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Em maio de 2007, a Confraria dos Nove promoveu uma degustação às cegas no restaurante Terzetto, em Ipanema, para avaliar 12 vinhos feitos com a merlot na América do Sul. Na ocasião, eram seis brasileiros, três chilenos, dois argentinos e um uruguaio que foram avaliados. O resultado não foi nada bom para os representantes nacionais. Apenas o Miolo Terroir 2002 conseguiu lugar de destaque, ficando na terceira colocação, atrás do argentino Doña Paula Estate Merlot 2004 e do chileno Marques de Casa Concha Merlot 2004. Os outros cinco vinhos brasileiros terminaram em colocações que foram do sétimo ao último lugar.

Ontem, na loja da Confraria Carioca, no Rio Plaza Shopping, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, o WINE REPORT promoveu uma degustação semelhante. A intenção era diagnosticar a evolução dos merlots brasileiros no cenário sul-americano. Para muitos produtores, a uva tem tudo para se tornar a casta símbolo do Brasil. Algo parecido ao que acontece com a malbec na Argentina, a carmenère no Chile e a tannat no Uruguai.

Para a prova, foram selecionados 26 vinhos, sendo 14 nacionais e 12 estrangeiros (dois norte-americanos, seis chilenos, três argentinos e um uruguaio). E, se na prova de 2007 os brasileiros decepcionaram, desta vez não teve para ninguém. Cinco entre os dez primeiros colocados eram vinhos nacionais, incluindo os três primeiros colocados. O grande vencedor foi o Storia 2006, da Casa Valduga, com média de 84,31 pontos. Em segundo lugar, o Salton Desejo 2006, apenas seis centésimos atrás. Completando o pódio, em terceiro, o Dal Pizzol Merlot 2007, com média de 81 pontos.

Os vinhos foram servidos às cegas em cinco baterias, cada uma com cinco amostras, exceto a última bateria, com seis rótulos. Os degustadores avaliaram os aspectos visual, olfativo e gustativo dos vinhos e atribuíram notas de 50 a 100 pontos. A prova foi muito equilibrada e, apuradas as notas, a maior e a menor pontuação de todos os vinho foi anulada, obtendo assim uma média ponderada de cada amostra.

Participaram da degustação os sommeliers João Souza, Eder Heck e Alexandre Neo; o professor da ABS-RJ, Ricardo Farias; o presidente da SBAV-RIO, Paulinho Gomes; o dono da loja Confraria Carioca, Duda Zagari; o músico e enófilo Mu Carvalho; Sérgio Esteves, da importadora World Wine; a crítica de gastronomia do WINE REPORT Luciana Plaas e o jornalista e crítico de vinhos do WINE REPORT, Alexandre Lalas.

Abaixo, os resultados da prova de 2010 e da prova de 2007, para comparações.

Prova de 2010


Prova de 2007
 
Comentários
Nilson Roberto
Enofilo e Profissional do vinho
São José do Rio Preto
SP
03/10/2010 Olá caro Lalas,

Devido à grande repercussão que teve a degustação realizada pelo Dirceu Viana Jr. em Londres, eu também quis comprovar essa evolução do nosso vinho tinto mais emblemático e então propus como tema de nossa Confraria, aqui em Rio Preto, uma degustação de Merlot’s com o mesmo propósito.

Na ocasião (14/09), degustamos 8 merlot’s, sendo 4 nacionais, 2 argentinos, 1 chileno e 1 francês de Bordeaux e o resultado foi idêntico ao da degustação do Wine Report: os nacionais deram uma lavada nos estrangeiros. Abaixo reproduzo como ficou o nosso painel:

RANKING - DESCRIÇÃO VINHO - PONTOS
1º - Miolo Merlot Terroir 2008 - 14% - 89,0
2º - Salton Desejo 2006 - 13% - 88,0
3º - Casa Valduga Storia Merlot 2006 - 14,5% - 87,0
4º - Cornellana Reserva 2008 - 14,5% - 86,0
5º - Luis Felipe Edwards G. Reserva 2008 - 14% - 82,0
6º - Larentins Reserva Especial Merlot 2005 - 13% - 82,0
7º - D. Cheval Blanc Bordeaux 2007 - 13% - 78,0
Tahuantinsuyo 2003 - Não avaliado - N. A.

Tudo isso comprova que já produzimos vinhos de qualidade internacional aqui no Brasil, nos faltando (no meu ponto de vista) apenas uma maior projeção no mercado mundial, mas creio que estamos caminhado pra isto com o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Ibravin junto aos produtores nacionais e degustações como esta realizada pelo Dirceu Viana Jr, tenho certeza que em poucos anos o nosso vinho terá o merecido reconhecimento no cenário mundial.
Eduardo M Araujo
Sommelier
Florianópolis
SC
06/10/2010 Alexandre, O Miolo Merlot Terroir não seria 2008? Ou 2005? Desconheco a existência da safra 2007.

Na mais, boa matéria... Estamos observando realmente a qualidade desses vinhos!!
Alexandre Lalas
Colunista
Rio de Janeiro
RJ
07/10/2010 Eduardo, você tem razão. Erro de digitação, a safra é a 2008.

Oscar, Você muda, por favor..
Abs
Valdiney C Ferreira
L'Orangerie
Rio de Janeiro
RJ
07/10/2010 Caro Lalas,

Como eu conheço a maior parte do grupo de degustadores, atrevo-me a dizer até bastante, a tendência do gosto pessoal, uma pontuação escala 100 me diz bastante coisas. Mas, para quem não tem qualquer dado complementar, a classificação diz pouco. Não sei o que representaria como diferença 84.31, 84.25, 81.00, ou seja, a pontuação por exemplo dos 3 primeiros colocados.

Estou falando isto pq numa degustção na loja citei a tabela como um bom guia de compra de vinhos brasileiros e várias pessoas questionaram como eu podia saber só com aquelas pontuações. Concordei que não seria possível e daí minha sugestão: por que não associar à pontuação uma ficha técnica de no máximo 3 linhas para no mínimo os 5 mais bem pontuados com características gerais de aromas, sabores e estrutura, quiça com sugestão de tempo de guarda? Informaria mais os leitores e valorizaria muito esta excelente degustação.

Abcs, Valdiney
Eduardo Amaral
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
08/10/2010 Parabéns pela matéria. Infelizmente, "Sideways" comprometeu bastante a viabilidade do merlot como varietal em muitos lugares do mundo; em especial nos EUA, onde sempre provei exemplares fantásticos da cepa.

Particularmente, acho que a escolha dos competidores estrangeiros poderia ter sido mais representativa. Faltaram, EMHO, Arboleda, Joffré, Loma Larga, Shafer, Cakebread, Souverain, Angelica Zapata, La Anita,... Estranho o Cuvee Alexandre ter ficado na zona de rebaixamento; as safras mais antigas eram excelentes.

[]s,
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