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Com 37 anos de estrada, a Dal Pizzol é uma das vinícolas mais importantes do Brasil. A aposta, desde sempre, foi em vinhos de qualidade, marcados pela fruta e sem passagem por madeira. A vinícola produz uma variada gama de vinhos, em duas marcas: Do Lugar e Dal Pizzol. Na última sexta-feira (22), o restauranteur Pedro Hermeto promoveu, no Aprazível, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, uma degustação vertical com nove safras do cabernet-sauvignon produzido pela Dal Pizzol. Uma chance de ouro para avaliar a evolução dos rótulos da vinícola gaúcha. A organização da prova contou com a valiosa colaboração da Dal Pizzol, que enviou para o painel alguns rótulos de anos antigos.

Foram degustados os cabernets das safras 1985, 1991, 1995, 1996, 1999, 2002, 2004, 2005 e 2008. Participaram da prova, além do anfitrião Pedro Hermeto, os enófilos Alain Ingles, Duda Zagari, PauloNicolay, Rogério Goulart e o repórter que vos escreve. Foi consenso entre os degustadores que três dos vinhos se destacaram na prova: 1991, 1999 e 2002. Não por acaso, algumas das melhores safras experimentadas nos últimos tempos na Serra Gaúcha.

Outro ponto marcante e convergente nas avaliações foi a mudança de estilo verificada a partir da safra 2005. Nota-se uma preocupação maior em buscar uma fruta mais madura, com taninos mais amáveis, uma acidez mais domada. Talvez um desejo em preparar um vinho mais "moderno" ou mais "acessível" ao consumidor pouco experimentado. Uma pena, pois o resultado final é inferior se comparado com as safras anteriores, principalmente dos bons anos, aos rótulos antigos. Sem falar que os vinhos mais atuais estão longe de possuir a mesma capacidade de guarda dos outros, feitos no estilo outrora tradicional da casa.

No final da prova, cada um dos degustadores escolheu os cinco vinhos preferidos. Pela ordem, os eleitos foram:

1º) Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 2002
2º) Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 1991
3º) Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 1999
4º) Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 1995
5º) Dal Pizzol Enoteca Edição Limitada Cabernet Sauvignon 2004
 
Vinhos degustados
Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 1985
Serra Gaúcha, Brasil
Já chama a atenção na cor, que lembra mais a de um gamay do que a de um cabernet-sauvignon. Ainda vivo no nariz, com aromas muito marcados de groselha, e notas de mel. Na boca, a acidez ainda segura as pontas, mas os taninos já desapareceram e resultam em um vinho já nas últimas, e surpreendentemente doce. Injusto dar uma nota - S/N

Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 1991
Serra Gaúcha, Brasil
Para muita gente, 1991 foi a melhor safra da década na Serra Gaúcha. A julgar por este vinho, pelo menos para a cabernet-sauvignon a afirmação faz todo o sentido. Mesmo com 20 anos de estrada, o vinho ainda vive. No nariz, dominam os aromas animais. Na boca, tem médio corpo, taninos ainda presentes, acidez bem marcada, final um pouco curto, com um ligeiro amargor. Embora já em curva descendente, ainda tem mais algum tempo de vida. - Nota: 8

Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 1995
Serra Gaúcha, Brasil
Outro a chamar a atenção pela cor: escura, impenetrável. Aos 16 anos de idade, muito provavelmente este cabernet está melhor agora do que na época em que foi lançado ao mercado. No nariz, os aromas animais sobressaem. Na boca, tem médio corpo, taninos firmes, acidez ainda um pouco acima da curva, final curto com leve amargor. Ainda tem caixa para melhorar um pouco mais na garrafa. - Nota: 7,5

Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 1996
Serra Gaúcha, Brasil
Dos vinhos da década de 1990, este foi, de longe, o mais fraco. Ao contrário do 95, o tempo aqui não fez nada bem ao vinho, já decrépito. Inexpressivo no nariz, desequilibrado na boca, onde sobram acidez e amargor e faltam corpo e taninos. - S/N

Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 1999
Serra Gaúcha, Brasil
Outra safra de muito prestígio na região, este 1999 ainda não chegou à sua melhor forma. Algum tempo de garrafa ainda fará bem a este vinho. Frutado no nariz, com acidez bem marcada na boca, taninos ainda presentes, médio corpo e o mais longo final dos vinhos degustados. - Nota: 7,5/8

Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 2002
Serra Gaúcha, Brasil
O vinho vencedor do painel está em ótima forma. Muito provavelmente não terá a longevidade do 91, do 95 ou mesmo do 99. Mas, no momento, é que está em melhores condições. Nariz fino, com frutas vermelhas e especiarias. Na boca, tem médio corpo, taninos elegantes, bom volume e um final de persistência média e levemente apimentado. - Nota: 8

Dal Pizzol Enoteca Edição Limitada Cabernet Sauvignon 2004
Serra Gaúcha, Brasil
Claramente inferior ao 2002, mas ainda em boas condições. Aromas animais no nariz. Na boca, médio corpo, acidez acentuada, taninos firmes, médio volume e final com pronunciado amargor. - Nota: 7

Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 2005
Serra Gaúcha, Brasil
Em que pese as diferenças que cada uma das safras anteriormente provadas guardavam entre elas, neste caso aqui nota-se claramente uma mudança de estilo no vinho. A impressão que se tem é de que outro norte foi buscado. No lugar da acidez bem marcada, dos taninos selvagens, de um leve amargor, veio outra coisa. No nariz, fruta madura e cassis, sugerindo um vinho cheio de extração, concentração, taninos doces e estrutura. Mas a boca renegou o que o nariz indicava. Sobram álcool e acidez, carece de estrutura, percebe-se uma leve salinidade e, definitivamente, falta equilíbrio ao vinho. - Nota: 5,5

Dal Pizzol Cabernet Sauvignon 2008
Serra Gaúcha, Brasil
Neste último vinho, que está disponível no site da vinícola e em diversas lojas Brasil afora, o que se prometia (mas não foi cumprido) no 2005, finalmente foi conseguido. Mas a um preço alto: uma radical mudança no estilo da Dal Pizzol. No nariz, fruta bem madura. Na boca, menos acidez, um tanino mais macio, um final com um pouco de álcool sobrando. Um vinho mais fácil e mais pronto, talvez, definitivamente mais "moderno". Mas bem menos interessante. - Nota: 7
Comentários
Antonio Carlos Moreira Martins
Enófilo e representante de vinhos e queijos
Rio de Janeiro
RJ
01/08/2011 Nunca provei algo que prestasse (conservação) em termos de vinho nacional em safras anteriores a 2005. Após, inclusive alguns tops não resistem nem aos 4 anos de guarda! Mas as coisas estão melhorando, inclusive conheço um vinho safra 2005 s/ madeira que está perfeito até hoje!
Abilio Cardoso Jr
Dentista e enófilo
Brasília
DF
04/08/2011 Lalas, me surpreendi com o Maximo Boschi Merlot 2000. Até então não acreditava em vinho nacional para guarda. Você o conhece?

Abraço
Abilio Cardoso
Alexandre Lalas
Colunista
Rio de Janeiro
RJ
05/08/2011 Antônio Carlos, de fato os vinhos nacionais estão melhorando.

E Abílio, conheço o Massimo Boschi sim e acho uma vinícola bem interessante, não apenas o merlot é bom. Se vc tiver oportunidade, prove tb o espumante e o chardonnay.

Abraços
EnoEventos - Oscar Daudt - (21)9636-8643 - [email protected]