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 A invasão chinesa em Bordeaux segue a toda velocidade. Além de esgotarem estoques e inflacionarem os preços dos vinhos da região, os mandarins do Grande Reino do Oriente mudaram de tática e resolveram mesmo ir beber direto na fonte. Agora, foi a vez de o empresário Richard Shen Dongjun (na foto) - de 42 anos, e dono de uma cadeia de joalherias espalhadas por Xangai e pelo sudeste da China - realizar o sonho do château próprio. Por uma soma não revelada, Dongjun comprou de Frederic Ducos o Château Laulan Ducos, um cru bourgeois do Médoc, de 22 hectares. Esta foi a sexta propriedade bordalesa vendida aos chineses. Anteriormente, os châteaus Latour-Laguens, Richelieu, Chenu Lafitte, de la Salle e de Viaud já haviam trocado de mãos.
O novo dono do Château Laulan Ducos anunciou que pretende - vejam só - parar de vender os vinhos da casa na França. A intenção é concentrar as vendas no mercado chinês. Mas se pretende mudar tudo na parte comercial, Dongjun não parece disposto a meter o bedelho na produção em si. Quem seguirá fazendo o vinho será o ex-dono da casa, Frederic Ducos.
Um produtor de Saint-Estephe que preferiu manter-se anônimo declarou ao site da revista inglesa Decanter que a onda de aquisições de pequenas vinícolas por parte dos chineses só tende a crescer. E que, em um breve futuro, os grandes châteaux poderão vir a ser o alvo. "Com o dinheiro que eles têm para investir, é intrigante que apenas pequenas propriedades tenham sido compradas até agora. Com certeza, não é uma questão de orçamento, mas de estratégia. O que parece, é que os chineses estão querendo aprender e entender melhor o mercado antes de alçarem vôos maiores. Mas acho que em um futuro muito próximo eles começarão o ataque a áreas de maior prestígio", declarou.
Ainda neste ano, australianos irão produzir um documentário que explora justamente a relação entre os chineses e Bordeaux. Com filmagens nos dois países, o filme - dirigido pela dupla Warwick Ross e David Roach - vai se chamar The fine wine game.
Aos consumidores e amantes do vinho de Bordeaux, a onda de aquisições provoca um franzir de sobrancelhas. Afinal de contas, no ritmo que a coisa vai, há de chegar o dia em que não restará mais DNA francês no comando de nenhuma vinícola bordalesa.
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Vinhos degustados |
VINHO DA SEMANA
Quinta da Pedra Alta Reserva Pessoal Jorge Pinto Leal Branco 2008
Douro, Portugal
Edição limitada a apenas 2 mil garrafas, corte de malvasia fina, gouveio e rabigato, com estágio de sete meses em barricas de carvalho com batonnage. No nariz, fruta e madeira bem integrados, com notas de marmelo, pêra cozida, baunilha e um toque amanteigado. Na boca, é untuoso, com acidez bem trabalhada, volume e um final longo e com ligeiro tostado. A Grand Cru traz os vinhos da Quinta da Pedra Alta para o Brasil, mas, até o momento, este Reserva Pessoal ainda não foi importado.
Nota: 8,5
Preço médio: N/D
Importador: N/D
BARATO BOM
Sabor Real Joven 2008
Toro, Espanha
Apesar de o nome ser jovem, este tinto é feito com a tempranillo vindas de vinhas velhas, de mais de 70 anos. Nariz franco, com notas de cereja, amora, tabaco e especiarias. Na boca, os taninos ainda estão duros, a acidez é generosa, mas o vinho é leve e fresco, com um volume razoável e um final curto, mas agradável. Bom vinho, de ótimo custo-benefício.
Nota: 8
Preço médio: R$ 35
Importador: Grand Cru |
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