"LF""LF""LF""LF""LF"


Matérias relacionadas
Colunistas
 
Dois produtores argentinos estiveram no Rio nesta semana para mostrarem os vinhos que fazem a jornalistas e profissionais. Da Patagônia, veio Roberto Schroeder, da Familia Schroeder. De Mendoza, Juan Marcó, CEO da Finca Decero. Em comum, além de serem argentinos e tenham vindo vender vinho, as duas vinícolas têm a consultoria do norte-americano Paul Hobbs.

Hobbs é figurinha fácil na Argentina. Além de aconselhar um monte de gente, tem a finca própria, a Cobos. O engraçado é que a marca registrada do norte-americano é a potência. Os vinhos de Hobbs - sejam os da vinícola dele, nos Estados Unidos, ou os da Cobos, em Mendoza - são marcados por muita concentração, um volume impressionante e, por vezes, por uma super extração. Não é o caso nem da Familia Schroeder e nem da Finca Decero.

Os vinhos da Patagônia são curiosos e um tanto irregulares. No meio de um ótimo cabernet-sauvignon e um surpreendente pinot noir, aparecem um chardonnay desequilibrado e um pinot de colheita tardia que pouco (ou nada) acrescenta ao portfólio. Mas a média é boa e os preços, convidativos. Em comum aos vinhos, uma preocupação com o frescor. Nada de uva demasiado madura ou vinhos com uma super extração. Em que pese na enologia da casa abundarem técnicas como crio-maceração e neve carbônica, nos vinhos da Familia Schroeder, quem manda é a fruta e pronto.

Já a Finca Decero ainda é um projeto novo, mas bem interessante. A aposta ali é no terroir. O pessoal da vinícola sonha em transformar o nome da vinha (remolinos) em referência de qualidade. Algo como ocorre com alguns grandes vinhedos do mundo. Mas para que o objetivo seja alcançado, é preciso paciência. O caminho é longo e as vinhas ainda são bem novas. Mas, apesar de uma nota vegetal e da falta de volume comum a todos os vinhos da Deceros, o barca está no rumo. Um syrah repleto de pimenta e um petit verdot promissor, junto com o carro-chefe da bodega, o Amano (corte de malbec, cabernet-sauvignon, petit verdot e tannat) são os destaques de uma vinícola que merece atenção.
 
Vinhos degustados
Familia Schroeder
Saurus Sauvignon Blanc 2009
Patagônia, Argentina
Em uma primeira análise, este sauvignon blanc quase nada parece com outros vinhos feitos com a mesma uva na Argentina. É mais discreto aromaticamente, sem a maciça presença do maracujá ou de outras frutas tropicais. Talvez fruto da malolática feita em 30% do vinho, o certo é que sobressaem mais os aromas láticos. Na boca, é fresco, leve, gostoso, com razoável volume e um final levemente quente, em que o álcool aparece um pouco além do que deveria. Um vinho para aperitivo, mas com qualidade e um bom preço.
Nota: 7,5
Preço médio: R$ 39,90
Importador: Decanter

Saurus Pinot Noir 2007
Patagônia, Argentina
Na Argentina, há quase um consenso de que a Patagônia é a melhor região para a pinot noir. A uva ali gera vinhos ricos em cor, com bastante estrutura e de fato bons, embora nada tenham a ver com os franceses feitos com a mesma casta. Este traz um estilo um pouco diferente dos outros pinots da região, mais aproximado até ao jeito francês de lidar com a uva. No nariz, frutas vermelhas frescas e um leve toque de ervas. Na boca, leveza é a chave, com um volume razoável, e um final médio e frutado. No proibitivo mercado brasileiro, é difícil achar um pinot deste nível nesta faixa de preço.
Nota: 8
Preço médio: R$ 46
Importador: Decanter

Saurus Patagonia Select Chardonnay 2006
Patagônia, Argentina
Bom branco, em boa forma. Não é exuberante no nariz, mas fino. Com aromas de frutas tropicais e notas de baunilha e manteiga. Na boca, tem bom volume, acidez no ponto, é macio e com um final médio.
Nota: 8
Preço médio: R$ 53
Importador: Decanter

Saurus Patagonia Select Chardonnay 2008
Patagônia, Argentina
Este chardonnay está em um nível claramente abaixo do vinho da safra 2006. No nariz é até mais intenso e exuberante, com notas de frutas tropicais. Mas na boca, perde. A acidez acima da curva atrapalha o conjunto e o vinho fica desequilibrado.
Nota: 6
Preço médio: R$ 53
Importador: Decanter

Saurus Patagonia Select Merlot 2007
Patagônia, Argentina
A vinícola aposta na merlot, apesar da dificuldade que é vender vinhos desta uva no mercado. Neste caso, julgando apenas a qualidade do vinho, a aposta vale. Bom merlot, com nariz fino, notas de frutas vermelhas frescas, um toque de ervas e evolução para baunilha. Na boca, a fruta manda. É leve, com um volume razoável, taninos macios, equilibrado e com um final médio e com leve amargor.
Nota: 8
Preço médio: R$ 53
Importador: Decanter

Saurus Barrel Fermented Malbec 2008
Patagônia, Argentina
A intenção dos produtores é fazer um malbec em que a elegância se sobreponha à potência. Para tal, apostam em crio-maceração e barricas especialmente tostadas para a bodega. O resultado é um malbec com menos cor e aromas do que o usual na Argentina, mas nem por isso pior. No nariz, não tem aquela violeta tão abundante, mas segue preservando os aromas de frutas vermelhas maduras. Na boca, de fato a enologia consegue conferir mais elegância ao vinho do que a média argentina. Mas sem sacrifício dos tão adorados taninos doces e macios. Ainda tem médio corpo, bom volume e um final médio e cheio de fruta madura.
Nota: 8
Preço médio: R$ 89
Importador: Decanter

Familia Schroeder Cabernet Sauvignon 2005
Patagônia, Argentina
Roberto Schroeder, um dos donos da vinícola, aposta que os vinhos feitos com a cabernet-sauvignon serão a próxima bossa da Argentina. Se o nível ficar perto deste aqui, certamente ele terá razão. Nariz rico e intenso, com notas de cassis, fruta madura, licor de cereja, e evolução para café, chocolate e tabaco. Na boca, tem corpo, taninos finos, bom volume, acidez no ponto e um final longo. Grande vinho.
Nota: 9
Preço médio: R$ 155
Importador: Decanter

Saurus Pinot Noir Tardio 2008
Patagônia, Argentina
Vinho feito com a pinot colhida tardiamente, já passificada, mas sem sofrer o ataque da botritis. No nariz, fruta compotada e um ligeiro toque de melado. Na boca, falta estrutura e sobra acidez. Um vinho de sobremesa em que falta, justamente, açúcar.
Nota: 6
Preço médio: R$ 95
Importador: Decanter
Finca Decero
Decero Remolinos Vineyards Syrah 2007
Mendoza, Argentina
Feito em uma região mais fria de Agrelo, este é um syrah marcado pela pimenta. No nariz, as especiarias dão o tom e a fruta negra fica em segundo plano. Na boca, tem médio corpo, taninos finos, acidez correta e um final longo e apimentado. Falta volume.
Nota: 8
Preço médio: R$ 75
Importador: Ana Import

Decero Remolinos Vineyards Malbec 2008
Mendoza, Argentina
Malbec feito com uvas de diferentes níveis de maturação, este é um malbec mais floral do que a média argentina. No nariz, flores (violeta, rosas) e um leve toque vegetal. Na boca, médio corpo, boa acidez, taninos macios e um final longo e um pouco alcoólico. Assim como o syrah, falta volume.
Nota: 7,5
Preço médio: R$ 75
Importador: Ana Import

Decero Remolinos Vineyards Cabernet Sauvignon 2008
Mendoza, Argentina
No nariz, ligeiramente vegetal, com evolução para especiarias e couro. Na boca, é ligeiro, médio corpo, acidez no ponto, taninos presentes, final médio.
Nota: 7
Preço médio: R$ 75
Importador: Ana Import

Decero Remolinos Vineyards Mini-Edición Petit Verdot 2008
Mendoza, Argentina
Varietal de petit verdot, uma das apostas da Finca Decero para o mercado inglês, com estágio de 16 meses em barricas francesas, sendo 50% novas. Intenso no nariz, com aromas florais, de frutas negras frescas e evolução para terra, café e couro. Na boca, é encorpado, com taninos rústicos, acidez no ponto, bom equilíbrio e um final longo com um ligeiro amargor.
Nota: 8,5
Preço médio: R$ 145
Importador: Ana Import

Decero Remolinos Vineyards Amano 2008
Mendoza, Argentina
Corte de malbec (64%), cabernet-sauvignon (30%), petit verdot (4%) e tannat (2%), com estágio de 20 meses em barricas novas de carvalho francês e um ano de afinamento em garrafa antes de ir para o mercado. No nariz, a malbec salta na frente, com aromas de violeta, seguidos por fruta vermelha fresca e evolução para chocolate. Na boca, tem taninos macios, frescor, equilíbrio e um final longo e levemente floral. Característica comum aos outros vinhos da Decero, carece de mais volume.
Nota: 8,5
Preço médio: R$ 230
Importador: Ana Import
Comentários
Sem comentários até o momento    
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]