode ser descrito como uma versão francesa do xerez. É feito com a savagnin, colhida bem madura e em vinhedos de baixo rendimento. Após as fermentações convencional e malolática, o vinho é transferido para barricas antigas de 228 litros, onde permanece por seis anos. Neste período, ocorre um fenômeno raro: um véu de leveduras, semelhante à flor do xerez, se forma na superfície, impedindo a entrada de ar. Durante o envelhecimento, ocorre uma forte evaporação do vinho, o que explica o formato único da garrafa de vin jaune, de 620 ml. É que, de cada litro existente nas barricas, sobram apenas 620 ml após os seis anos de estágio na madeira. O vin jaune tem um gosto quase salgado, que lembra muito o do xerez fino. Nozes, curry e gengibre são aromas comuns. Este tipo de vinho pode ser produzido em todas as regiões do Jura, mas os de maior prestígio vêm de Château Chalon, uma denominação que só produz o vinho amarelo.
O vin de paille é feito com uvas deixadas sobre uma cama de palhas, de outubro a janeiro. Os bagos ficam desidratados e geram um suco rico e concentrado. A fermentação é feita em pequenos barris e pode durar até quatro anos. O resultado é um vinho doce e sedoso, rico de aromas, com notas de marmelada e frutas em calda como figo, pêssego e damasco.
Além dos originais vin jaune e vin de paille, o Jura produz bons espumantes (em geral feitos com a chardonnay, pelo método tradicional), e brancos, rosados e tintos leves e frescos. Outra especialidade do Jura é o Macvin, um vinho de fermentação interrompida, muito parecido com o Pineau de Charentes (outro fortificado francês), mas um pouco mais seco. |
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Vinhos degustados |
Vinho da semana Château Chalon Alain Baud 1992 Jura, França Um vin jaune de primeira, feito por um produtor de respeito. Rico em aromas, com notas de nozes, gengibre e champignon. Na boca, acidez e álcool bem equilibrados, com um final longo e que lembra curry. Com o queijo Comté, outra beleza do Jura, fica perfeito. Nota: 9 Preço: R$ 190 Onde: Club Du Taste-Vin (2633-8866)
Barato bom Callia Magna Shiraz 2006 San Juan, Argentina Vinho de clima quente, intenso no nariz, com aromas de fruta em compota, coco e baunilha. Na boca, médio corpo, cremoso, com taninos doces e um final agradável. Nota: 8 Preço: R$ 44,20 Onde: Decanter (2286-8838)
Para guardar Domaine Baud Vin de Paille 2003 Jura, França Poulsard, savagnin e chardonnay são as uvas usadas neste belo vinho de palha. As uvas secam durante cinco meses em camas de palha e depois são prensadas com delicadeza e fermentam lentamente em pequenos barris de carvalho. O resultado é um vinho doce natural, muito rico no nariz, com notas de figos em calda, marmelada, mel e doce de pêssego. O vinho é a própria sobremesa. Ainda novo, vale a pena esperar para provar este néctar. Nota: 9 Preço: R$ 168 Onde: Le Tire Bouchon (11 3822-0515) |
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