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 Às vezes, acontecer vários eventos num dia só, no mesmo lugar, ao mesmo tempo, pode dar muito errado. Pode, mas não foi isso que aconteceu no Sofitel, naquela segunda-feira. Eram três: lançamento do livro A Dieta do Chef, de Roland Villard; um animado aniversário; e o jantar harmonizado com os vinhos de François Labet, organizado por Madeleine e Aníbal Patrício. Para desespero do sommelier Jean Pierre, que teve que correr de um lado para o outro, e ainda posar para fotos. Mas experiente como é, deu conta do recado.
Eu fui ao jantar harmonizado com os vinhos de Labet, produtor da Borgonha. É impressionante como certas comidas têm o poder de nos transportar. E quando acompanhadas pelo vinho certo então, a viagem fica ainda mais completa. No "desembarque" nos serviram um Crémant de Bourgogne Brut, com pão de especiarias crocante, queijo de cabra em cima de tudo e creme defumado de abobrinha com carne ao lado, no copinho. A combinação do quente com o frio em pequenas porções funcionou bem.
Depois chegou o Bourgogne Chardonnay Vieilles Vignes Domaine Pierre Labet 2006, servido com salada de lentilhas com azeite de pistache, filé de linguado gratinado com crosta cítrica, que harmonizou perfeitamente com o vinho, quebrando um pouco da untuosidade do chardonnay. A madeira atua apenas como maquiagem. Você pode até percebê-la, mas somente ressaltando o que o vinho tem de melhor. Assim como deve ser um makeup. As lentilhas, que compõem vários pratos dessa região, neste caso não foram apenas coadjuvantes. Elas marcaram presença. A partir daí pudemos reparar que o nosso chef, Roland Villard, estava extremamente inspirado e feliz.
Dali, avançamos para o Beaune Clos du Dessus des Marconnets Domaine Pierre Labet 2006, servido com codorna em sarcófago de batata com cogumelos. Quando avistei esse prato de longe, imaginei que fosse cogumelo portobello, aquele grande, recheado com a codorna, e a batata não sei onde o chef colocara. Mas o homem não estava em um dia qualquer. Para minha surpresa e satisfação, eram batatas, e com casca! Eba! Recheadas com a codorna e os cogumelos ficando ao lado. Foi um mergulho na terra. O vinho manteve nossa boca fresca, combinando bem com a comida.
Como sempre, terminamos com uma carne. O prato principal era um tournedos de boi sob uma torta de Boeuf Bourguignon, acompanhada de tomate recheado com arroz e legumes. Mais uma surpresa. Até porque, o boeuf bourguignon vinha numa trouxinha de flaky pastry, uma espécie de massa folhada. Quando a gente quebrava a massa, o molho derramava em cima da carne. Com o prato, foi servido o Beaune 1er Cru Coucherias Domaine Pierre Labet 2006. Um vinho a altura do prato! Rolland soube converter ingredientes do dia-a-dia, comuns à mesa do morador da Borgonha, em alta gastronomia. Bem como fez com o seu livro, quando transformou o suplício da dieta, em algo de dar água na boca. Com aquelas receitas, até dá vontade de perder uns quilinhos…
A viagem seguiu com a sobremesa, um mil folhas de peras cozidas no vinho e caramelo de cassis. Acompanhou o prato, o Porto Heritage Warre`s. A massa estava crocante, como deve ser. Mas, acho que estou um pouco cansada de peras cozidas…
A esta altura, nossa viagem chegara até a Noruega! Danusia Barbara nos explicava a origem do nosso amado bacalhau, tema de um livro que está finalizando. Passeamos também pelas obras do artista norueguês Gustav Vigeland. Como chegamos até lá? Pois é, a comida e o vinho têm o poder de nos transportar.
Serviço: Le Pré-Catelan Av Atlântica 4.240, nível E Hotel Sofitel Rio Palace Copacabana - Rio de Janeiro 2525-1232
Vinhos de François Labet Decanter Rua Voluntários da Pátria 448, box 2, pavilhão A Cobal do Humaitá Humaitá - Rio de Janeiro 2286-8838 |
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