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O vinho argentino já conquistou lugar cativo nos corações e mentes dos consumidores brasileiros. A oferta de rótulos do país só faz crescer nas prateleiras de lojas e supermercados, no catálogo das importadoras e na carta dos restaurantes. Há uma nova geração de amantes do vinho formada nas bases dos vinhos de Argentina e Chile. Mas, apesar de todo este cartaz, os argentinos querem mais. E o desejo é mostrar que não apenas quando se trata de custo-benefício que eles sabem fazer vinhos. A intenção é brigar também lá em cima, nos rótulos de alta gama, o prestigioso segmento dos vinhos de alta qualidade.

E foi com este mote que a Wines of Argentina, empresa que cuida da imagem a da divulgação do vinho do país no exterior, contratou o carioca Marcelo Copello, um dos principais expoentes do jornalismo de vinho no Brasil, para uma série de palestras e degustações nas principais cidades brasileiras.

Na semana passada, no restaurante Oro, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio, Marcelo reuniu uma platéia que misturou profissionais e amadores, em para uma pequena palestra, seguida de prova às cegas em que dez dos principais vinhos argentinos mediriam forças. Para eleger o campeão, cada um escolhia os seus três preferidos, conferindo três pontos para o predileto, dois para o segundo, e um para o terceiro. O vinho que somasse mais pontos venceria a prova.

A degustação foi bem equilibrada, de alto nível e deixou clara a diferença de estilos que vigora na Argentina. De um lado, vinhos robustos, com muita extração, corpo e álcool, em que a busca por potência muitas vezes sacrifica um pouco a elegância. Do outro, vinhos mais frescos, elegantes, porém com menos força e vigor. Em todos os vinhos, equilíbrio foi a senha. E, como gosto não se discute, segue, abaixo, o resultado final:

1º Viña Cobos Bramare Malbec 2007
2º Trapiche Malbec Single Vineyard Viña Fausto Orellana de Escobar 2007
3º Achaval Ferrer Finca Bella Vista 2007
4º Luigi Bosca Icono 2006
5º Cheval des Andes 2006
6º O. Fournier Alpha Crux Blend 2004
7º Bodega del Fin del Mundo Special Blend 2007
8º Felipe Rutini 2004
9º Yacochuya 2006
10º Alta Vista Alto 2006
 
Vinhos degustados
Lembro que a pontuação conferida reflete apenas a opinião do colunista e não acompanha, necessariamente, o resultado final da prova.


Alta Vista Alto 2006
Mendoza, Argentina
Malbec cortada com 25% de cabernet-sauvignon, com fruta madura no nariz, licor de amora e evolução para café. De estilo mais pesado, com bastante extração, encorpado, com taninos doces, bom volume na entrada, perde no meio e tem final longo, mas um tanto alcoólico.
Nota: 8
Preço médio: R$ 260
Importador: Épice

Trapiche Malbec Single Vineyard Viña Fausto Orellana de Escobar 2007
Mendoza, Argentina
Feito com vinhas de um único vinhedo, com mais de 60 anos, e a mil metros de altitude, este é um malbec de primeira classe. O estilo aqui foge um pouco da opulência e da força de muitos vinhos argentinos feitos com a uva, e busca mais o frescor da fruta do que a fácil sedução dos doces taninos. Fruta fresca e pimenta no nariz; tem bom corpo, boa entrada em boca, perde volume no meio, tem bom frescor, taninos finos e um final longo e frutado.
Nota: 9
Preço médio: R$ 136,90
Importador: Interfood

Yacochuya 2006
Salta, Argentina
Malbec de vinhas velhas e grande altitude (2035 metros), de grande potência e vigor. Intenso no nariz, frutas vermelhas maduras, geleia de amora, licor, hortelã, pimenta negra, com evolução para azeitonas pretas. Na boca, quer ser grande. Tem muito corpo, super extração e um grande volume. Mas peca pela falta de equilíbrio. Sobra álcool, falta frescor. Um vinho pesadão, que vai agradar a quem gosta do estilo.
Nota: 8
Preço médio: R$ 232
Importador: Grand Cru

O. Fournier Alpha Crux Blend 2004
Mendoza, Argentina
Corte de tempranillo, merlot e malbec, bom rótulo desta bodega espanhola que há tempos fincou raiz na América do Sul, fazendo vinhos na Argentina e no Chile. No nariz é fino, com um toque floral e notas de ameixa e evolução para café. Na boca, tem bom corpo, taninos doces, bastante extração, bom volume e um final longo.
Nota: 8,5
Preço médio: R$ 135
Importador: Vinci

Bodegas del Fin del Mundo Special Blend 2007
Patagônia, Argentina
Corte de cabernet-sauvignon, malbec e merlot, feito no frio da Patagônia argentina. No nariz, um toque floral, notas de frutas frescas, eucalipto e especiarias, com evolução para café e chocolate. Na boca, é fresco, fino, de médio corpo e com um final longo e frutado. O vinho era trazido pela Reloco, mas em breve estará nas prateleiras dos supermercados Zona Sul. É conferir e ver se o preço irá baixar, se manter, ou aumentar...
Nota: 8,5
Preço médio: R$ 160
Importador: Reloco

Viña Cobos Bramare Malbec 2007
Mendoza, Argentina
Malbec de vinhas com mais de 50 anos e mais de mil metros de altitude, de grande qualidade. É dos que melhor alia concentração, potência, elegância e frescor. No nariz, cereja ameixa, amora e evolução para pó de café. Na boca, bom corpo, taninos doces, muito volume e um final longo e arrebatador.
Nota: 9,5
Preço médio: R$ 395
Importador: Grand Cru

Cheval des Andes 2006
Mendoza, Argentina
Malbec cortado com cabernet-sauvignon e merlot, joint venture da Terrazas de Los Andes com o Château Cheval Blanc, este é um dos grandes vinhos argentinos. No nariz, frutado, com notas florais e evolução para couro. Na boca, tem bom corpo, bastante elegância, taninos finos, bom volume e um final longo e floral.
Nota: 9
Preço médio: R$ 320
Importador: LVMH

Luigi Bosca Icono 2006
Mendoza, Argentina
Malbec e cabernet-sauvignon, de vinhas de 90 anos, fazem este vinho, ícone da Luigi Bosca, uma das grandes bodegas argentinas. Intenso no nariz, com notas de cereja, ameixa, amora, violeta. Na boca, bom corpo, frescor, taninos doces, bom volume e um final longo e que deixa um gosto de amora na boca.
Nota: 9
Preço médio: R$ 373, 35
Importador: Decanter

Felipe Rutini 2004
Mendoza, Argentina
Corte de cabernet-sauvignon, merlot, malbec e syrah, o sempre bom Felipe Rutini deixa a desejar nesta complicada safra 2004. Um tanto herbáceo no nariz, onde ainda aparece um traço de violeta. Na boca, tem médio corpo, taninos finos, um tanto magro na boca e com um final surpreendentemente curto.
Nota: 7
Preço médio: R$ 379
Importador: Zahil

Achaval Ferrer Finca Bella Vista 2007
Mendoza, Argentina
Os vinhos de finca da Achaval são pequenas joias, cujo objetivo é - para o bem e para o mal - deixar bem claro as diferenças de cada pequeno terroir que a vinícola tem. Este é feito com a malbec de vinhas plantadas em pé franco e com mais de 100 anos de idade. No nariz é fino, com notas florais, de frutas vermelhas frescas, especiarias, evolução para tostado, chocolate e caramelo. Na boca, é encorpado, com taninos finos, elegante, com bom volume, acidez irretocável e um final longo e fresco. Um vinho de excelente equilíbrio e qualidade, com imenso potencial de guarda, mas que já está prontinho para beber.
Nota: 9,5
Preço médio: R$ 350
Importador: Inovini
Comentários
Luiz Carlos Cattacini Gelli
Engenheiro
Rio de Janeiro
RJ
19/07/2011 Oi Lalas, tudo bem?

Parabéns pela matéria, ótima como todas. Como curiosidade gostaria de te perguntar o porquê de os vinhos da Bodega y Caves de Weinert nunca serem lembrados, nesta e em tantas outras degustações? Na minha opinião os estrelados vinhos desta vinícola estão entre os melhores vinhos argentinos que já bebi.

Abs.
Aguinaldo Aldighieri
Enófilo
Rio de Janeiro
RJ
19/07/2011 Concordo com o Gelli. Os vinhos de Dom Bernardo Weinert mereceriam participar da lista dos melhores argentinos. Eles eram importados pela "Vinhos do Mundo" de Porto Alegre, mas não sei atualmente quem é o importador.
Odir Somavilla
Sommelier
Niterói
RJ
21/07/2011 Não poderia deixar de comentar um grande vinho, Riglos Gran Corte, que está entre os melhores da Argentina. O importador deste vinho é a Decanter.

Abraços
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]